Cardeal Baltazar Porras: "A dissensão nunca pode ser um crime"
Vatican News
O cardeal Baltazar Porras, arcebispo de Mérida, na Venezuela, expressou sua satisfação pela libertação de mais de 100 presos políticos, mas pediu a libertação dos que ainda estão presos.
“Se há algo difícil de justificar, no mundo de hoje, que se diz democrático, é a existência de presos políticos, uma vez que a dissensão e a divergência de opinião não são e jamais podem ser consideradas como crime”: foi o que afirmou o cardeal Baltazar Porras, arcebispo de Mérida e Administrador da arquidiocese de Caracas, em entrevista à Rádio Unión, sobre o indulto, decretado em 31 de agosto, em benefício de 110 pessoas, como também pela medida de libertação prévia, concedida pelo governo ao deputado Juan Requesens.
O cardeal venezuelano expressou sua satisfação por este gesto, visto que “o humanitarismo deve estar acima de tudo na vida e em torno da família (...); o sentido da dignidade da vida e da pessoa humana deve estar ao centro de tudo”. Interpelado sobre as polêmicas e as discussões sobre as questões jurídicas ou políticas, que levaram à libertação dos presos, o cardeal afirmou que se trata de uma medida de forte caráter humanitário, porém "não há dúvida de que ninguém dá nada de graça"; trata-se de “uma ação política”, mas devemos “seguir em frente” e pensar no bem da sociedade venezuelana. “Se o regime agiu assim, - acrescentou – deve dar também outros passos para restaurar a ordem social e econômica, a participação, a liberdade”.
Ao repudiar as "lamentáveis condições", em que se encontrava o deputado Requesens, o cardeal Baltazar disse que "este gesto deveria ter sido feito antes"; a propósito, recordou ainda que uma série de pessoas, do mundo militar e civil, ainda está encarcerada. “Deus queira que possamos assistir a libertação desses prisioneiros, que, sem dúvida, tocam o fundo dos nossos corações”.
Entre os muitos temas abordados, na longa entrevista, o cardeal de Mérida ressaltou: “A Igreja sempre insistiu na necessidade do diálogo, sem insultos ou discussões estéreis nas redes sociais. Uma pessoa não fala com quem quer, mas com quem provoca ou com quem é obrigado a falar”. Em momentos como este, - afirmou - a discussão não pode ser secundária, mas deve ir ao essencial: o bem-estar coletivo, que tem que aumentar e estar acima de qualquer desigualdade. Isso leva a esclarecer a profunda crise que estamos vivendo, que tem como principal responsável o próprio regime”.
Vatican News Service - ATD
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