Violência em Caracas, fruto do fracasso do Estado, dizem bispos
Isabella Piro - Vatican News
"Cota 905" é o nome da estrada que liga alguns bairros na periferia de Caracas - La Vega, El Paraiso, El Cementerio e Santa Rosalia no Município de Libertador - e infelizmente conhecida pelo elevado número de assassinatos, sequestros e confrontos entre gangues armadas e criminosos. Violência que se reacendeu nos últimos dias e que tem levado a Conferência Episcopal da Venezuela (CEV) a elevar o tom.
Esses trágicos acontecimentos, escrevem os prelados em uma nota, são o produto do "fracasso de um modelo social e produtivo" estatal que pulverizou os recursos da população. Assim como é um fracasso “o uso da violência como arma política, como ameaça e como fato consumado implementado pelo poder, de qualquer agremiação política”.
Por outro lado, destaca a CEV, “se aqueles que estão no poder não têm outro meio de impor sua ideologia, além da força e da violência, não devemos esperar muito para ver uma resposta igualmente violenta”.
“Mais uma vez, portanto, escrevem os bispos, cabe a nós levantar a voz diante da violência, diante da morte. Mais uma vez, ficamos chocados e tristes ao ver como o medo, a barbárie, o abuso, o ódio, tomam conta das ruas do nosso país, das nossas cidades, dos nossos bairros”. E a raiz de “tanto mal” que se perpetua na nação pode ser resumida no “desprezo pela vida”.
Ao mesmo tempo, os bispos venezuelanos sublinham que "se o regime tem feito de tudo para tornar impossível aos cidadãos ganhar uma vida decente e suficiente", não é de se surpreender pelo fato de que "existem aqueles que tentam ganhar a vida com meios criminosos".
Não falta também, diz a nota dos bispos, a denúncia da corrupção desenfreada entre as forças de segurança do Estado, bem como do fato de que "muitos funcionários deixaram de ser garantes da segurança e da convivência pacífica". E isso também, destaca a CEV, "é uma falha do Estado", tanto que "vastas regiões do país, principalmente as áreas rurais, foram totalmente abandonadas".
A esta altura, prossegue a nota, “o habitual respeito pelas autoridades transformou-se em desconfiança e medo, também devido às distorções e irregularidades, incluindo a extorsão e a corrupção, com que se desenvolvem as atividades institucionais”.
Neste sentido, a exortação conclusiva da Conferência Episcopal para “respeitar, em primeiro lugar, a vida de cada ser humano, porque todos somos pessoas dignas, irmãos, filhos de Deus e todos somos chamados ao amor”.
Vatican News Service - IP
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