Reflexão para o XXXIII Domingo do Tempo Comum
Padre César Agusuto, SJ - Vatican News
Nossa Liturgia da Palavra começa com o elogio à mulher providente e previdente, tirado do Livro dos Provérbios 31,10-13.19-20.30-31, onde é destacada a ação laboriosa da esposa, dona de casa, patroa, mãe de família, mas também assistente social. Com ela ninguém passa necessidades e nem vergonha. Suas mãos, além de laboriosas, são distribuidoras das graças de Deus. Estar casado com ela é uma bênção sem igual!
Ela não é madame, não se preocupa com sua beleza e nem com joias e vestidos caros, com seu descanso, não vive passando creme nas mãos, mas as usa em favor de todos a ela confiados.
Certamente é a esposa que se entrega por amor, a mãe que tem prazer natural em se abnegar pelos filhos, a patroa que é solícita com seus dependentes e a senhora que também tem olhos para os carentes.
Recordo-me quando nos noventa anos de uma senhora muito querida, seus filhos imprimiram de um lado da recordação da efeméride, o retrato da aniversariante e, do outro, essa perícope do Livro dos Provérbios. Seu filho mais velho fez questão de ler esse trecho e, no final, ele se virou para a mãe e disse: “Essa mulher é você, mamãe!”
Que lindo, que maravilhoso! Será que nos encaixamos dentro desse perfil, sejamos mulheres ou homens? Somos só alegria para aqueles que convivem conosco?
No Evangelho, extraído de Mateus 25,14-30 temos a conhecida parábola do viajante que entrega aos seus empregados, antes de iniciar a viagem, algumas moedas e depois, ao retornar, pede conta delas e fica aborrecido com aquele que não a colocou em situação de rendimento, chamando-o de empregado mau e preguiçoso. Com aqueles que fizeram com que as moedas se multiplicassem, o patrão os elogia e os cumula com bens maiores. Comparando a ação desses empregados com a da mulher do Livro dos Provérbios, percebemos que ela foi a que desenvolveu ao máximo todos os seus talentos. O rendimento foi incontável, pois ela vivia em situação permanente de economia desenvolvimentista. Diferentemente dos empregados do viajante que tinham em mente o valor das moedas e o interesse multiplicador do patrão, a mulher era todo coração e a ele, ela subordinava todo o relacionamento com a produção e o lucro. Ela era movida pelo coração! Todos os dons que recebera a levavam ao ato de suprir as necessidades das pessoas a ela confiadas, desde o marido até o pedinte que batia à sua porta. Por isso ela rendeu, aliás, sua vida foi um total rendimento e louvor à glória de Deus. Aí está o resultado de sua operosidade. Deus foi louvado por muitos, desde as pessoas ignotas que viam o estilo digno de seu marido, até às pessoas carentes que nela tinham a proteção e o auxílio fraterno. E Deus era louvado!
Lembro-me de uma peça de teatro “Assim na terra como no céu”[1] representada no Teatro do Colégio Anchieta, de Nova Friburgo – RJ, quando se perguntava por que a erva-mate produzida pelos jesuítas era melhor das plantadas pelos colonizadores, se o terreno era o mesmo? A resposta foi porque a dos jesuítas são operadas pelos indígenas que são tratados com amor.
Como não trazer à mente e ao coração os afagos de uma mãe e de um pai em um filho que a vida machucou por qualquer motivo que seja? A presença de uma pessoa muito querida em uma situação de luto ou de grave enfermidade? A perseverança e a persistência da pessoa amada quando a situação é de lágrimas ou de imensa exultação? Aí que fala, quem age é o coração!
A segunda leitura, Iª Tessalonicenses 5, 1-6 no convida e incentiva a estarmos preparados para amar a qualquer hora e a qualquer pessoa. Se os empregados da parábola foram testados na viagem do patrão, a mulher demonstrou o amor durante toda sua vida, a qualquer momento, a qualquer hora e a qualquer pessoa. São Paulo nos fala que não estamos nas treva, e é verdade. Como ele diz somos filhos da luz e filhos do dia, recebemos o Espírito Santo em nosso batismo, Ele, a fonte do Amor! “Portanto, não durmamos, como os outros, mas sejamos vigilantes e sóbrios”! Amemos!
[1] “Assim na Terra como no Céu”, peça de Fritz HOCHWALDER, tradução de Dom Paulo Evaristo Arns, OFM, sobre os julgamento dos padres e irmãos da Companhia de Jesus e o Tratado de Madrid, 1750,estreado no Teatro Universitário de Santo Ângelo, Santo Ângelo – RS, em julho de 1981.
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