As Ilhas Salomão e as mudanças climáticas: testemunho do bispo
Benedetta Capelli – Vatican News
Em 2016 cinco atóis desabitados das Ilhas Salomão, no sul do Oceano Pacífico, desaparecem devido à elevação do nível do mar causado pelo aumento da temperatura da Terra. Aqui as consequências dos males infligidos pelo homem sobre a Terra são concretas e visíveis. E levam à mensagem do Papa por ocasião do Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação. Há mais de 20 anos os Salesianos têm trabalhando nestas ilhas, construindo escolas e igrejas, ajudando a melhorar a condição de vida de muitas famílias.
Ao serviço da população
Desde 2007, dom Luciano Capelli é o bispo da diocese de Gizo depois de 35 anos como missionário nas Filipinas. Foi enviado às Ilhas Salomão após um terremoto devastador. Muitos o conhecem como "o bispo voador" porque tem um pequeno ultraleve que ele mesmo dirige e com o qual alcança os mais isolados, fornecendo alimentos e remédios. Sua diocese é formada por cerca de 40 ilhas, com uma população total de 120 mil habitantes, 15% dos quais são católicos. Recentemente em Nusabaruku, uma área de vilarejos de pescadores, foi inaugurada uma escola fundamental para crianças que têm dificuldade de chegar à cidade de Gizo de barco todos os dias. Este ano, as escolas salesianas ajudarão 205 crianças em sua educação.
Ao lado dos pobres
"Estamos expostos às consequências das mudanças climáticas - conta dom Capelli – na nossa região chegam muitos migrantes que vivem em condições precárias porque faltam serviços básicos". O bispo explica que há muitas ameaças: desde a escassez de peixes devido à falta de corais vivos por perto; o alto custo de vida, as enchentes que fazem muitas pessoas se deslocarem para terras que não lhes pertencem por causa do medo de terremotos e tsunamis. "O Papa nos convida a mudar de rota, nos exorta a uma maior justiça e aqui - explica o prelado - vemos como isto nos toca de perto. Há pessoas que possuem muita terra e pessoas que vivem em barracos em ilhas formadas por corais mortos ou em palafitas nos mangues onde respiram o tempo todo mau cheiro".
A devastação das florestas tropicais
"Aqui se vê a injustiça", relata o bispo de Gizo, "pela falta de um lugar para viver com dignidade". Há falta de escolas, banheiros e instalações sanitárias para cerca de 150 famílias". O que preocupa é "constatar que nenhum dos poderosos parece ver", ou seja, a presença de algumas multinacionais "que, não podendo cortar madeira em seus países, vêm aqui e devastam nossas florestas, nossos pulmões". Este último aspecto é o que o Papa Francisco destacou no vídeo de intenções para as orações em setembro, dedicado ao Tempo da Criação: um mês de reflexão que começou dia 1º de setembro e em programa até 4 de outubro, festa de São Francisco de Assis.
Dom Luciano Capelli relata que é a Igreja que compensa tantas deficiências, ele espera continuar por muito tempo a servir este povo espiritual e materialmente, envolvendo cada vez mais os leigos. "No momento - ele conclui - estamos livres da pandemia, mas nossos vizinhos em Papua-Nova Guiné registraram casos, não escondo o fato de que estamos preocupados".
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