Consistório. Frei Gambetti: proximidade e coração límpido
Fabio Colagrande – Vatican News
Frei Mauro Gambetti foi consagrado bispo pelo Cardeal Agostino Vallini, Legado pontifício para as Basílicas Papais em 22 de novembro em Assis, na Basílica Superior de São Francisco. Sua ordenação episcopal é uma consequência da escolha do Papa Francisco de incluí-lo entre os treze cardeais que serão criados no Consistório no próximo sábado dia 28. O frade pertence à Ordem dos Frades Menores Conventuais, e de 22 de fevereiro de 2013 até 31 de outubro de 2020, foi Guardião-Geral do Sagrado Convento de São Francisco em Assis. Após sua ordenação, chamou este momento de sua vida de "um mergulho em mar aberto". Foi a partir daqui que iniciou a nossa entrevista.
Entrevista
Frei Mauro Gambetti: Estava tentando juntar imagens e sensações que estou vivendo neste momento... O mergulho simboliza um pouco a separação, o distanciamento, a partida, com respeito à vida religiosa, à vida comunitária, à minha fraternidade. Por outro lado, mergulhar também significa sentir de maneira sempre mais forte esta imersão no serviço à Igreja universal, portanto em mar aberto que simboliza a universalidade e a catolicidade da nossa Igreja.
Desde 1861, um Frade Menor Conventual não recebia a púrpura. O senhor a receberá do primeiro Papa que escolheu o nome de Francisco. Como sente esta responsabilidade?
Frei Mauro Gambetti: Acho esta combinação cheia de significados: devo admitir que um franciscano que recebe o título de cardeal de um pontífice chamado Francisco é realmente um fato singular. Certamente sinto a responsabilidade... Durante a cerimônia de ordenação episcopal escutei atentamente as palavras da Bula do Pontífice e a responsabilidade que sinto é a de ser um conselheiro sábio com o coração profundamente imerso no amor de Deus. De fato, acredito que seja fundamental para os que recebem este mandato manter sempre o coração aberto à graça, mantê-lo límpido, transparente, puro, para que possam realmente realizar um serviço como o Papa e a Igreja esperam.
Padre Jorge, seu coirmão, dedicou-lhe um poema na sua ordenação episcopal, no qual escreveu: "não saudamos um príncipe da Igreja, saudamos um irmão, um trabalhador obstinado do Reino de Deus". O senhor se reconhece nestes versos?
Frei Mauro Gambetti: Bem, sim. Devo dizer que com estas palavras soube fotografar o que seria o meu estilo. Cresci assim em família. Devo dizer que é um comportamento que vem da educação e do exemplo que recebi de meus pais, mas também de muitas pessoas. Aprendi a dedicação constante, mesmo com sacrifício, ao que me é pedido, tanto no trabalho como no serviço na Igreja. Talvez os príncipes também tivessem esta dedicação, mas é claro que hoje em dia é mais imediato entender o significado do barrete cardinalício sob este ponto de vista, ou seja, com uma abordagem mais simples para os dias de hoje.
Portanto, a humanidade assustada com esta pandemia precisa de trabalhadores da vinha do Senhor, capazes de estar perto do povo...
Frei Mauro Gambetti: Quase paradoxalmente, acho que o tempo da pandemia mostre ainda mais o quanto precisamos de proximidade. Creio que hoje esta seja uma das chaves para a interpretação do ministério episcopal: buscar na humanidade estar o mais próximo possível dos outros. A situação sanitária nos condiciona, não somos absolutamente livres. Mas ainda temos muitas maneiras de expressar, de traduzir, esta proximidade com os outros. Acredito que temos que expressar este "sentir-se unidos", sentir-se parte da mesma história que é a da humanidade.
O senhor é engenheiro mecânico: o senhor acha que isso pode lhe ajudar em seu ministério episcopal e em seu serviço como cardeal?
Frei Mauro Gambetti: Eu acho que sim! Agora veremos o que me será pedido... Mas devo dizer que esta formação sempre me ajudou como religioso. Os estudos em engenharia e alguma experiência de trabalho no setor me marcaram positivamente na forma como me aproximo da realidade e dos problemas. Na engenharia as pessoas tornam-se bastante esquemáticas e racionais na maneira de abordar as coisas e tentam sempre chegar à síntese, às soluções. Creio que isso seja útil para a tarefa que me será atribuída.
O que o senhor gostaria de dizer à família franciscana que se alegra em ver um irmão recebendo a dignidade cardinalícia.
Frei Mauro Gambetti: A alegria deles é a minha alegria. Quando sinto a felicidade ao meu redor ela me contagia e gostaria de dizer-lhes para continuarem com essa alegria que faz bem para o coração de todos.
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