Reflexão para o 17º Domingo do Tempo Comum - B
Pe César Augusto dos Santos SJ - Vatican News
Neste domingo a Liturgia nos apresenta dois milagres da multiplicação de poucos pães pra grandes multidões e a sobra deles, que é muito grande.
A primeira leitura, 2 Reis 4, 42 – 44, nos fala do Profeta Eliseu que multiplica vinte pães de cevada e trigo novo, para mais de cem pessoas. O homem de Deus não quer que ninguém passe necessidade. Quando no versículo 42 fala que os pães eram frutos dos primeiros frutos, significa que, de acordo com o costume deveriam ser oferecidos a Deus e, é isso, que o homem de Baal Salisa faz, segundo o versículo 42, com o coração cheio de gratidão a Deus pelos frutos recebidos. Ao receber os dons, o Profeta não os retêm, mas serve-se deles para matar a fome das pessoas. Eliseu ensina o gesto da partilha generosa que mata a fome das pessoas. Diferentemente de nós, que usaríamos a mente para perguntar o que são vinte pães para mais de cem pessoas, o Profeta está mais interessado em matar a fome das pessoas e ciente de que Deus pode e de que a Criação é para todos e não para um grupo de privilegiados.
Aprendemos isso também com nossos pobres que apesar de nada terem, ao contrário possuem um número grande de bocas para alimentar, corpos para vestir e pessoas para dar atenção, não se intimidam com tudo isso e ousam adotar, trazer para dentro de casa, para suas mesas, seres carentes que nada têm. Eles partilham e sentem que ainda podem partilhar mais, pois acreditam no milagre do “partir e repartir o pão”. Eis o verdadeiro milagre brasileiro, fruto do coração e da fé de sua população carente, mais que pobre, miserável mesmo! É a famosa música popular: “bota água no feijão que chegou mais um”. Jamais um autêntico pobre dirá que não dá para receber mais pessoas, sua generosidade o faz acreditar no milagre da multiplicação!
No Evangelho, Jo 6,1-15, o evangelista nos recorda esse milagre de Eliseu ao narrar a multiplicação dos cinco pães de cevada e dos dois peixes, realizada por Jesus, para alimentar aproximadamente cinco mil homens e que recolheram doze cestos com as sobras dos cinco pães. Jesus está subindo para Jerusalém, a fim de realizar a Páscoa definitiva, celebrando a Páscoa Hebraica. Isso depois da travessia do mar da Galileia, ou seja, por ser às vésperas da Páscoa, João quer recordar a travessia do mar Vermelho e Jesus como o novo Moisés, que liberta a multidão da escravidão e dá liberdade. O fato de fazê-los sentar para comer, significa que são homens livres e que “O Senhor é meu pastor, nada me falta. Em verdes pastagens me faz descansar.” Salmo 23, versículos 1 e 2.
Se em sua caminhada para a Páscoa, Jesus não só realiza a multiplicação dos pães e mata a fome da multidão, mas quer colocar todos a serviço de todos, como homens novos. É isso que nos exorta a segunda leitura, Efésios 4, 1-6: humildade, mansidão, paciência, amando a todos reciprocamente, pela capacidade de perdoar e de ser solidário, além da união pelo vínculo da paz. Somos um único corpo, apesar da diversidade em que vivemos e somos!
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