Hoje o Papa presidiu a liturgia bizantina em Prešov
P. Jozef Bartkovjak SJ – Cidade do Vaticano
Nesta terça-feira, 14 de setembro, o Papa Francisco, presidiu uma celebração em rito bizantino em Prešov. Para saber mais, a redação do Programa Eslovaco entrevistou o padre Marko Durlák, sacerdote da Arquieparquia greco-católica de Prešov, Eslováquia, que trabalha na Congregação para as Igrejas Orientais em Roma. Durante a visita apostólica do Santo Padre à Eslováquia, ele será o responsável pelo aspecto litúrgico da celebração de rito bizantino.
A de Prešov será a primeira Divina Liturgia a ser presidida por um Papa na Eslováquia. Por tratar-se de um ritual oriental, quais são as diferenças entre esta Celebração Eucarística e uma Santa Missa de rito latino?
Todas as Celebrações Eucarísticas, não obstante a diversidade de ritos que enriquecem a Igreja universal, têm uma coisa em comum: a divisão da liturgia em duas partes: a Liturgia da Palavra e a Liturgia Eucarística. Esta é a estrutura fundamental e comum para todos. A diversidade exterior se manifesta na maneira como essas duas partes da liturgia se desenvolvem: há paramentos diferentes, cores diferentes. No Oriente cristão, costuma-se usar para a Eucaristia pão fermentado e o vinho tinto; existem diversos cantos, melodias ... Tudo isso se deve ao contexto histórico e cultural em que nasceram esses diversos ritos.
Depois, há a questão da linguagem. A vossa Igreja também usa a língua paleoslav (língua eslava eclesiástica) na liturgia. Em que língua a liturgia será presidida pelo Santo Padre em Prešov?
A liturgia em rito bizantino presidida pelo Santo Padre em Presov, na Eslováquia, será celebrada parcialmente em eslovaco, que é a língua nacional e oficial do país, e parcialmente em eslavo eclesiástico, ou como as pessoas a chamam de "paleoslavo", a língua histórica, muito apreciada por todas as Igrejas e nações que se orgulham de ter abraçado o cristianismo por meio da missão dos Santos irmãos Cirilo e Metódio. E como o leste da Eslováquia - onde terá lugar a liturgia bizantina - é etnicamente misto, também haverá algumas orações em ruteno, outras em ucraniano, húngaro e rom.
Agora um pouco de história. Os greco-católicos eslovacos comemoraram recentemente importantes aniversários e foram a Roma com um ícone milagroso da Santa Mãe de Deus de Klokočov. Quais eventos históricos são fundamentais para a Igreja Greco-Católica eslovaca? Quais são as datas históricas?
Entre os dados historicamente mais importantes para os gregos católicos, gostaria de mencionar estes: o ano 863, a chegada dos Santos Cirilo e Metódio; 1646, ano da chamada "União de Uzhhorod", quando os fiéis rutenos que viviam sob as montanhas dos Cárpatos entraram em plena comunhão com Roma, isto é, com o Sucessor de Pedro; depois o ano de 1818, data da ereção da Eparquia - Diocese de Prešov-, que antes fazia parte de uma vasta eparquia de Mukachevo.
Os dados mais recentes, mas importantes, são: o ano de 1950, quando a Igreja Greco-Católica na Tchecoslováquia foi abolida pelo regime comunista da época, portanto oficialmente não existia mais. A outra data não menos importante é o ano de 1968, o ano da "Primavera de Praga", quando a Igreja Greco-Católica - anteriormente extinta, mas não totalmente destruída -, pôde iniciar oficialmente a sua vida e atividades com um novo zelo.
E como última data importante mencionaria o ano de 2008 quando os greco- católicos, ou católicos de rito bizantino na Eslováquia, se organizaram em uma nova estrutura eclesiástica, ou seja, obtiveram o grau de Igreja metropolitana sui iuris, presidida e governada pelo Metropolita juntamente com o Conselho dos Hierarcas.
Gostaria de me deter novamente nos santos e bem-aventurados da Igreja Greco-Católica eslovaca. A Eslováquia tem um trio de mártires beatificados que datam da época das perseguições do regime ateu: os bispos Paulo (Pavel) Gojdič e Basilio (Vasiľ) Hopko e o sacerdote religioso Metódio (Metod) Trčka. Existem outros candidatos? Também há esperança para a canonização?
Sim, claro: onde há perseguição, natualmente não faltam mártires e confessores da fé. Além dos três agora proclamados beatos mártires, dois bispos e um sacerdote religioso, gostaria de mencionar três outros candidatos: o primeiro, é um mártir no sentido pleno da palavra, o padre Giovanni Kellner, sacerdote eslovaco, aluno do Pontifício Colégio Russicum onde se preparava para a missão na Rússia. Por cumprir sua missão, em 1941 ele foi preso em Kyjev, onde foi baleado.
O outro candidato é um grande confessor da fé, Pe. Ivan Mastiliak, Redentorista, cuja memória ainda está viva no coração de muitos que o conheceram e que foram formados por ele. Ele se caracterizava por duas coisas: era um grande erudito e possuía uma grande inteligência, conhecia muitas línguas, e ao mesmo tempo tinha uma grande humildade e uma devoção, especialmente mariana (de fato, muitas de suas obras e traduções ele assinou com o pseudônimo de Ivan Marianov). Era muito devoto de Santa Teresa de Lisieux. Na Eslováquia, devemos precisamente a ele a tradução das obras de Santa Teresa do francês.
E como candidata à santidade reconhecida temos também uma mulher: uma freira basiliana, Vasilija Hlibovicka, de origem ucraniana. Junto com outras 4 freiras basilianas, ela veio de Stanislawow, que hoje se chama Ivano-Frankivsk na Ucrânia, a Prešov para se dedicar ao apostolado entre os greco-católicos daquela região. Ela morreu em Prešov com fama de santidade, e onde também foi sepultada. Ela tinha 34 anos. Quanto à canonização, estamos agora na fase de investigação de um suposto milagre por intercessão do beato bispo mártir Paolo Gojdič.
Padre Marko, na sua opinião, a visita do Santo Padre enfatizará o papel de "ponte" dos greco-católicos eslovacos entre o Oriente e o Ocidente?
Em 1995, o Papa São João Paulo II visitou Prešov - o mesmo lugar onde agora esperamos o Papa Francisco - e pronunciou estas palavras: "Aqui se encontram o Oriente e o Ocidente". E é realmente assim. A Eslováquia Oriental é uma área geográfica onde há séculos convivem católicos quer de rito latino como bizantino e onde, avançando para o leste, em direção à Ucrânia, também é muito forte a presença do cristianismo ortodoxo.
Nesse sentido, nós, católicos bizantinos, temos uma dupla missão: podemos dar testemunho aos nossos irmãos latinos de que ser católicos e ser latinos não é a mesma coisa, porque a Igreja Católica é muito mais rica e colorida e, por isso, muito bonita; aos nossos irmãos ortodoxos, com os quais também temos tantas coisas em comum, podemos mostrar que é possível estar em plena união com Roma e, ao mesmo tempo, poder viver livremente da própria tradição, no nosso caso bizantino, como de uma fonte de água fresca e agradável, e viver de acordo com ela.
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