Reflexão para o III Domingo do Advento: Deus vem para alegria dos pobres
Pe. César Augusto dos Santos, SJ - Vatican News
Novamente chegamos ao domingo da alegria, quando o sacerdote deixa o paramento roxo e usa o rosa. Toda a liturgia quase que se antecipa aos festejos da chegada do Emanuel, Deus Conosco! É como quando você prepara sua casa para um hóspede muito querido, de repente, você interrompe os preparos para sentar e curtir a visita prometida. Assim é nossa liturgia de hoje!
Já na primeira leitura, extraída de Isaías 61, 1-2.10-11, o profeta se diz ungido para anunciar a boa notícia aos humildes, anunciar a notícia maravilhosa e anunciá-la aos pequenos, não aos sábios e doutores, mas aos humildes! É a redenção, a libertação! Já sentimos em nossos ouvidos os versículos do capítulo 9, 1-6, que serão proclamados como primeira leitura na noite de Natal: “O povo que andava na escuridão viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu.” E já sabemos que os anjos irão anunciar o acontecimento auspicioso do nascimento do Senhor, aos pastores, considerados “gentinha,” desprezados pelos sábios de Sião.” Aqui, neste capítulo, anúncio é da redenção, da missão do Messias. “Deus fará germinar a semente, assim o Senhor Deus fará germinar a justiça e a sua glória diante de todas as nações.” Podemos pensar em nós cristãos, ungidos no batismo e na crisma, nos sacerdotes, ungidos também no dia de sua ordenação, todos somos ungidos para anunciar a alegria, a esperança, a luz e a paz! No dia mais importante de nossa vida, o dia do batismo, quando dissemos sim ao sim de Jesus Cristo, o sacerdote nos entrega a vela acesa no círio pascal e nos diz: “receba a luz de Cristo” e acompanha o recado de mantê-la acesa até o fim. Que é isso, senão a missão de anunciar a luz, a vitória da Vida! O cristão é naturalmente otimista, jamais poderá anunciar desgraças, derrotas. Neste momento de pandemia será bom examinarmos qual nossa atitude, esperançosa ou apocalíptica? Ser otimista e ter pensamentos positivos durante a pandemia, é ser lúcido, crer em Deus, crer na Vida, o que não tira que cumpramos todas as orientações médicas, que sigamos à risca o aconselhamento científico.
Na segunda leitura, a primeira carta aos Tessalonicenses 5, 16-24, o Apóstolo Paulo nos indica o permanente estado de alegria e de ação de graças em qualquer circunstância; nos indica o afastamento de toda e qualquer maldade e que sejamos santificados para a vinda do Senhor. E mais, não precisamos nos esforçar além do necessário porque será o mesmo Senhor que operará tudo em nós. Ele é fiel!
O Evangelho, tirado de João 1,6-8.19-28, fala da luz testemunhada por João Batista. Como a fama de João era muito grande e multidões o procuravam e seguiam-no no deserto, os judeus de Jerusalém enviaram emissários para perguntar quem era ele, se seria o Messias. E ele responde: “Eu sou a voz que grita no deserto”. E o grande Santo Agostinho comenta: “...O Senhor, no princípio era a Palavra (Jo1,1). João era a voz passageira, Cristo, a Palavra eterna desde o princípio. Suprimi a palavra, o que se torna a voz? Esvaziada de sentido, é apenas um ruído. A voz sem palavras ressoa ao ouvido, mas não alimenta o coração.” (Sermão 293) A voz leva a palavra. Para nós, cristãos do século XXI, escutamos muitas vozes que nos trazem muito ruído, com fascínio e terror, mas apenas uma voz nos traz a paz, a segurança, a vida, a Palavra. É a voz da Igreja, de seus legítimos profetas, que nos trazem CRISTO, a Palavra do Pai. Essa palavra nos acalma, nos dá segurança, esperança e provoca em nós gestos de caridade, de amor.
O Espírito do Senhor está sobre nós, nos ungiu para levarmos luz, esperança, vida, para levarmos a Palavra que salva, ilumina, aquece e liberta!
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