Diocese de Campos: debate sobre Educação na abertura da Campanha da Fraternidade
Ricardo Gomes – Diocese de Campos
“Com a pandemia agravou-se a situação da educação pública, pois apesar dos professores terem que utilizar recursos próprios para que o ensino remoto funcionasse, a maioria dos alunos não tinham como ter acesso aos conteúdos, nos mostrando mais uma vez, as diferenças educacionais impostas pelas classes sociais e as profundas desigualdades de realidades. Nós como cristãos devemos lutar por uma política pública onde as classes sociais menos favorecidas possam ter acesso a uma educação de qualidade como direito adquirido e garantido.” Geórgia Regina Rodrigues Gomes Poly - Professora da Universidade Federal Fluminense
Fraternidade e Educação, tema da Campanha da Fraternidade terá neste domingo, na Paróquia São José do Avahy, em Itaperuna, Diocese de Campos, debate com participação do Bispo de Campos, Dom Roberto Francisco Ferreria Paz e professores. O encontro abre a Campanha da Fraternidade e questiona a educação a partir da orientação do Papa Francisco no Pacto Educativo Global de um processo educacional integral.
A Comissão do Laicato da Diocese de Campos que organiza o encontro propõe debater os caminhos de uma educação integral que forme a consciência de um processo educacional que apresente as diretrizes de formação da cidadania e com respeito aos valores éticos, morais de uma nova sociedade humana. Um processo educacional que envolve professores, famílias, igrejas e toda a sociedade, buscando a construção de um mundo de paz que cuide da Casa Comum.
A Professora da Universidade Federal Fluminense, Geórgia Regina Rodrigues Gomes Poly destaca que a Campanha da Fraternidade deve despertar o interesse na busca de uma educação que possa formar indivíduos na sua integralidade, que pensam, decidem e reivindicam seus direitos sem jamais deixar de conhecer e cumprir seus deveres como cidadão. Para a educadora a Igreja através de seus catequistas deve dar seguimento ao trabalho de formação, não só religiosa, mas preparando homens novos para fortalecer a Igreja e promover mudanças necessárias em nossa sociedade, para uma vida mais igualitária.
“A educação deve ser pensada não só no aprendizado dos componentes curriculares, mas também na formação do indivíduo como ser humano integral. Neste sentido, destaco a importância da participação da família no âmbito escolar para um bom desenvolvimento cognitivo e social das crianças e adolescentes. A família e a escola se complementam na busca deste objetivo. A educação pública brasileira vem sendo precarizada, pois os governantes não entendem como é importante o investimento na formação do cidadão como um todo. Posso citar como investimento a justa remuneração dos professores, estes para terem uma vida digna, precisam ter uma jornada de trabalho exaustiva, impedindo que tenham condição para se dedicarem a sua formação continuada, o que na pandemia se mostrou evidente. Os baixos salários têm como objetivo desencorajar os professores na árdua missão de educar, desmotivando e tentando baixar sua estima, indo de encontro aos interesses de politiqueiros”, revela Georgia.
Desafios da Educação Integral
“A Campanha da Fraternidade do ano de 2022 cujo tema é “Fraternidade e Educação” e o Lema “Fala com sabedoria, ensino com amor” (cf. Pr.31,26). leva-nos a refletir sobre a educação em nosso país e a participação da Escola, da Família, da Igreja e toda a Sociedade. Jesus Cristo foi o maior dos educadores utilizando os recursos que possuía, se revelando sempre aos mais pobres e marginalizados. Sua educação era uma educação inclusiva, não excluía ninguém. Geórgia Regina Rodrigues Gomes Poly - Professora da Universidade Federal Fluminense.
O bispo de Campos, dom Roberto Francisco Ferreria Paz destaca a educação para uma nova ordem mundial. Num tempo de conflitos é urgente a formação de uma consciência da paz entre as nações. Dom Roberto Salienta a educação integral que une educadores, famílias, igrejas e todos seguimentos da sociedade. Dom Roberto defende uma educação para uma consciência cívica, política e cidadã.
Dom Roberto destaca o Papa Francisco que coloca em evidencia o papel transformador da educação que gera o homem novo superando as desigualdades promovendo a inclusão com relações fraternas e justas que não deve acontecer entre quatro paredes. E Dom Roberto enfoca a necessidade de uma educação dialógica e libertadora.
O Pacto Educativo Global proposto pelo Papa Francisco que supõe a aliança educativa com educadores, pais e a sociedade civil com as suas mediações, movimentos, igrejas, porque educar é um ato coletivo que constitui uma democracia ampla e direta. Toda a sociedade deve ser educadora e a família não pode terceirizar essa missão. Temos de ter esse olhar interativo e transformador e globalizante. Todo ser humano educa e é educado ao mesmo tempo. Nós nos educamos e aprendemos, ressalta o bispo.
“Uma educação para a paz que se dá na paz, pela paz e para a paz e uma educação que busca resolver os conflitos, com uma resolução não violenta. Uma educação para a paz que deve ser afirmativa dos direitos humanos de todos e deve levar ao dialogo das pessoas, nações e culturas, inter-cultural para a paz. Uma educação sócio emocional que deve apurar os ressentimentos, superar os preconceitos e limpar do inconsciente de tantas coisas depositadas como agressividade e ódio que tão mal faz e nos leva a nos habilitarmos como pessoas compassivas, não violentas e semeadores de um mundo novo”. Conclui Dom Roberto.
Dom Roberto destaca que o papel da Igreja é ser educadora por excelência seguindo os passos de Jesus, educador e mestre que veio ensinar o caminho do Reino, da felicidade e de uma vida plena. A educação humanizadora, libertadora e evangelizadora. Essa a missão da igreja que não pode deixar de educar.
Educar para uma nova realidade
“A escola e a igreja formadoras. Mas as mudanças que queremos se faz com testemunho, com as nossas práticas nas relações sociais onde a família e as demais instituições serão o espaço para os paradigmas propostos, concebido. A Campanha da Fraternidade é uma grandiosa contribuição, uma prática pastoral coerente com os princípios apresentados e a melhor estratégia. Robson Terra Lima
O Professor de Sociologia Robson Terra Lima aponta a educação para uma nova sociedade. Buscar a paz e a formação de cidadãos que respeitem e defendam a vida. Um processo que envolve todos os seguimentos sociais, iniciando nas famílias como defensora da vida e dos valores éticos e morais. Robson defende que nem sempre o educador é professor, um profissional da educação formal, cujo papel é formar cidadãos para serem construtores da cultura de paz e da partilha solidária.
“Todos nós educadores, atuando na escola, na família, na igreja, no nosso trabalho e em todas as relações sociais somos chamados ao desafio de superar a cultura da violência, da competição desregrada e egoísta e contribuímos para uma tolerância empática a Casa Comum que nos conclama o Papa Francisco”.
Os profissionais da educação têm como desafio a mudança de paradigmas de uma cultura individualista e violenta para uma cultura de paz, colaborativa e solidaria e estratégias para a construção de uma nova ordem mundial, de uma Casa Comum, com base na fraternidade e respeito a preservação do meio ambiente como lições para as gerações atuais e futuras.
“Essa mudança de paradigmas precisa acontecer na sociedade e não somente na escola. A igreja católica no Brasil, nesta Campanha da Fraternidade assume o protagonismo nessa tarefa de envolver toda a sociedade e a escola e sim um espaço privilegiado para impulsionar esta mudança. Superando essa cultura do egoísta, fazendo que o educando perceba como parte de um corpo social integrado a um ambiente e a vida e a sobrevivência depende da integração com o outro, o diferente para lutar pelo bem comum”, defende Robson.
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