Falece de Covid bispo francês que guiou renascimento da Igreja no Camboja
Vatican News
Faleceu na França em 26 de fevereiro, o bispo e missionário francês Yves Ramousse, Vigário Apostólico de Phnom Penh de 1962 a 1976, e mais tarde de 1992 a 2001. O prelado de 93 anos morreu devido a complicações da Covid-19.
Membro da Sociedade das Missões Estrangeiras de Paris (MEP), entrou para a história pela ação pastoral e missionária no Camboja na segunda metade do século XX e também na fase seguinte à época da "nova Kampuchea democrática", a era do Khmer vermelho.
A partir de 1975, quando chegaram ao poder, todas as expressões religiosas foram proibidas. Os estrangeiros foram expulsos, incluindo padres e religiosos católicos, e teve início uma onda de violência e repressão na qual cerca de dois milhões de cambojanos morreram em consequência das execuções, da fome ou doença.
Na época, era justamente Dom Yves Ramousse que estava à frente da Igreja no país. Seu trabalho "permitiu que a Igreja no Camboja vivesse e ressurgisse das cinzas na década de 1990. Se hoje os cambojanos são felizes e livres para seguir a Cristo", em grande parte devem isso a Ramousse”, recordou à Agência Fides o atual Vigário Apostólico de Phnom Penh e membro da Sociedade das Missões Estrangeiras de Paris, Olivier Schmitthaeusler.
Ramousse, devido ao seu exílio iminente, chamou de volta à sua pátria o padre Joseph Chhmar Salas, ordenando-o bispo e nomeando-o coadjutor do Vicariato Apostólico de Phnom Penh. Dom Salas pôde assim assumir a guia pastoral e espiritual do povo até 1977, quando morreu de inanição. Ele é um dos mártires da época do Khmer Vermelho e a Igreja cambojana iniciou o processo para o reconhecimento oficial de seu martírio.
Passando a fazer parte das Missões Estrangeiras de Paris ainda jovem, Yves Ramousse foi ordenado sacerdote em 1953 e partiu para o Camboja em 1957. Nomeado Vigário Apostólico de Phnom Penh aos 35 anos, participou do Concílio Vaticano II e em 1968 fundou a Conferência Episcopal do Laos e Camboja (CELAC), contribuindo para aplicar os ensinamentos do Concílio à realidade cambojana, como a celebração dos sacramentos na língua local e a tradução da Bíblia para a língua khmer. O sofrido exílio daquela que considerava sua segunda pátria, ele definirá como “a negação da vocação missionária”.
Com o fim da guerra civil e a aprovação da nova Constituição em 1993, Dom Ramousse voltou ao Camboja, encontrando uma Igreja destruída: igrejas arrasadas, batizados dispersos, sacerdotes e religiosos cambojanos desaparecidos.
Nomeado novamente Vigário Apostólico em 1992, dedicou-se ao trabalho de reconstrução espiritual, pastoral e social. Em 1994, após negociações com o governo real do Camboja, conseguiu o estabelecimento de relações diplomáticas com a Santa Sé. Em 1997, se alegrou com a aprovação oficial dos Estatutos da Igreja Católica como comunidade religiosa e não como ONG.
A Igreja no Camboja, atualmente com cerca de 25 mil batizados numa população 15 milhões de habitantes, recorda a contribuição espiritual, pastoral e missionária, simples e apaixonada, deste grande missionário.
Agência Fides - PA
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