Reflexão para o 31º Domingo do Tempo Comum
Padre Cesar Augusto Santos, SJ – Vatican News
Tanto na primeira leitura, Deuteronômio 6, 2-6 onde Moisés pronuncia o famoso “Shemá Israel”, isto é, “Ouve Israel”, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda tua alma e com todas as tuas forças; no Evangelho, Marcos 12, 28-34, Jesus também usa o Shemá Israel! O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e com toda a tua força!” Jesus acrescenta o amor ao próximo que já encontramos como prescrição em Levítico 19, 17, quando é dito: ” Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou Iaweh”. Jesus acrescenta na perícope de hoje:” O segundo mandamento é:” Amarás o teu próximo como a ti mesmo!” E revela:” Não existe outro mandamento maior do que estes.” A novidade está no uso do verbo ”amar”.
Aquilo que era usado apenas para Deus, Jesus usa para unir os mandamentos e enfraquece o uso de ritos e sacrifícios. Agora a demonstração de nosso amor a Deus estará ligada ao nosso amor ao próximo. Ficam em segundo plano os 613 mandamentos impostos pela tradição judaica e o temer a Deus, com o qual nossa primeira leitura se inicia “Temerás”, passa a ser a prática do amor a Ele e aos demais, seus queridos. E aí entendemos o versículo 34 do Evangelho de hoje, onde Jesus declara ao mestre da Lei com o qual dialoga, que ele não está longe do Reino de Deus, pois para ele os sacrifícios e holocaustos perderam a primazia. Para ele só faltava a prática da misericórdia, o exercício do amor.
A segunda leitura, Carta aos Hebreus 7, 23-28 nos ensina que Jesus, da tribo de Judá e não da de Levi, como eram os demais sacerdotes, é o sacerdote por excelência por viver um sacerdócio novo, superior aos anteriores, que não precisa realizar sacrifícios para sua própria purificação, mas apenas para a do povo e o fez uma única vez e se ofereceu como vítima.
Como podemos perceber, Jesus Cristo tornou nosso amor e louvor a Deus mais leve e mais definitivo, além de devermos seguir nossa natureza que é amar, já que fomos criados à imagem e semelhança do Amor. Não precisamos de tantas normas e leis, mas a lei é uma só e única: amar! O mais, é o mais. Só um ato é necessário e essencial – amar! As demais coisas devem ser ordenadas para ele e ele estar submetidas. Uma religiosidade cheia de normas e de ritos, mesmo os mais piedosos, corre um grande risco, o de nos distrair do essencial, do autenticamente cristão – amar e ser misericordioso!
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