Dom Cabrera: a posição religiosa é inseparável da justiça aos pobres
Vatican News
“Que podemos fazer para frear e, quem sabe, eliminar a corrupção?” Foi a pergunta base da intervenção do arcebispo de Guayaquil e vice-presidente da Conferência Episcopal Equatoriana, dom Luis Cabrera Herrera, ao intervir na quinta-feira, 30 de julho, numa conferência virtual sobre o tema “A Igreja diante da corrupção”, organizada pela SIGNIS – América Latina e Caribe e a Comissão Equatoriana Justiça e Paz, entre outros.
Como premissa, o prelado afirmou que a corrupção desperta reações de dor, indignação e impotência, particularmente, em situações como a atual, atingidas pela gravidade das consequências sanitárias e econômicas da pandemia da Covid-19, em nível regional e global.
A corrupção condena as pessoas a uma morte lenta
“Eticamente, a corrupção é um crime porque suas consequências afetam muitas pessoas: elas são privadas de saúde, educação e trabalho, condenando-as a uma morte lenta” explicou dom Cabrera.
Para o arcebispo equatoriano, no mundo de hoje foi instaurada uma ética e espiritualidade subjetiva e individualista: “tudo é bom se ajuda a sentir-se bem, independentemente dos meios para alcançá-lo”.
Entretanto, alerta, a ética não se reduz apenas ao indivíduo, ao que ele pensa, sente, deseja ou quer na vida, mas tem a ver com as pessoas, com a natureza e, para os crentes, com Deus. “A ética se preocupa com o bem-estar de todas as pessoas, particularmente as mais vulneráveis”, frisou o prelado.
Igreja e cristãos chamados a levantar uma voz profética
Referindo-se especificamente ao exercício da ética, dom Cabrera lamentou que muitos cristãos não consigam integrar valores éticos e espirituais na vida familiar, social, política e econômica.
“Esta separação explicaria porque muitas pessoas que se dizem cristãs e até vão ao templo para louvar, abençoar e suplicar a Deus, na vida pública, agem de forma contrária a seus princípios éticos e espirituais.”
Neste sentido, o Arcebispo de Guayaquil reiterou que a Igreja e os cristãos são chamados a “sempre e em todo lugar levantar uma voz profética”, o que implica uma atitude de anúncio e denúncia:
Posição religiosa inseparável da justiça para com os pobres
“O anúncio está centrado em valores, como amor, verdade, justiça, honestidade, bondade, liberdade, igualdade e paz. Por outro lado, a denúncia mostra os anti-valores, como injustiças, corrupção, violência, discriminação, engano, indicando suas causas, dinâmicas e consequências.”
Além disso, o prelado insistiu que “a posição religiosa é inseparável da justiça para com os pobres”, é um compromisso radical de combate à corrupção, contra o abuso de poder e a opressão dos pobres, como ensinam os profetas.
Figuras de São Oscar Romero e dom Leonidas Proaño
E neste contexto, o arcebispo equatoriano recordou figuras como São Oscar Romero, “que morreu vítima da repressão do poder político e militar”, e dom Leonidas Proaño, “que defendeu o direito dos povos indígenas a uma vida digna, livre de toda e qualquer forma de opressão”.
O evento tinha previsto a presença do arcebispo de Mérida, na Venezuela, e administrador apostólico da Arquidiocese de Caracas, cardeal Baltazar Enrique Porras Cardozo, que não pôde intervir por causa de um corte de energia.
O ciclo de “Conversatórios para construir o futuro, em meio à pandemia” é uma iniciativa levada adiante pela Associação Católica Mundial de Comunicação - SIGNIS ALC (América Latina e Caribe, ndr) e outras instituições, com o objetivo de oferecer alternativas possíveis para construir uma sociedade de justiça e dignidade na pós-pandemia.
Vatican News Service – ATD/RL
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