O Natal nas comunidades católicas da Ásia Central
Paolo Affatato
“É um broto delicado e frágil, dentro de uma imensa estepe, mas destinado a dar frutos”. O jesuíta Anthony James Corcoran, administrador apostólico do Quirguistão, usa uma imagem do mundo da natureza para descrever como as pequenas comunidades católicas espalhadas pelas nações da Ásia Central viveram o Natal. "Como Igreja pequena, somos como uma pequena plantinha em uma grande extensão, somos uma realidade quase desconhecida, mas isso não significa que a vinda de Cristo não dará frutos".
Quirguistão
No Quirguistão - uma nação de seis milhões de habitantes, 90% muçulmanos - existem atualmente três paróquias nas cidades de Bishkek, Jalal-Abad e Talas, e outras pequenas comunidades nas áreas rurais, com um total de cerca de 1.500 católicos. Os agentes pastorais são um total de sete sacerdotes, uma religiosa e cinco irmãs franciscanas. "Neste contexto", explica, "viver o mistério do Deus que se faz homem significa testemunhar o ministério da consolação, especialmente em relação aos pobres, aos que sofrem, aos doentes, aos aflitos ou aos desesperados. "Ao rezar e refletir sobre o que significa levar a luz de Cristo a tal realidade, compreendemos como é importante partir da amizade e da experiência do consolo: trata-se de uma dimensão inter-religiosa, porque Jesus não consola só nós, os cristãos. Este trabalho é especialmente importante com os jovens, porque se eles podem se concentrar na experiência do consolo podem começar a se perguntar de onde ela vem, e assim descobrir Cristo”.
Tajiquistão
O Natal é um tempo especial de solidariedade para a Igreja no vizinho Tajiquistão, uma pequena comunidade de cem fiéis em todo o país que cuidam dos filhos de mulheres presidiárias como parte do ministério penitenciário. Também aqui, num contexto social muçulmano de 98%, os fiéis estão distribuídos entre as duas paróquias de Dushanbe e Qurgonteppa e vivem sua fé "na certeza de que o Senhor está conosco e não nos abandona, como celebramos no mistério do Natal e como tentamos testemunhar em nossa realidade", observam os padres do Instituto do Verbo Encarnado, que vivem na nação.
Turcomenistão
O fato de ser "um pequeno e muito humilde rebanho em uma terra de maioria islâmica, não é uma limitação para a proclamação do Reino de Deus, que no Natal se torna presente na vida humana", relata o Padre Andrzej Madej, missionário dos Oblatos de Maria Imaculada, superior da missio sui iuris no Turcomenistão. "A celebração da liturgia de Natal em vários idiomas é um aspecto importante. Em nossa capela em Ashgabat, celebramos a Eucaristia em russo e inglês, mas também lemos o Evangelho em turcomeno. Durante este tempo, consolidamos um caminho de catecumenato, que às vezes dura três ou quatro anos, acompanhando as pessoas em direção ao batismo. E o Natal é uma oportunidade para organizar reuniões nas casas das famílias católicas, para visitar pessoas em hospitais e lares de idosos. Também vamos a outras cidades e vilarejos, às vezes só para fazer amigos. O Natal é para nós uma presença de alegria e caridade".
Uzbequistão
"No Uzbequistão, onde resiste a tradição soviética, que reconhece a passagem de ano como o dia de festa mais importante, tentamos transmitir e viver a importância do Natal preparando a vigília do dia 24 e a missa do dia 25 da melhor forma possível. Olhamos para o futuro com grande esperança, mesmo servindo uma comunidade de trinta paroquianos", observa o padre Ariel Álvarez Toncovich, sacerdote do Instituto do Verbo Encarnado e pároco da Igreja de São João Batista em Samarcanda. "O pequeno número de fiéis não é motivo de desencorajamento. Ter celebrado quatro batismos em 2021 é sinal de uma pequena, mas animada comunidade que continuará a crescer, porque o Senhor, como proclamamos no Natal, caminha ao nosso lado". Em todo o país há um total de cinco paróquias e cerca de três mil pessoas batizadas.
Mongólia
Também na Mongólia, enquanto o termômetro marcava -30 graus, "a luz e o calor do Natal trouxeram a plenitude da alegria: o Senhor Jesus veio para nos dar sua encarnação", relata o prefeito apostólico de Ulan Bator na Mongólia e um missionário da Consolata, Giorgio Marengo. O espírito dos católicos mongóis, 1.300 no total, em um território sem fronteiras com uma população predominantemente budista, é de "maravilha, de profunda adoração ao Senhor Jesus, o Emanuel, em uma festa vivida com grande intensidade espiritual, em extrema simplicidade e com grande discrição". Catequistas, animadores e agentes da pastoral das oito paróquias da Mongólia se reuniram sob o gher, a tenda tradicional transformada em uma igreja, onde a Eucaristia foi celebrada e onde todos puderam rezar juntos.
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