Chile, violência: dom Vargas, não endurecer nossos corações com ódio
Vatican News
“Milhares de anos de evolução, porém o pecado maior permanece: o de se sentir no direito de por fim à vida de outro ser humano. Esta será sempre a base de uma grande violência, que só pode levar a novos e graves males.” É o que afirma o bispo de Temuco, no Chile, dom Héctor Vargas, numa declaração divulgada no último dia 9, e publicada no site do Episcopado, após os últimos episódios de violência na Região da Araucanía.
“Nestes dias a nossa região, profundamente afetada pela pandemia, pela pobreza e falta de oportunidades, pela polarização, pelo não cumprimento das promessas feitas ao povo mapuche e pelo sentimento de abandono com a ausência do Estado, foi abalada por novos atos de violência muito grave que estão sendo investigados, que se somam aos que no mundo rural perderam a vida, foram feridos ou tiveram seus direitos violados, com ações indiscriminadas independentemente da idade, gênero, raça ou condição social”, escreve o prelado.
O bispo explica como esta violência, na Araucanía, tem origem não só em ações criminosas, mas também em profundas injustiças, conflitos políticos, ideológicos, sociais e econômicos de longa data, que as instituições não foram capazes de avaliar ao longo do tempo, nem de resolver.
Todavia, conforme lembrado pelo Papa Francisco, sublinha o prelado, “somente a fraternidade gera paz social, porque cria um equilíbrio entre liberdade e justiça, entre responsabilidade pessoal e solidariedade, entre o bem dos indivíduos e o bem comum”. Portanto, a obrigação da comunidade política é promovê-la com transparência e responsabilidade. Consciente da dor das vítimas de ontem e de hoje, o bispo convida a não endurecer o coração com ódio, ressentimento ou vingança e esperar com paciência o conforto de Deus e sua justiça.
Dom Vargas lembra o “Küme Mongen”, o bem viver do povo mapuche, baseado no equilíbrio “consigo mesmo, com os outros, com as forças espirituais e com a criação”. “Um desejo profundo”, como disse o Papa em Maquehue, “que não nasce apenas do nosso coração, mas ressoa como um grito”.
“A história ensina que a violência nunca será o melhor caminho para uma autêntica transformação, para a justiça e uma convivência social saudável”, observa o prelado, “muito menos se for irracional, indiscriminada e perpetrada contra os inocentes”. Somente “aceitando o grande princípio dos direitos que surgem da posse da dignidade humana inalienável será possível aceitar o desafio de sonhar e pensar em outra política, outra humanidade, outra Araucanía”, conclui o bispo.
Vatican News Service - AP/MJ
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui