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Sacerdote e religiosas do Brasil em missão na África

As religiosas irmã Rosenete Vieira e irmã Lorizete Cichoki da Congregação das Pequenas Irmãs da Sagrada Família e o padre Raimundo Anselmo Rodrigues Júnior, da Congregação Sagrada Família de Nazaré, com 18 anos de sacerdócio vivem na África realizando um trabalho missionário, superando os desafios de evangelizar em uma terra distante e ajudando a transformar a realidade da pobreza em uma perspectiva de levar o Reino de Deus ao continente africano.

Ricardo Gomes – Diocese de Campos

“Gosto muito das celebrações litúrgicas, o povo angolano gosta muito de música, de dança o que torna as celebrações animadas, especialmente quando celebramos as festas litúrgicas e os sacramentos.” Irmã Rosenette Vieira

Irmã Rosenette Vieira é uma religiosa da Congregação das Pequenas Irmãs da Sagrada Família, natural de Enéas Marques, Paraná. No período de 2002 a 2007 teve uma experiência missionaria em Marituba, no Pará e desde a sua formação ouvia muitos testemunhos de outras religiosas no trabalho além-fronteiras, que relatavam a alegria e os desafios de iniciar um trabalho num país de uma cultura diferente.

Religiosa com as crianças
Religiosa com as crianças

“Sempre me senti impulsionada para a missão além-fronteira e desde a formação inicial, ouvia o testemunho das irmãs que serviram nesta missão com tanta alegria e generosidade. O desafio foi no Pará onde há uma grande diferença cultural, em relação ao Sul do Brasil, foi uma experiência que despertou ainda mais meu desejo de ser missionária além-fronteiras, especialmente em Angola, por ser um país de língua portuguesa. Nossa Congregação tem três comunidades em Angola, uma na capital Luanda, uma em Lucala – Kwanza Norte e recentemente abriu-se a comunidade de Chinjenje - Huambo. O sonho de ir em missão, se concretizou em 2014, quando completava 13 anos de Vida Consagrada”.

A Religiosa, foi enviada à paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Lucala. Não foi difícil se adaptar, o povo é muito acolhedor e em relação a alimentação, tem a graça de se adaptar fácil, gosta de experimentar tudo e foi aprendendo a gostar da culinária angolana.

Mulheres africanas preparando alimentos
Mulheres africanas preparando alimentos

“Na missão nos dedicamos à pastoral paroquial, colaborando na catequese e na animação das pastorais em geral, visitas às aldeias para a celebração da Eucaristia e assistência sanitária, através de ajuda com medicamentos básicos de saúde. Estar numa cultura diferente da nossa exige de nós uma abertura muito grande para acolher o novo, é um desafio, mas também uma grande riqueza, pois nos ajuda a sair de nós e ir ao encontro do outro e numa realidade como a de Lucala, marcada pela situação extrema de pobreza, muitas vezes nos sentimos impotentes, diante de tantas necessidades. As pessoas confiam muito no trabalho dos missionários, pois tantas vezes é o único lugar que encontram apoio e resposta às suas necessidades”, conta a religiosa.

Angola é um país que viveu muito tempo a situação de guerra e está aos poucos se desenvolvendo e, por isso, a maioria da população ainda não tem as condições necessárias para uma boa qualidade de vida, especialmente nas condições mínimas de acesso à educação, saúde, água, energia, o que traz como consequência muitas doenças.

“Para responder a esta realidade, procuramos desenvolver um trabalho com a Pastoral da Criança, especialmente no combate à desnutrição e formação das mães para que possam cuidar melhor da família e buscar também uma renda alternativa para a família. Temos também, uma irmã que se dedica no projeto de reforço escolar para meninas da escola primária, neste projeto além de apoiar na alfabetização, procuramos também que as crianças aprendam os valores humanos e cristãos, pois assim acreditamos que teremos uma sociedade melhor”, revela.

Última Via-Sacra
Última Via-Sacra

Irmã Rosenette fala das celebrações litúrgicas e do povo angolano que gosta de apresentar na música e na dança a alegria, tornando todas as celebrações muito animadas. Uma característica das celebrações, que chama atenção é o ofertório, os fiéis oferecem os frutos do trabalho, como mandioca, batata, animais (galinha, cabrito, coelho).

“Quando se pede ajuda para a Igreja, como por exemplo, devido à pandemia necessitamos de cadeiras para missa campal, todos que doaram as cadeiras, fazem a entrega no momento do ofertório dançando alegremente. Por tudo que vivemos na missão, podemos dizer que é muito mais o que recebemos do que o que damos”.

Ofertório

Desafios e Missão

“Precisei abandonar tudo, tive um grande amigo padre que me incentivou a ficar e amar o meu trabalho. Quando permiti que as pessoas me amassem, a missão ficou mais fácil. Fiquei 10 anos como pároco na Paróquia de São Mateus em Luanda, lá aprendi a amar a Missão, dei toda a minha juventude para o bem do povo de Deus”; padre Raimundo Anselmo Rodrigues Júnior.

Padre Raimundo Anselmo Rodrigues Júnior, missionário da Congregação Sagrada Família de Nazaré, está em Luanda deste o ano de 2008, trabalhou no Brasil em vários estados Paraná – Macapá e Fortaleza. Foi enviado à Luanda como formador, no ano de 2009, foi convidado para ser Pároco de uma grande Paróquia em extensão e população chamada São Mateus.

Missão na África
Missão na África

“Nunca tive como sonho ser missionário fora do Brasil, mas estava disposto a trabalhar onde o Superior achasse que fosse necessário. No ano de 2008 fui enviado à Luanda, a minha experiência foi mesmo um pouco difícil, a adaptação me custou muito. Falamos às pessoas em desapego, em deixar tudo para seguir Jesus. Não é nada fácil deixar seja lá o que for. As minhas primeiras dificuldades não estava em me relacionar com as pessoas, mas sim com a alimentação, que muitas vezes nós missionários acabamos impondo a nós e aos outros em nome da “pobreza”. Gosto muito de café, mas onde estava o café? A comodidade de energia, água à vontade, internet, essas coisas que acabamos achando que são necessárias à nossa vida porque temos posse sobre elas”.

Atualmente padre Raimundo está em Lucala a 250 Km de Luanda como missionário e destaca a maravilha da missão em terras africanas numa Paróquia com muitos desafios, mas com um povo fervoroso, acolhedor e uma comunidade paroquial muito dinâmica.

Missão na África
Missão na África

“É bom preservar a dignidade das pessoas, mas se alguém ao ler este texto ficará na responsabilidade de ajudar a Missão de Lucala de Nossa Senhora da Conceição. É uma paróquia dinâmica, tem muitos jovens e crianças. A missa das crianças deve chegar aproximadamente 1.000, é maravilhoso perceber que elas vêm para participar da missa. O Trabalho da minha Congregação é a Educação da Juventude Pobre no mundo do trabalho, aonde estamos trabalhamos com a juventude pobre em qualquer nível”, conclui o sacerdote.

Dança típica

 

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04 maio 2021, 12:53