Reflexão para o 26º Domingo do Tempo Comum
Padre Cesar Augusto Santos, SJ - Vatican News
Na primeira leitura extraída do Livro dos Números 11, 25-29, vemos Deus repartir o dom da profecia que apenas Moisés possuía, com os setenta anciãos que estavam com ele na tenda; acontece que dois deles haviam ficado no acampamento e, também eles, foram agraciados com o dom da profecia. Enquanto os demais silenciaram, os dois continuaram. Alguns jovens advertiram Moisés do que estava ocorrendo e pediram a ele que os proibisse. A resposta de Moisés foi desconcertante, repreendendo-os, mas foi além dizendo que seria excelente se todo o povo profetizasse.
Qual seria nosso sentimento e nossa reação se um grupo oponente, mas propriamente não adversário fosse agraciado como nós pela mesma instituição, que nos pede fidelidade e a tem; qual seria nosso sentimento? Indignação, ciúmes? A atitude dos discípulos, relatada no Evangelho Marcos 9, 38-43.45.47-48 mostra exatamente a mesma atitude zelosa que tiveram os acompanhantes de Moisés e agora é repetida pelos discípulos do Senhor. Jesus alarga os horizontes deles dizendo:” Quem não é contra nós é a nosso favor”.
Deus, ao contrário do que faz parte de nossa Humanidade, é voltado para o universal, para tudo e para todos que buscam o Bem. Não subscreve decisões que apequenam o ser humano, mas pedagogicamente até pode iniciar algo com um modo muito segregacionista, mas depois, rompe as barreiras e irrompe o que for com Seu Espírito. No passado o Senhor criou o mundo e escolheu um povo para ser Seu sinal no meio dos homens. Mais tarde, na plenitude dos tempos, Ele refez a Criação com a Encarnação do Verbo e suscitando um povo com a missão de se dirigir a todos os povos e batizá-los em Seu Nome. Portanto, a missão da Igreja é ser fermento e como o fermento, ou seja, levedar o mundo e subsistir nas pessoas, tornando-as portadoras do Reino de Justiça, de Amor e de Paz. Como diz o Papa Francisco: “estar em saída!”
Aí vem as perguntas, como constituímos nossa família, como criamos nossos filhos? Qual o objetivo de nossa empresa? Sentimo-nos mais confortáveis tendendo para um gueto de pessoas bem formadas, íntegras no louvor a Deus, modelos para o mundo? Ou somos muito abertos, acolhendo e integrando em nosso meio familiar e social, pessoas não tão de acordo com os princípios com os quais nos identificamos, e nos tornando pessoas de nosso tempo? Mas atenção, não somos pessoas que estão sem rumo e aceitam, em uma política, de boa vizinhança, mudar de valores ou suavizá-los. Não, isso poderia ser um início de capitulação! Sabemos o que queremos, isto é, salgar o mundo com o sabor de Cristo, com o sabor do Amor. Exatamente para isso é que somos uma Igreja, um grupo em saída e, porque somos frágeis e fracos, precisamos da força e da luz de Deus. Ir à luta, mas tendo rezado antes e pedido a companhia do Senhor, de seus anjos e santos. Ser pequeno, ser fechado, é cômodo e nos dá o controle ideal. Temos como exemplo as ditaduras.
Ser grande, ser aberto, não é fácil, precisa-se de autocontrole, muita humildade e sabedoria!
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