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Igrejas apelam a Biden para suspender sanções contra a Síria

Em carta-apelo endereçada a Joe Biden, líderes das Igrejas no Oriente Médio alertam que a inteira região está “à beira não só da fome, mas de inanição, de acordo com o Programa Mundial de Alimentos (PMA)”, enfatizando que as sanções unilaterais impostas pelos Estados Unidos agravaram a situação econômica do povo sírio.

Vatican News

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Os líderes das Igrejas do Oriente Médio renovaram seu apelo urgente ao governo dos EUA para suspender as sanções econômicas impostas à Síria, antecipando um desastre humanitário sem precedentes no país dilacerado pela guerra, que está lutando com o agravamento da crise econômica em meio à pandemia de Covid-19.

Em junho do ano passado, o governo dos EUA havia imposto novas sanções econômicas com o objetivo de impedir atividades econômicas estrangeiras com o governo do presidente sírio, Bashar al-Assad. Como as sanções anteriores, as medidas buscam obrigar o regime a interromper seus ataques a civis e aceitar uma transição política pacífica. No entanto, um relatório recente da ONU aponta o impacto negativo das sanções sobre os cidadãos sírios comuns, tornando sua situação ainda mais desesperadora.

De acordo com o relatório apresentado pelo Relator Especial das Nações Unidas sobre Medidas Coercitivas Unilaterais em dezembro, “a violência e o conflito afetaram terrivelmente a capacidade do povo sírio de gozar de seus direitos básicos, destruindo maciçamente casas, unidades médicas e outras instalações. O amplo escopo do Código Penal dos Estados Unidos, que entrou em vigor em junho passado, mira qualquer estrangeiro que ajude no processo de reconstrução, ou mesmo funcionários de empresas estrangeiras e agências humanitárias que ajudem a reconstruir a Síria”, observa o relator, expressando preocupação de que as sanções agravem a já terrível situação humanitária na Síria, expondo o povo sírio a riscos de graves violações dos direitos humanos.

Essas preocupações são compartilhadas por líderes das Igrejas no Oriente Médio, que escreveram uma carta ao novo presidente dos EUA, Joe Biden, instando-o a acabar essas novas restrições, à luz do relatório da ONU.

A carta é assinada, entre outros, pelo Patriarca siríaco-católico Inácio III Younan, Patriarca greco-católico Melquita Youssef Absi, Patriarca siríaco-ortodoxo Inácio Ephrem II, bem como pelo secretário geral do Conselho de Igrejas do Oriente Médio (MECC), Dr. Michel Abs, além de muitos outros líderes das Igrejas do Oriente Médio.

Afirmando que a inteira região está “à beira não só da fome, mas de inanição, de acordo com o Programa Mundial de Alimentos (PMA)”, e que “milhões de sírios duramente pressionados vão para a cama com fome e frio”, a carta enfatiza que as sanções unilaterais impostas pelos Estados Unidos agravaram a situação econômica do povo sírio.

Os líderes das Igrejas, portanto, apelam ao presidente Biden para ajudar a aliviar a crise humanitária no país - que ameaça toda a região e o mundo com uma nova onda de instabilidade - implementando a recomendação do Relator Especial da ONU. “Acreditamos que os legítimos interesses nacionais dos Estados Unidos podem ser perseguidos sem punir coletivamente o povo sírio por meio de sanções econômicas”, conclui a carta.

Quase 400.000 sírios morreram e mais de 11 milhões foram deslocados desde o levante contra o presidente Assad que começou em 2011 na cidade de Homs. Um número significativo fugiu para o vizinho Líbano, que também enfrenta uma profunda crise econômica e política exacerbada pela pandemia de COVID-19 e, em agosto de 2020, pela devastadora explosão no porto de Beirute. As forças governamentais recuperaram o controle da maior parte do país com a ajuda da Rússia e de milicianos apoiados pelo Irã. No entanto, rebeldes apoiados pela Turquia ainda detêm áreas no noroeste e combatentes curdos em parte do nordeste.

Vatican News Service - LZ

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24 janeiro 2021, 07:00