Portugal: Universidade Católica leciona disciplinas sobre desenvolvimento sustentável
Rui Saraiva – Portugal
A Universidade Católica Portuguesa (UCP) vai lecionar a partir de fevereiro disciplinas com conteúdos ODS-Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Uma iniciativa pioneira que surge no âmbito do Plano de Desenvolvimento Estratégico da instituição.
Isabel Capeloa Gil, reitora da UCP, explica este projeto em declarações a Flávia Barbosa do Departamento de Comunicação Social da Arquidiocese de Braga.
“A ideia das ‘Cadeiras ODS’ (disciplinas ODS) surgiu no âmbito do desenvolvimento do Plano de Desenvolvimento Estratégico (PDE) da Universidade, que foi aprovado em Março último e que tem como uma das ideias centrais preparar a Universidade para aquilo que são os grandes desafios do desenvolvimento sustentável. Não só os Objetivos de Desenvolvimento do milénio, mas articulando-os igualmente com aquilo que são os Objetivos Laudato Si’ (OLS), em decurso da encíclica do Papa Francisco. Trabalhar estes objetivos obrigava-nos a olhar para a sustentabilidade como algo que não fosse adicional ao PDE, por isso não colocámos a sustentabilidade como um objetivo isolado: a sustentabilidade estrutura tudo o que é o projeto de desenvolvimento! Ou seja, não é um objetivo a atingir, é o pressuposto que permitirá que os objetivos de desenvolvimento e as metas possam vir a ser atingidas” – declara Isabel Capeloa Gil.
Nesta entrevista, a reitora da UCP aborda a importância das encíclicas “Laudato Si” e “Fratelli Tutti” do Papa Francisco, no desenvolvimento das disciplinas sobre os objetivos de desenvolvimento sustentável.
“As duas encíclicas sociais, a “Laudato Si’” e a “Fratelli Tutti”, estão muito vocacionadas para uma análise daquilo que são as condições sociais, culturais e económicas do mundo em que vivemos, são particularmente importantes como quadro para analisar a realidade. Eu ouvi muitos políticos, internacionais e nacionais, na altura em que foi publicada a Fratelli Tutti, dizerem que se tratava da mais robusta análise social e política feita por um grande líder mundial nos últimos tempos. Estamos a falar aqui de dois documentos que são absolutamente centrais para entender o mundo contemporâneo e o caminho que queremos fazer. Os estudantes reagem muito bem aos dois documentos, porque lhes falam de uma realidade próxima, de uma realidade que vivem, seja na área da educação, na área cultural, das redes sociais, da cultura digital, dos riscos e das oportunidades… São coisas muito próximas! Esta é uma altura fascinante, em que há uma curiosidade imensa pelo mundo que nos rodeia, numa sociedade em que o nível de informação é brutal, e é preciso saber distinguir entre os vários pacotes de informação que nos chegam. Estas duas encíclicas estão muito vocacionadas para essa experiência real das pessoas e dos jovens e dão muito protagonismo aos jovens. O Papa fala muito na importância destes novos protagonistas. Nesse sentido também é um momento fascinante – e agora falo mais na minha função de professora –, é o momento de transmitir e, ao mesmo tempo, ouvir muito mais estas vozes de quem tem contacto com os quadros do Catolicismo e do Cristianismo.”
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