EUA: bispos defendem evacuação de colaboradores afegãos

Alina Tufani - Vatican News

"A meta do governo de realocar até 30.000 requerentes de SIV (Vistos Especiais de Imigrante) nos Estados Unidos continua sendo uma tarefa monumental que desafia." É o que afirma a Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB, na sigla em inglês) em um comunicado no qual exorta o governo dos Estados Unidos a agir com prontidão e urgência para ajudar e preservar a vida desses afegãos que colaboraram na missão estadunidense no país asiático.

Milhares de vidas em perigo

Dom Mario E. Dorsonville, bispo auxiliar de Washington e presidente do Comitê de Migração da USCCB e Dom David J. Malloy bispo de Rockford, e presidente do Comitê de Justiça e Paz da USCCB, assinam a nota que, mesmo reconhecendo a crise desencadeada com a tomada do poder no Afeganistão pelo Talibã e as dificuldades na evacuação de diplomatas e outros funcionários do governo dos EUA, recordam o compromisso com aqueles que colaboraram com a missão dos militares estadunidenses.

“Milhares de pessoas que trabalharam como intérpretes, tradutores e em outras áreas ao lado dos militares dos Estados Unidos nos últimos vinte anos, incluindo requerentes de vistos especiais de imigrante (SIV), encontram-se eles próprios bem como suas famílias em perigo”, alerta o episcopado em vista da impossibilidade de viabilizar voos comerciais de e para o aeroporto de Cabul, atualmente cancelados.

Afegãos se aglomeram no aeroporto de Cabul enquanto soldados estadunidenses montam, em 16 de agosto de 2021. (Foto de Shakib Rahmani / AFP)

Proteção especial para mulheres e meninas

Embora os bispos considerem positiva a autorização do presidente Joe Biden em disponibilizar até 500 milhões do Fundo de Assistência de Emergência para Refugiados e Migrantes para atender às necessidades urgentes dos refugiados afegãos e candidatos ao SIV, eles também expressam sua preocupação por todos aqueles que pedem para ser evacuados, especialmente mulheres e meninas afegãs, que correm o risco de perder as oportunidades conquistadas nas últimas duas décadas e agora correm o risco de violência e abusos.

“Sabemos que a retirada das forças dos EUA e a evacuação de afegãos vulneráveis, incluindo aqueles que apoiaram nosso exército ou trabalharam com ONGs e outras organizações, seria um processo complicado que poderia gerar instabilidade no Afeganistão”, enfatiza o episcopado, não sem lamentar as chocantes imagens e vídeos provenientes do país asiático, mostrando as pessoas que têm que tomar “decisões desesperadas entre a vida ou a morte".

Compromisso da Igreja na acolhida e realocação de refugiados

O comunicado também recorda nas últimas semanas, funcionários da USCCB, da Catholic Charities e outros parceiros estiveram em Fort Lee (Virginia) auxiliando o governo dos Estados Unidos na acolhida e realocação de candidatos ao SIV e suas famílias. Nesse sentido, ratificam seu compromisso como Igreja neste trabalho.

Por fim, os bispos estadunidenses exortam à unirem-se ao Papa Francisco na oração pela paz no Afeganistão: "Que cesse o clamor das armas e que as soluções possam ser encontradas na mesa de diálogo".

Vatican News Service - ATD