Pároco caldeu: cristãos, sal para toda a sociedade
Federico Piana - Vatican News
O Papa Francisco encontra-se em Viagem Apostólica ao Iraque desde a sexta-feira, 5 de março, até domingo. É a primeira vez que um Pontífice visita o país, e todas as comunidades prepararam-se também espiritualmente para esta visita inédita, com intensos momentos de oração. O pároco caldeu da igreja de São Jorge, em Telskuf, padre Karam Shamasha, falou ao Vatican News sobre a situação no país.
Cristãos cheios de esperança!
A sua paróquia foi destruída pelas milícias do ISIS, em 2014, o primeiro lugar cristão a ser profanado na planície de Nínive:
"No Iraque existem muitas Igrejas e Confissões religiosas, de raízes antigas, desde as origens do cristianismo. Posso dizer que o Papa vai encontrar cristãos atormentados pelas perseguições, sofridos, mas repletos de esperança e profunda alegria, que brotam de uma intensa vida espiritual, que as dramáticas situações de violência não puderam afetar. A nossa serenidade se mantém pela união com o Senhor: nestes lugares, ao longo do tempo, sempre constatamos a Sua presença. Esperemos que a visita do Papa possa representar uma verdadeira mudança”.
Pequeno testemunho
Os cristãos no Iraque, hoje, são uma minoria. Mas no passado não era assim, observa os acerdote: “Antigamente, éramos a maioria aqui, não só na Mesopotâmia. A Igreja do Oriente estava presente em países como Omã, Bahrein ou Catar. Nos primeiros séculos, a Igreja era próspera. Com o passar do tempo, as perseguições e as violências levaram a uma redução drástica e repentina. Agora, em todo o Iraque, os cristãos são apenas 250 mil. Esta drástica diminuição foi causada pelas duras repressões, sobretudo em 2003, quando muitas das nossas igrejas foram bombardeadas; numerosos sacerdotes e fiéis foram sequestrados e assassinados”.
Sal para a sociedade
“No entanto, as perseguições não influenciaram o desejo de continuar a dar testemunho do Evangelho e a ser sal para toda a sociedade”, diz o pároco caldeu, que explica: “As várias Confissões religiosas estão ao lado dos fiéis, organizando muitas atividades para jovens, famílias e crianças. Nossas igrejas estão sempre lotadas de fiéis durante as celebrações. Enfim, dão importante força e apoio aos cristãos, que voltam para suas terras, após terem sido expulsos pelas milícias do Isis”.
Uma minoria que ajuda
Os cristãos, apesar de representar uma minoria, se esforçam para ajudar os fiéis de outras religiões, como diz o pároco de Telskuf: “Agimos assim porque acreditamos que a humanidade nos une. Na medida do possível, tentamos ser úteis a todos, independentemente da sua religião. Tentamos construir pontes, sobretudo, com o Islamismo xiita, que também é um dos objetivos da viagem do Santo Padre. De fato, o Papa Francisco não vem visitar somente nós cristãos, mas todos, até os do Oriente Médio”.
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