A devoção dos brasileiros a Nossa Senhora de Częstochowa, a Padroeira da Polônia
Andressa Collet - Vatican News
Uma das mais antigas imagens da Mãe Deus está pintada num quadro milagroso que está sendo conservado hoje no Santuário de Jasna Gòra (Monte Claro), na Polônia. A tradição conta que a pintura teria sido feita por São Lucas – quando Maria ainda estava viva – na madeira de uma mesa, feita por São José, em Jerusalém. O quadro é conhecido também como Virgem Negra (mede 112x82 cm).
Quadros com a imagem sagrada, envolvida por essa história complexa, foram levadas ao Brasil por imigrantes poloneses que criaram comunidades de fé em diferentes partes do país. As famílias de descendentes construíram igrejas e capelas dedicadas a Nossa Senhora do Monte Claro, coroada Rainha da Polônia em 1925, pelo Papa Pio XI.
A devoção mariana em São Mateus do Sul
No sul do Paraná, na cidade de São Mateus do Sul, distante 140 Km de Curitiba, o quadro de Nossa Senhora do Monte Claro é venerado por uma grande comunidade de descendentes de poloneses, entre eles, José Carlos Janowski que, neste dia 26 de agosto, em honra à Virgem da Polônia, também comemora 72 anos de idade. A data, de celebração dupla, é marcada por uma história de fé na família católica, que nasceu com os avós, Walentim e Maria Janoswki, que vieram da cidade polonesa de Kalicz.
José Carlos, produtor aposentado de erva-mate, já esteve na Polônia, é presidente da Fundação Cultural da cidade e conduz novenas em polonês e também um programa de rádio local dedicado às Tradições Polonesas (Tradycje Polskie). Desde 1993, ele também participa anualmente de peregrinações, com carreatas, que reúnem cerca de 15 mil pessoas, mas, devido à pandemia, neste ano foi cancelada:
“A gente visita quatro paróquias: em cada paróquia tem uma média de 20 capelas. O pessoal constrói tapetes, faz faixas, tem cavalgada, motoqueiros, carroças tipicamente enfeitadas para essa grande procissão que é feita aqui em São Mateus do Sul. Assim, pensando para que essa fé se espalhe mais, assim fizemos essas peregrinações para que o povo sinta de perto a força de Nossa Senhora de Częstochowa, que salvou a Polônia de tantas guerras e tantas invasões. E, se você for lá na Polônia, no Santuário de Częstochowa, vai ver que o santuário é o céu na terra.”
As peregrinações anteriores seguiam o percurso entre a Paróquia Nossa Senhora Aparecida e Częstochowa, onde neste sábado (29) será realizada uma missa em língua polonesa, até a Igreja Centenária da Água Branca. Para manter viva a memória católica da colônia de poloneses, o espaço, que conserva desde 1992 um quadro de Nossa Senhora do Monte Claro, foi tombado pelo Patrimônio Histórico Estadual e pelo Patrimônio Arquitetônico-Cultural Municipal: "esse quadro que veio de Nossa Senhora de Częstochowa chegou aqui em meados de 1891 pela família de Francisco Toporowicz. É um quadro de três dimensões, só tem 24 desses no mundo”.
Áurea: a capital polonesa do Brasil
A devoção também mobiliza uma comunidade inteira do interior do Rio Grande do Sul. Em Áurea, considerada a capital polonesa dos brasileiros, a Paróquia Nossa Senhora do Monte Claro convida as famílias, os representantes do comércio e também de instituições públicas a criar pequenos altares com a imagem da Virgem Negra, flores e as cores da Polônia, nas portas e janelas das casas durante todo dia 26 de agosto. Ao final do dia, às 18h, será celebrada uma missa em honra à padroeira do município.
A cidade, como explica Charleu Luis Nazzari, presidente do conselho da paróquia, que congrega os municípios de Áurea, Centenário e uma parte de Gaurama e de Viadutos, tem 93% da população formada por descendentes poloneses que chegaram no local por volta de 1906:
“A cultura, na sua quase totalidade, está vinculada aos poloneses. Aqui temos a Festa Nacional da Czarnina, que consiste em um jantar onde a culinária toda confeccionada com cardápio típico polonês, onde o prato principal é a sopa da czarnina. Logo após o jantar, é apresentado um espetáculo de danças e cantos poloneses com o Grupo Folclórico Polonês Auresovia, grupo em 2020 está completando 90 anos, fundado em 1930 pelas Irmãs da Sagrada Família para que os jovens vindos da Polônia não perdessem a cultura do seu país de origem.”
A assistente social e também professora de língua polonesa, Miriam Aparecida Banaszewska, que tem um filho de 8 anos e grávida de 6 meses, também é devota a Częstochowa:
“Sou ligada a ela pela devoção passada por minha família, porque havia a visita da Capelinha de Nossa Senhora do Monte Claro todos os meses e, assim, continua sendo. Sempre rezávamos o terço em polonês e sempre com aquela devoção a Nossa Senhora do Monte Claro. Aqui também, em nossa comunidade paroquial, temos a Igreja Nossa Senhora do Monte Claro onde fiz todos os meus Sacramentos, onde aprendemos essa devoção em comunidade, principalmente nas intempéries do tempo."
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