Varre Sai: Festa de São Sebastião preserva tradição centenária
Ricardo Gomes – Diocese de Campos
São Sebastião pelo fim da pandemia e pelo inicio das obras de reforma e restauração da Igreja Matriz. Este ano a festa completa uma tradição de 109 anos e tem como lema “Com São Sebastião, caminhamos juntos, numa Igreja Sinodal, rumo ao Reino de Deus”. Padre Rogério Cabral Caetano se une aos devotos na dor pela perda de vidas na cidade, vitimadas pela Covid 19 e pela igreja matriz interditada desde o desabamento da torre e da fachada no dia 13 de fevereiro de 2020.
“No meu coração de pastor uma dor profunda em ter de conviver com a perda de vidas de fiéis e amigos, vitimadas pelo Covid 19. Nossa cidade teve perdas irreparáveis de pessoas que poderiam viver muito. E a dor de ter a nossa Matriz de São Sebastião interditada em consequência do desabamento da torre e fachada ocorrida em 2020 com as fortes chuvas que caíram em nossa região. Colocamos na intercessão de nosso amado padroeiro a solução da pandemia e do inicio das obras para termos a nossa matriz, cartão postal de volta para acolher a todos devotos”, conta padre Rogério.
Programação tradicional preservada com protocolos sanitários
Este ano a Festa de São Sebastião está se realizando com todos os cuidados e protocolos sanitários. As missas estão sendo celebradas na Igreja de Santa Filomena. A abertura teve carreata que percorreu o centro urbano e zona rural com a imagem do padroeiro e no novenário a relíquia do santo está visitando as famílias e repartições públicas na cidade. A Cavalgada aconteceu mantendo as orientações sanitárias evitando aglomerações, mas preservando a tradição na festa.
Padre Rogério Cabral Caetano revela os desafios para preservar a festa que reúne devotos do santo mártir num tempo marcado pela dor e pela morte, mas adverte os fieis da necessidade de cuidar da vida, evitando a circulação do vírus que ceifou muitas vidas.
“A Festa deste ano é desafiadora. Manter viva a chama da fé e devoção ao santo que é protetor das pestes e calamidades, mas termos o cuidado de preservar a vida dos fiéis e devotos. Mas com a certeza da proteção de São Sebastião estamos realizando a nossa festa”, destaca o sacerdote.
Fé e História se unem
A devoção a São Sebastião inicia junto à formação da vila. História de fé que começa com uma promessa do fazendeiro Felicíssimo Faria Salgado, que cumpriu a promessa e construiu o povoado e a igreja. Uma fé que cresceu junto com o povoado e hoje é tradição religiosa na cidade e município. Nas ruas o casario preservado revela a presença dos imigrantes italianos que ajudaram a construir os pilares do desenvolvimento. Uma cidade marcada pela fé católica que com o passar dos tempos conquistou devotos em toda a região que agradecem ao padroeiro.
“Meados do século IXX iniciou-se a construção da igreja (estilo Barroco Rural Mineiro) e também as primeiras ruas do povoado. Em 1913, a vila já era grande e a devoção ao santo intensa, Varre Sai tornou-se paróquia com seu primeiro pároco, o padre Moita Calheiros. Necessitava-se de uma nova igreja espaçosa e vistosa, como os novos tempos ordenavam. Em 1920, iniciou-se a construção da nova igreja de São Sebastião (estilo eclético). A obra levou vários anos para ser concluída, o que se deu com o término da bela escadaria, ladeada pelas imagens dos santos apóstolos Pedro e Paulo em 7 de abril de 1939, pelo padre Antônio Cerbella”, destaca Jamilton Vieira, historiador social.
Ao longo de um século a devoção aumentou e atualmente a festa é preservada diante dos desafios da pandemia. Padre Rogério Cabral Caetano destaca a importante participação de toda a sociedade que ajuda a manter viva a chama da fé e devoção. O sacerdote afirma que é na fé e intercessão do padroeiro que a comunidade se mantém firme e confiante no fim da pandemia. Desde a história de fé iniciada pelo fazendeiro Felicíssimo Faria Salgado até os tempos atuais fé e história se unem e dialogam.
O Historiador Jamilton Vieira destaca que a igreja matriz de São Sebastião é hoje um dos belos pontos turísticos do município. Destacada na colina tem em sua escadaria o divisor de beleza da praça padre Abaeté Cordeiro, com sua gruta, seu coreto, belas árvores e no entorno seu casario secular. E o lamento de toda a sociedade de ter esse patrimônio interditado. Para padre Rogério é tempo de se unir para reconstrução e restauração da igreja que é um patrimônio e cartão postal da cidade.
“Este momento que festejamos São Sebastião temos de renovar nossa fé e juntos para refazer nossa história com a reconstrução da Igreja Matriz que representa a memória de fé e devoção de nossa gente. Juntos reconstruiremos nossa matriz para receber a todos e celebrar com todo jubilo o nosso amado padroeiro que do alto da colina nos protegerá contra todas as pestes e calamidades”, conclui o sacerdote.
Igreja patrimônio histórico e memória de. Varre – Sai
Renan José Valentim revela que a devoção a São Sebastiao ocupa um lugar de destaque em Varre – Sai e define a identidade cultural e religiosa com uma tradição centenária. A cidade nasceu com a devoção ao Santo e se desenvolveu ao seu redor. Uma cidade que tem o orgulho de ter em São Sebastião como padroeiro, representado como memória coletiva, religiosa e cultural.
“Orgulha o coração de nosso povo dizer que São Sebastião é padroeiro da cidade, que ampara e protege a todos. Ao chegar na cidade a imponente igreja Matriz, que agora se encontra em ruinas, que de certa forma não era somente um templo religioso, como a manifestação da cultura cristã e as raízes essenciais do município. Sendo assim, as festas solenes, a Semana Santa, as quermesses congregavam o povo num templo repleto de amor dos munícipes. Enfim a Igreja Matriz deixa nosso povo triste ao comtemplara nossa matriz com os festejos tão importantes. Sonhamos com o dia com nossa igreja reedificada para acolher os fiéis e devotos de São Sebastião”, relata Renan.
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