Cruz Missioneira na Bandeira da Nação Missioneira Cruz Missioneira na Bandeira da Nação Missioneira 

Fortalecido irmanamento de São Miguel das Missões com Caravaca de la Cruz, na Espanha

A Cruz Missioneira foi levada de Caravaca de la Cruz à América do Sul por jesuítas espanhois e é o símbolo maior da espiritualidade das Missões, caracterizando o período histórico daquela região.

Vatican News

Na sexta-feira, 3 de setembro de 2021 foi retomado, por meio de uma reunião entre São Miguel das Missões e Caravaca de la Cruz, na Espanha, o processo de irmanamento entre as duas cidades. O pesquisador e historiador santo-angelense, José Roberto de Oliveira*, contou ao Vatican News os detalhes do encontro, afirmando que este “pode marcar um novo tempo do ponto de vista do desenvolvimento também espiritual entre os missioneiros do lado brasileiro”:

Ouça José Roberto de Oliveira

"A Cruz que no Brasil nós chamamos de Cruz Missioneira, é o principal símbolo místico e religioso das Missões jesuíticas dos guaranis e que contempla a todo o grande conjunto da área brasileira, mas também áreas da Argentina e do Paraguai, que compõem os Tinta Povos das Missões. Inclusive a bandeira que integra toda a grande área tem como símbolo principal a Cruz Missioneira.

 

Integração de projetos

 

O irmanamento que agora renasce foi assinado inicialmente em 2005, e durante esses anos todos, foram relações de interlocução e de preparativos de projetos. Essa reunião agora acelera o processo de integração, de irmanamento entre as duas macro regiões e prevê uma série de elementos. Na reunião estiveram presentes pessoas da Alcaldia de Caravaca [Ayuntamento de Caravaca], o Irmão Maior da Irmandade de Caravaca de la Cruz e um conjunto de trabalhadores da imprensa e outros trabalhadores que estão relacionados, inclusive ao Caminho da Cruz de Caravaca que une os caminhos da Espanha, inclusive com o Caminho de Santiago de Compostela.

Do lado brasileiro paralelamente, o “Caminho das Missões”, que é o que integra os 30 povos - Paraguai, Argentina, Brasil - e também 14 dias de caminhada do lado brasileiro, também estiveram presentes no sentido de se integrarem e de se promocionarem integradamente os dois caminhos, tanto o Caminho das Missões como o Caminho da Cruz de Caravaca.

Importante então esse processo de integração. Prevê-se então nesse reinício de processo projetos por exemplo de curto prazo que é de promoção, de divulgação integrada, e em médio prazo se trabalhará a questão da vinda de periodistas assim que a pandemia melhorar, então imediatamente vai se trabalhar tanto a ida de jornalistas brasileiros para região de Caravaca de la Cruz, como a vinda desses jornalistas espanhóis para as Missões do lado brasileiro.

Projetos mais ambiciosos como por exemplo, o irmanamento de alunos de escolas, tanto escolas brasileiras, alunos que poderão ir para a região da Espanha, de Caravaca de la Cruz, como também os de lá que venham para as Missões do lado brasileiro.

Então esse 3 de setembro foi muito importante nesse processo de integração. É importante lembrar que a Cruz Missioneira - essa Cruz que nós chamamos assim do lado brasileiro - ela veio para cá através de jesuítas missioneiros e que eram daquela região, a região de Múrcia, que é a Província de Múrcia, na Espanha, 21  missioneiros originários de lá vieram para as Missões, entre eles Francisco de Robles, Martín Lopes, Antônio Martins Espinoza e Francisco Lardín, que eram de Caravaca de la Cruz.

 

Esse Francisco de Robles chegou a ser vice-Provincial das Missões, e que obviamente cumpriu um papel importante para multiplicação da imagem da Cruz. Nós aqui do lado do brasileiro, a utilização dela se dá em larga escala, tanto nas empresas, nos trevos de todos os municípios e internamente em suas praças, é utilizada pela atividade pública, como pela atividade privada também. Então é um momento bastante importante nosso brasileiro, nessa relação com a Espanha, reiniciando o irmanamento entre o Patrimônio Cultural da Humanidade de São Miguel das Missões e a cidade de Caravaca de la Cruz, que é uma das cinco cidades santas do mundo, então é uma notícia bastante importante para nós e que gostaríamos de que pudesse refletir tanto nacionalmente como mundialmente.

O aspecto religioso da Cruz Missioneira

 

Outro tema bem importante é o lado religioso da imagem da Cruz, utilizada pelos peregrinos que andam pelas Missões. No exemplo das caminhadas aqui, mas também se encontra ela poderosamente no Santuário da Caaró, que é o local da morte de três Santos da Igreja Católica - Roque Gonzales, Afonso Rodrigues e João de Castilhos, aliás dois deles de origem espanhola - este lado místico da Cruz aqui é extremamente utilizado, religiosamente você encontra nas nossas igrejas, nas Missas, é o símbolo maior da espiritualidade das Missões. Então a reunião reacendeu todo esse processo, do ponto de vista brasileiro então com a presença de especialistas, tanto da Prefeitura Municipal de São Miguel das Missões - a secretária estava presente - o presidente da Associação dos Amigos das Missões, o irmão jesuíta Celso Schneider, que representou a Igreja nesse processo do reinício do irmanamento, projetos como o Grande Projeto Missões - eu presente também digamos como o antigo interlocutor com eles e que também quero entregar a essas novas pessoas que estão nos diversos cargos -, então é realmente algo bem importante e que pode marcar um novo tempo do ponto de vista do desenvolvimento também espiritual entre os missioneiros do lado brasileiro, e que convidamos todo o Brasil e os países de língua portuguesa, como no caso do teu programa, que possam vir para as Missões e viver todas essas experiências religiosas, espirituais e obviamente um mergulho no início da formação da América. Então a Cuz aqui entre nós, desde os anos 1600, está tão presente, e que marca nessa Cruz que está hoje em São Miguel das Missões nosso Patrimônio Cultural da Humanidade como a imagem principal das Missões. É assim que nós nos apresentamos para o mundo, com a nossa Cruz missioneira e que tem a sua mãe a Cruz de Caravaca de la Cruz. Obrigado."

*José Roberto de Oliveira é natural de Santo Ângelo (RS), engenheiro de formação, na área da Topografia e Cartografia; foi por longo tempo docente na URI (Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões); diretor de desenvolvimento do Turismo no Rio Grande do Sul; um dos fundadores do Ministério do Turismo; criador em 2012, junto com os jesuítas, mais argentinos e paraguaios, da “Nação Missioneira”; foi criador do Circuito Internacional Missões Jesuíticas e representante brasileiro no Mercosul, também em função de seu envolvimento no tema das Missões. A revista Redalyc publicou seu artigo"Experiências Utópicas no Território Fronteiriço do Mercosul e as Alternativas de Sustentabilidade e Desenvolvimento para o Terceiro Milênio. Além do Desenvolvimento".

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07 setembro 2021, 07:00