Frei Francesco Patton: presépio, uma peregrinação especial
Vatican News
Ela deu à luz o seu filho primogênito, envolveu-o em faixas e o colocou em uma manjedoura. Lc 2:7
E todos os povos da terra vieram adorar o menino
Conduzidos por Fr. Francesco Patton, Custódio da Terra Santa, propomos uma peregrinação especial junto aos personagens testemunhas do nascimento de Jesus. Nossos guias serão os textos bíblicos, os dados históricos e a origem da tradição de seculos.
“O Sinal Admirável do Presépio, muito amado pelo povo cristão, não cessa de suscitar maravilha e enlevo. Representar o acontecimento da natividade de Jesus é equivalente a anunciar, com simplicidade e alegria, o mistério da encarnação do Filho de Deus. De fato, o Presépio é como um Evangelho vivo que transvaza das páginas da Sagrada Escritura”. Estas são as palavras do Papa Francisco na Carta Apostólica Admirabile Signum - Sobre o significado e o valor do presépio.
FR.FRANCESCO PATTON, ofm - Custódio da Terra Santa
A palavra presépio é uma palavra Latina, significa simplesmente manjedoura e, portanto, como conta o evangelista Lucas, indica a manjedoura em que Maria após dar à luz a Jesus, envolvendo-o em faixas, o colocou. Portanto, é da Manjedoura que tomou o seu significado.
A primeira evidência histórica do presépio data do III-IV século, no entanto, o primeiro presépio no sentido moderno, é comumente buscado naquele encenado por São Francisco de Assis na noite de Natal de 1223, na pequena cidade de Greccio, na Itália.
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A originalidade de São Francisco foi a de ter feito um presépio vivo, de forma que, daquela celebração, todas as pessoas pudessem participar. Tomás de Celano, que foi o primeiro biógrafo, diz que Greccio parecia ter se tornado outra Belém. Assim, toda a cena do nascimento de Jesus em Belém é recriada naquela pequena cidade do vale de Rieti, no Lazzio.São Francisco pede uma permissão especial para poderreviver a cena . Para poder ver com os próprios olhos aquela cena que vira alguns anos antes, quando esteve como peregrino aqui na Terra Santa. Poder celebrar a Eucaristia no altar próximo a manjedoura, o que ajudava também os cristãos da época a compreender o mistério da encarnação, e como Jesus se fez pequeno na encarnação e como continua fazendo-se pequeno na Eucaristia, para doar-se a nós.
Nos Evangelhos de São Lucas e São Mateus, encontramos os primeiros personagens.
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Os personagens principais são Maria, a mãe de Jesus, José, o pai de Jesus, aquele que o insere à linhagem de Davi e, o menino Jesus, o personagem central. Mas na história de Lucas também encontramos outros personagens, como por exemplo, os pastores e os anjos; é o Evangelista Lucas que nos conta que quando Jesus nasce e é colocado na manjedoura, digamos mais ou menos simultaneamente, não muito longe de Belém, no lugar que conhecemos muito bem como Beit Sahour, o campo dos pastores, um anjo aparece aos pastores que tomavam conta de um rebanho e diz: “Eu vos anuncio uma grande alegria: hoje na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador...” - e o anjo também acrescenta: “E isto vos servirá de sinal; encontrareis o menino envolto em faixas e deitado numa manjedoura.
E depois a outra cena em que aparecem os coros dos Anjos e aquela em que os anjos começam a cantar: Glória a Deus nas alturas do céu e paz na terra aos homens que ama; ou aos homens de boa vontade, dependendo de como a palavra usada pelo Evangelista Lucas é traduzida. E então esses são alguns dos personagens que encontramos e esses personagens se movem, podemos dizer idealmente do campo dos pastores, chegando a Belém, ao lugar onde Maria deu à luz o menino Jesus. Será o Protoevangelho de Tiago, um evangelho apócrifo a nos dizer que Jesus nasceu em uma gruta e será a tradição a nos lembrar que ele nasceu em uma gruta, e não apenas a nos dizer e lembrar, mas nos apontar em qual gruta: a gruta que veneramos como a Gruta da Natividade .
O Evangelista Lucas acrescenta um detalhe, que outras pessoas também se alegram com este nascimento e já imaginamos a cena do presépio, ambientada no dia de Natal, e vemos todos esses personagens chegando em direção à gruta de Jesus.
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Numa das representações, talvez a mais famosa, a do presépio napolitano, todo tipo de profissões, pessoas, personagens entram e vão em direção ao menino Jesus. Isto não é um delírio; é uma verdade profunda, uma interpretação, uma atualização: depois de ouvir o anúncio dos pastores, todos nós, independentemente do trabalho que realizamos, somos convidados a ir à gruta, à manjedoura, e a adorar o menino Jesus que nasce para nós como Salvador e nos traz essa grande alegria, essa paz que só Deus pode nos trazer.
Um outro evangelho muito importante é o de Mateus, que acrescenta outros personagens. Os personagens que Mateus acrescenta são os Magos. Mas o Evangelista Mateus não fala de uma gruta, e sim de uma casa. Mateus nos conta que a estrela ia à frente deles até parar sobre o lugar e então eles experimentam essa grande alegria. Ao entrar na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Ajoelharam-se diante dele e o adoraram. Depois, ofereceram-lhe os presentes com alto valor simbólico: ouro, incenso e mirra. A tradição adicionou outros detalhes: na Idade Média, os Magos tornaram-se Reis Magos; o conteúdo foi tirado de um Salmo que fala dos Reis de Sabá e das ilhas que virão trazendo presentes; desta forma, a tradição medieval transformou esses sábios, sacerdotes do culto de Zoroastro, em Reis; e também a representação muda por exemplo, a cor da pele, que os torna um com a pele branca, outro com características asiáticas e outro com características africanas, para expressar que todos os povos da terra vieram adorar o menino Jesus.
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Também outros elementos foram adicionados ao presépio: como por exemplo os animais; o asno e o boi, que são integrados a partir de uma profecia de Isaías, e depois serão reinterpretados na época Patrística, como dois personagens que representam o povo de Israel e os povos pagãos, para dizer mais uma vez, toda a humanidade é chamada a acolher o menino Jesus.
Na verdade, o presépio nasce da junção destes vários elementos e, portanto, o presépio, não só representa a cena do Natal em 25 de dezembro, mas retrata a cena da Epifania, que celebramos em 6 de janeiro e, portanto, retrata todo o mistério da encarnação e torna-o visível de uma forma simples e compreensível até para uma criança, e então poderíamos dizer, transforma o Evangelho em algo visível, também capaz de suscitar participação, emoção, alegria, para todos nós.
FR.FRANCESCO PATTON, ofm - Custódio da Terra Santa
Existem muitos pequenos sinais que nos levam a realidade da encarnação; não seguimos fantasias, contos de fadas quando falamos de Jesus, mas seguimos uma história que nos leva a contemplar a concretude do mistério da encarnação, do deus invisível e infinito que se torna visível e se manifesta na figura de um menino:
Hoje o meu desejo é que o menino Jesus possa entrar em nossas casas, como disse o Papa Francisco durante uma de suas mensagens de Natal, desejo que Jesus possa ser colocado este ano não em qualquer manjedoura, mas dentro da manjedoura da família, dentro da manjedoura que está no coração de cada um de nós, porque essa é a maneira mais autêntica de celebrar o Natal.
Fonte: Christian Media Center - Português
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