Filipinas: aberta fase diocesana de beatificação de claretiano morto por ódio à fé
Lisa Zengarini – Vatican News
Antes de ser morto em 3 de maio de 2000, durante um tiroteio entre seus sequestradores pertencentes ao grupo islâmico Abu Sayyaf e as forças de segurança filipinas, ele foi torturado por recusar-se a renegar sua fé. No 21º aniversário do seu martírio, a Prelazia de Isabela, da ilha de Basilan, sul das Filipinas, abriu oficialmente a fase diocesana da Causa de Beatificação do padre Rhoel Gallardo, missionário claretiano morto in odium fidei aos 35 anos, após um mês e meio nas mãos de milícias separatistas islâmicas ativas na região sul de Bangsamoro.
O início do processo - relata a agência dos bispos filipinos Cbcpnews - foi celebrado com uma Missa solene na Igreja de São Vicente Ferrer, no povoado de Tumahubong, Província de Basilan, onde o jovem religioso tinha sido pároco e diretor da “Claret School”, antes de ser sequestrado junto com quatro professores e alunos da escola.
Para a ocasião, o Superior provincial dos Missionários Claretianos (Filhos do Imaculado Coração de Maria), padre Elias L. Ayuban, Jr. publicou uma mensagem com uma recordação pessoal do amigo confrade, de quem havia sido colega durante o seminário. A mensagem centra-se em particular em quatro séries de gestos "exemplares" do padre Gallardo que - diz o sacerdote - o fizeram "um mártir dos nossos tempos".
O primeiro - escreve - é o "sacrifício e a renúncia": ao invés de formar uma família e viver em condições confortáveis escolheu servir em Tumahubong, num contexto difícil como o da Ilha de Basilan, marcada pelo conflito com separatistas muçulmanos.
O segundo gesto mencionado na mensagem é o sofrimento que teve de suportar permanecendo fiel à sua vocação até o fim. Padre Ayuban recorda em particular as torturas infligidas por seus carcereiros e a agonia após ser ferido durante o tiroteio para sua libertação.
Padre Gallardo foi também um homem “em constante busca de Deus”, que nunca perdia de vista o seu rebanho, sublinha ainda a mensagem, recordando a sua constante preocupação com o destino das mulheres do grupo sequestradas, mantidas separadas dos homens, tornando-as assim mais vulneráveis. Uma preocupação pela qual ele havia sido repetidamente maltratado pelos sequestradores.
Por fim, o Superior dos claretianos filipinos recorda como o padre Gallardo tenha se rendido, "mas não às forças do mal, mas sim às mãos de Deus", recusando-se a renunciar à fé apesar da tortura. O seu testemunho, conclui padre Ayuban, “recorda-nos que a nossa vida é digna de ser vivida se nos sacrificarmos pela maior glória de Deus, se suportarmos a Cruz de Cristo, buscarmos o rosto de Deus nos mais vulneráveis e nos entregarmos à sua vontade”.
Nascido em 1965 na cidade de Olongapo, ao norte de Manila, padre Gallardo fez suas primeiras experiências como missionário durante seu noviciado na cidade de Bunguiao de Zamboanga City, no oeste da ilha de Mindanao, de maioria muçulmana. Emitiu a primeira profissão religiosa em 1989 em Isabela, na ilha de Basilan, onde exerceu mais um ano de atividade pastoral, uma experiência que o marcou profundamente.
No seu pedido para a profissão perpétua havia escrito: “A minha imersão pastoral em Basilan fez-me experimentar concretamente a nossa vida de testemunho, evangelização e missão pelos pobres (assim como) a presença da nossa comunidade no diálogo de vida e de fé com nossos irmãos e irmãs muçulmanos ... na consciência de que nossa vida e missão exigem a doação total de nós mesmos para a maior glória de Deus e a salvação da humanidade”.
Depois da primeira profissão perpétua, foi ordenado sacerdote na Paróquia do Coração Imaculado de Maria em Quezon City, em 1994, e alguns anos depois ofereceu-se para ir a Tumahubong. Seus companheiros reclusos relataram seus muitos atos de heroísmo durante o sequestro, a violência que sofreu, sua preocupação constante com as mulheres sequestradas no grupo e seu encorajamento à esperança e oração, apesar da proibição dos sequestradores. Seu corpo foi encontrado crivado de balas nas costas e com sinais de tortura.
Os responsáveis pela Causa de Beatificação são os confrades Pe. Krzysztof Gierat, Cfm, Postulador Geral para as Causas dos Santos dos Missionários Claretianos, e Efren Limpo, Cfm, vice-postulador.
Vatican News Service - LZ
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