As reações à morte do padre Swamy, exemplo de dedicação abnegada ao próximo
Lisa Zengarini - Vatican News
É grande o pesar na Igreja na Índia pela morte do padre Stan Swamy, sacerdote jesuíta ativista pelos direitos dos povos indígenas que faleceu na segunda-feira, 5, em um hospital católico em Mumbai, após quase nove meses de detenção sob a infundada acusação de terrorismo.
Conferência Episcopal da Índia
"Profunda dor" pela perda do idoso religioso foi expressa em nome dos bispos indianos pelo presidente da Conferência Episcopal da Índia (CBCI), cardeal Oswald Gracias, que em uma breve mensagem publicada no site da CBCI agradece ao hospital Sagrada Família de Mumbai, pelo tratamento médico prestado ao padre Stan durante sua hospitalização.
Na mensagem, o arcebispo de Bombaim recorda seu incansável comprometimento em favor dos oprimidos e deserdados e pela defesa dos direitos dos povos indígenas, compromisso este - afirma - do qual foi testemunha pessoal.
“A prisão do padre Stan foi muito dolorosa”, escreve ainda o cardeal Gracias. "Estávamos esperando impacientemente que seu caso fosse analisado e que a verdade fosse revelada". A mensagem conclui com a esperança de que esta verdade "logo virá à luz e seu nome será limpo" de qualquer acusação.
O 'pássaro na gaiola' agora canta no Céu, mas seu sangue está em nossas mãos
“Um campeão dos direitos dos tribais, um lutador pela justiça e um símbolo de coragem”, disse a Arquidiocese de Ranchi, onde o padre Swamy viveu e trabalhou por muitos anos. Em uma nota, o arcebispo Félix Toppo e o bispo Auxiliar Teodore Mascarenhas, não poupam as críticas às autoridades indianas que decidiram sua prisão e detenção.
“O fato de que um paciente com doença de Parkinson tenha sido preso aos 84 anos, que lhe tenha sido negada a liberdade sob fiança por mais de 7 meses, que não lhe tenha sido concedido sequer um canudo para beber e que tenha contraído Covid-19 na prisão, faz refletir sobre as responsabilidades de quem prendeu um homem inocente e dos Tribunais que se recusaram em lhe conceder a liberdade sob fiança”, lê-se no texto. “O 'pássaro na gaiola' agora canta no Céu, mas seu sangue está em nossas mãos”, continua a nota. “Perdemos o padre Stan Swamy, mas ainda esperamos a justiça de Deus”, concluem os dois prelados.
Bispos da Inglaterra e do País de Gales
E às condolências da Igreja indiana e da Companhia de Jesus unem-se também os bispos da Inglaterra e do País de Gales, que intervieram várias vezes nos últimos meses para pedir a libertação do sacerdote jesuíta. “O padre Stan Swamy trabalhou incansavelmente durante cinquenta anos para defender a dignidade humana das pessoas mais marginalizadas da Índia. Por isso foi preso injustamente e teve seus direitos negados. Sua vida e seu legado são, para todos nós, uma lição poderosa de serviço abnegado aos outros”, escreve em uma mensagem o presidente do Departamento de Assuntos Internacionais da Conferência Episcopal Inglesa e Galesa (CBCEW), Dom Declan Lang. “Hoje nossas orações estão com padre Stan, a Igreja na Índia, a comunidade global dos jesuítas e todos aqueles que ajudou. Que ele descanse em paz”, conclui a mensagem.
O Padre Swamy - recordamos - foi detido a 8 de outubro de 2020 pela agência anti-terrorismo indiana (Nia) juntamente com 15 outros ativistas sociais pelos direitos dos Adivasi (populações tribais), todos acusados, de acordo com a “Unlawful activities prevention act" (UAPA) de terrorismo e cumplicidade com os rebeldes maoístas e, em particular, de um suposto envolvimento nos motins que eclodiram em 2018 em Bhima-Koregaon, no Estado de Maharashtra. Acusações que o sacerdote sempre rejeitou.
Os inúmeros apelos e iniciativas lançados nos últimos meses na Índia, bem como no exterior - devido às suas precárias condições de saúde – não foram ouvidos, nem mesmo o pedido apresentado pelos cardeais Oswald Gracias, George Alencherry, Baselios Cleemis, durante um encontro com o premier Narendra Modi, em janeiro passado.
Vatican News Service - LZ
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