Políticos e bispos reunidos em Florença nas pegadas do "santo prefeito"
Bianca Fraccalvieri - Florença
Sessenta cidades, 20 países de três regiões geográficas diferentes: Florença acolhe de 23 a 27 de fevereiro o encontro de prefeitos e bispos que em comum têm o “mare nostrum”: o Mar Mediterrâneo.
O Papa Francisco era esperado para a conclusão do evento, mas sua vinda foi cancelada devido a problemas no joelho.
A capital da Toscana foi escolhida para sediar o evento por sua natural vocação à universalidade. A sua riqueza cultural e artística é amplamente conhecida, mas aqui é também a terra do “santo prefeito”. O político italiano Giorgio La Pira nasceu em 1904 e faleceu aos 73 anos em 1977. Ele guiou a cidade de Florença por três mandatos, sendo o primeiro deles em 1951. Sua causa de beatificação foi aberta em 1986. Em 2018, o Papa Francisco autorizou a Congregação das Causas dos Santos a promulgar o decreto sobre suas virtudes heroicas. Portanto, a Igreja o reconhece como venerável.
A intenção dos prefeitos e bispos é encontrar-se e dialogar partindo justamente dos pensamentos e ações de Giorgio La Pira, que em plena Guerra Fria iniciou um caminho para favorecer a política do encontro e do diálogo na promoção do bem comum.
Quem aprofunda o legado do “santo prefeito” é a advogada brasileira Sandra Rodrigues. Ela reside em Florença, onde leciona “Cidadania Ativa” no Centro Internacional Estudantes Giorgio La Pira.
“Giorgio La Pira nasceu no sul da Itália foi político professor e prefeito de Florença. Abater os muros e construir pontes foi o seu empenho concreto para paz entre os povos e nações. Foi um padre constituinte. A sua vida na Terra, através da política, foi a serviço dos pobres e necessitados. Para La Pira, a paz é inevitável e deve começar da serenidade da pessoa e da sua família. A sua visão da cidade é como um lugar de relação e de desenvolvimento da personalidade humana que é, ao mesmo tempo - na sua visão -, lugar de contemplação, lugar de amor. Ele dizia: ‘Não devemos construir casas, mas devemos construir a cidade, ou seja, não podemos construir anônimos dormitórios sem identidade e sim um lugar que ajude as pessoas a realizarem a própria vocação social’.
As nossas casas, a nossa cidade, devem ser lugares da relação fraterna, porque a cidade é uma grande casa comum e o papel do prefeito, ou seja, do homem político na administração da cidade e na promoção social, é encontrar toda maneira possível para que os cidadãos se ajudem e se amem reciprocamente para o bem comum, ou seja, para o bem da cidade. Giorgio La Pira foi um leigo cristão que dimensionava sua vida de doação política à sua íntima relação com Deus. Deus que é Uno é Trino.”
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