Cardeal Bo: este não é o momento de causar feridas, mas é hora de curar
Vatican News - Isabella Piro
A pandemia de Covid-19 e as dramáticas consequências do golpe ocorrido em 1º de fevereiro e que derrubou o governo liderado por Aung San Suu Kyi, que provocaram inúmeras mortes, feridos e violências. Essas são as duas "guerras" que Mianmar está enfrentando, motivo pelo qual o arcebispo de Yangon e presidente da Conferência Episcopal nacional (CBCM), cardeal Charles Maung Bo, convida os fiéis à unidade.
Em um veemente apelo intitulado "É tempo de salvar vidas, é tempo de se unir para o bem de todos" - divulgado pela agência católica internacional "Exaudi" - o purpurado sublinha que o coronavírus "está travando, com uma ferocidade desconhecida, uma verdadeira guerra contra a população”, tanto que são “milhares as pessoas infectadas, centenas delas sepultadas sem pietas e sem memória, de forma apressada e em cemitérios superlotados”.
Atualmente, de fato, o país asiático registra 230.000 casos de contágios e cerca de 5.000 mortes. “Dia e noite - continua o cardeal - as pessoas esperam oxigênio, aglomerando-se nas ruas” e isso causa profunda “dor”.
O cardeal também destaca que nesta segunda-feira, 19 de julho, Mianmar celebra o "Dia dos Mártires", que homenageia os heróis nacionais, incluindo o general Aung San, pai de Aung San Suu Kyi e considerado "Pai da Pátria", assassinado em 1947.
“O sangue deles - diz o cardeal Bo - foi derramado para fazer deste país um grande país. Por isso, enquanto a Covid permanece fora de controle, infligindo medo, ansiedade e morte, a única maneira de prestar homenagem ao sacrifício dos mártires é nos unirmos como uma só nação contra a pandemia”, porque “este não é o momento de causar feridas, mas é hora de curar”.
Olhando, então, para o recente conflito no país, o arcebispo de Yangon ressalta que “Mianmar viu muitas lágrimas nos últimos tempos”. Neste sentido, seu forte apelo: "Por favor, por favor parem todos os conflitos. A única guerra que temos que fazer é a contra o coronavírus, um vírus invisível e letal que demonstrou ser invencível também para as superpotências do mundo”.
Nessas condições, portanto, fica a pergunta retórica do cardeal: "Será que podemos nos permitir a guerra, os conflitos e o deslocamento? Não, pelo contrário”, responde. O único exército a ser chamado será o de “voluntários que, armados apenas com kits médicos, será capaz de chegar até nosso povo sofredor”.
O presidente dos bispos birmaneses sublinha ainda que, face às duas ondas pandêmicas vividas pela nação, a população tem demonstrado generosidade e solidariedade para com os mais necessitados, enquanto “o heroísmo dos trabalhadores da saúde na linha da frente comove a todos até as lágrimas". Esta "unidade no serviço" deve, portanto, não só ser "celebrada", mas também repetida, porque Mianmar é "capaz de consegui-la de novo".
Um outro apelo do cardeal é às autoridades para que "facilitem a participação segura de médicos e jovens" na luta contra a pandemia. “Unidos, salvamos vidas - insiste o cardeal Bo - Divididos, sepultaremos milhares e a história será o juiz mais severo se falharmos na compaixão”.
As últimas linhas da mensagem do arcebispo de Yangon são de encorajamento: “Unamo-nos - escreve - enfrentemos juntos este desafio que, talvez, represente um apelo a todos para forjar uma comunhão que conduza à paz e à reconciliação”. “Rezemos a Deus que nos dê esta coragem - conclui o cardeal Bo - Juntos podemos derrotar este inimigo”.
Vatican News Service - IP
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui