Cardeal Tempesta abre a fase arquidiocesana do processo sinodal
Carlos Moioli - Arquidiocese do Rio de Janeiro
“A diversidade de dons, carismas e ministérios tem sido uma riqueza em nossa arquidiocese, um belo jardim que atinge tantas situações quando caminha em comunhão e na unidade”
“Hoje, a nossa arquidiocese se reúne com representantes de todas as paróquias, pastorais, movimentos, comunidades de vida consagrada e de diversas espiritualidades para abrir em âmbito arquidiocesano o Sínodo sobre a Sinodalidade que o Papa Francisco convocou para 2023”, disse o arcebispo do Rio de Janeiro, cardeal Orani João Tempesta, ao iniciar a missa de abertura do processo sinodal, realizada na Catedral de São Sebastião, no dia 17 de outubro.
“Em unidade com o Santo Padre iniciamos com toda a Igreja esse processo sinodal em nossa arquidiocese. Embora já existisse, o Sínodo foi criado e ganhou destaque no Concílio Vaticano II, com todas as suas prerrogativas, agora sendo realizado, pela primeira vez, em dimensão universal, dando a oportunidade para que o povo de Deus possa participar das consultas”, acrescentou o arcebispo.
Ainda na acolhida, dom Orani agradeceu a presença dos bispos auxiliares, vigários episcopais, reitores dos seminários, sacerdotes, consagrados e demais representantes de organismos eclesiais que “aceitaram o convite para dar passos neste momento importante da caminhada da Igreja”, para participar da fase arquidiocesana do caminho sinodal, em vista da Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos.
“Para nós, o Sínodo é um presente, pois já havíamos programado, junto com a PUC-Rio, um censo religioso para conhecer melhor as necessidades do nosso povo. Com a chegada da pandemia, a dinâmica mudou, mas agora que vemos uma luz para o retorno da normalidade, podemos aproveitar o processo sinodal, melhor do que tínhamos planejado, para iluminar também a nossa caminhada arquidiocesana”, disse.
Após a saudação do arcebispo, o vigário episcopal do Vicariato Norte, cônego Aldo de Souto Santos, leu o decreto de criação da Comissão Arquidiocesana do Sínodo, que terá a atribuição de recolher as consultas e de preparar a síntese arquidiocesana. O questionário deverá ser entregue na celebração da Festa da Unidade, a ser realizada na manhã do dia 27 de novembro, na Catedral de São Sebastião.
Caminhar juntos
Ao celebrar no domingo a Missa do Espírito Santo conforme as orientações do Sínodo, dom Orani destacou na homilia, ao refletir as leituras do dia, a necessidade de se colocar à escuta do Paraclito, prometido por Jesus no Evangelho (Jo 14-15-26), que há diversidade de dons e diferentes ministérios, mas é um só o Senhor (1Cor 12-3-13), o mesmo que convida a todos, pelo batismo, a ser uma nação santa (Ex 19-3-20).
“Somos convidados a caminhar na docilidade do Espírito Santo, na certeza que a diversidade de dons é uma riqueza e nos impulsionará ainda mais para a missão. Somos um povo escolhido, uma nação santa convocado para ser um sinal da presença do Senhor nesta grande cidade”, disse.
"Há muitas situações antagônicas que se abatem sobre o mundo e cada um experimenta na própria vida, como polarizações, intolerâncias, miséria, fome e incertezas. Situações difíceis que acontecem no âmbito pessoal, na sociedade e também no ambiente eclesial, na própria arquidiocese, mas que são superadas pelo povo de Deus que é iluminado pela força do Espírito Santo", destacou o arcebispo.
“Somos testemunhas de situações diferentes e inusitadas que se abateram sobre nós nos dois últimos anos, por causa da pandemia, e de como o Senhor, pela ação do Espírito Santo, nos fez encontrar caminhos que nunca antes tínhamos percorrido. Como é bonito ver, mesmo caminhando na dor, a fidelidade do povo em nossas paróquias e comunidades, a buscar aquilo que é essencial, o encontro com o Senhor Jesus”, frisou.
“Nós iniciamos esse tempo do Sínodo com realidades muito concretas no nosso dia a dia. Sentimos as dores e as dificuldades do nosso povo, mas por meio da ação pastoral de nossas paróquias e comunidades, cada um com seu carisma, temos dado também respostas concretas. A diversidade de dons, carismas e ministérios tem sido uma riqueza em nossa arquidiocese, um belo jardim que atinge tantas situações quando caminha em comunhão e na unidade. Por tudo isso, louvo e bendigo a Deus por todos aqueles que se colocam disponíveis à ação do Espírito Santo e assim o fazem”, ressaltou.
A preocupação do Santo Padre, segundo lembrou Dom Orani, é apontar caminhos para que o povo de Deus possa viver seu protagonismo em uma Igreja que seja conduzida pelo Espírito Santo. Para isso, afirmou o arcebispo, é preciso que as perguntas do questionário possam chegar a todos.
“As pessoas devem ser ouvidas, sem obstáculos, com toda a atenção e proximidade possível. As perguntas são simples, mas para conhecer quais são as dores e angústias do povo, e também suas alegrias, esperanças e sonhos, elas não devem ser respondidas de forma fria, técnica ou pré-fabricadas, mas com o coração, a própria vida. Sínodo é caminhar juntos. Nosso desejo é que todos se sintam participantes do processo, e que seja uma participação generosa, disponível para o bem da Igreja”, apontou.
Comunhão, participação e missão
Dom Orani observou que O Sínodo fala de comunhão, de participação e de missão, e que unidade não significa uniformidade, mas é benéfica quando há diversidade de dons. “O que atrapalha a comunhão não é a diversidade de situações e de dons, mas sim a falta de unidade de quem se dispersa e se separa da unidade”, disse.
A dinâmica da comunhão, ressaltou o arcebispo, é o ‘vede como se amam, como caminham'. Pode não parecer, explicou, mas as pessoas têm o senso da percepção quando se caminha na unidade ou quando alguém está de seu lado, mas é apenas de fachada.
“A comunhão deve ser uma consequência da vida. A pessoas que se amam, que caminham juntas se tornam atrativas para as pessoas. Ao nosso redor há crianças, jovens e adultos sedentos de vida e de luz que necessitam do testemunho de uma Igreja viva que possa ajudá-los a ver para onde caminhar, onde podem encontrar-se com Jesus Cristo. A comunhão deve nos unir para sermos a presença de Jesus Cristo na sociedade”, concluiu.
Tempo fecundo
No início da celebração, houve a bênção da água e do sal. No final, todos com velas acesas, houve a renovação das promessas do batismo. Em seguida, dom Orani entregou o material das diretrizes e as flâmulas do Sínodo em âmbito arquidiocesano. A celebração foi concluída com o envio e a bênção para que este “tempo de escuta do Espírito Santo, da Palavra e de todas as pessoas seja fecundo em frutos para a Igreja e o mundo inteiro”.
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui