A Catedral de Rabat celebra seu centenário com um Jubileu
Olivier Bonnel - Cidade do Vaticano
Nunca a Catedral de Rabat apareceu por tanto tempo nas telas dos marroquinos, como naquele dia 31 de março de 2019, data do encontro do Papa Francisco com os sacerdotes, religiosos e consagrados presentes no Marrocos, e que foi transmitido na íntegra pela televisão nacional do Reino. Um comovente e alegre encontro, durante o qual o Soberano Pontífice saudou com particular afeto o Ir. Jean-Pierre Shumacher, recentemente falecido, último sobrevivente da comunidade trapista de Tibhirine, vindo do mosteiro de Midelt, localizado na Cordilheira do Atlas.
Mistura de Art Déco e influência oriental, sua fachada branca com suas duas torres e suas arestas vivas tornaram-se parte integrante da paisagem da capital marroquina. Construída em um cruzamento na cidade, no que hoje é Place Al Joulane (antiga Praça do Cardeal Lavigerie), o prédio já é um local de confluência por si só. Ele ainda não estava totalmente concluído em 17 de novembro de 1921, quando foi inaugurado. Dois anos depois, o Papa Pio XI criou o Vicariato Apostólico de Rabat, e a igreja tornou-se oficialmente a Catedral da cidade em 1955, quando foi criada a diocese.
"Uma casa onde compartilhamos pão"
No dia 20 de novembro, o cardeal Cristobal Lopez Romero, arcebispo de Rabat, celebrou uma Missa, lançando oficialmente o Jubileu pelo centenário da igreja. Numa «Carta ao Povo de Deus» publicada no dia 31 de outubro, o arcebispo explica o significado deste aniversário, agradecendo sobretudo a todos aqueles, principalmente os franciscanos, pela construção da igreja.
“Construir a comunhão entre todos a partir da nossa abundante diversidade e viver em comunhão uns com os outros: esta é um belo objetivo para este centenário”, escreveu o purpurado. Porque a Catedral de Saint-Pierre se tornou um lugar de comunhão por excelência ao longo do tempo. Um local de acolhida para muitos migrantes, como durante os períodos de confinamento, quando lá muitas refeições foram servidas para essas pessoas vulneráveis.
Segundo o seu pároco, padre Daniel Nourissat, a Catedral de Rabat marca "a renovação da presença cristã no Marrocos, mas também uma homenagem ao patrimônio marroquino, pois estamos convencidos de que esta igreja também pertence ao povo marroquino", e recorda que o terreno onde Saint-Pierre foi construída foi doado na época por tribos marroquinas. Esta catedral, segundo o padre Nourissat, é realmente "uma casa onde se compartilha o pão".
A reviravolta com a visita do Papa Francisco
“Tudo mudou depois da visita do Santo Padre”, afirma o padre Nourissat, que explica que vários padres foram perguntar como poderiam servir. O vizinho Instituto Ecumênico Teológico Al Mowafaqa, se encheu de estudantes muçulmanos que foram se formar no diálogo inter-religioso, e a catedral tornou-se um lugar cada vez mais visitado. “Criamos um pequeno centro de acolhida dentro da catedral para que exista uma presença contínua”, enfatiza.
Durante este Jubileu, várias conferências serão organizadas. Uma delas será no próximo mês de março, três anos após a visita do Papa Francisco. A oportunidade de fazer uma leitura cruzada dos discursos do Soberano Pontífice, que serão lidos por uma personalidade muçulmana, enquanto o cardeal Lopez fará a leitura dos discursos do Rei Mohamed VI, ‘Comandante dos Crentes’.
“Os marroquinos têm orgulho de ter este prédio”, sublinha o padre Nourissat, que recorda as palavras do Papa, convidando os religiosos a serem “os sacramentos do encontro de Deus com os homens”. “Isso estimulou a todos nós”, conclui o sacerdote.
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