Ceará: Menina Benigna será beatificada em 24 de outubro
Andressa Collet - Vatican News
A comunidade de Santana do Cariri, no Ceará, assim como de toda a diocese de Crato, está em festa com o anúncio oficial da nova data de beatificação de Benigna Cardoso. A coletiva de imprensa de segunda-feira (2) para divulgar a notícia confirmada pela Congregação para as Causas dos Santos, que também reuniu autoridades civis e religiosos, foi transmitida em telão montado na Igreja Matriz de Sra. Sant’Ana. O anúncio foi feito por dom Magnus Henrique, bispo diocesano de Crato.
Beatificação em 24 de outubro
Benigna Cardoso, considerada a “heroína da castidade”, será beatificada em 24 de outubro deste ano, em celebração presidida pelo cardeal Marcello Semeraro, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, na Praça da Catedral de Nossa Senhora da Penha, em Crato. O dia, de grande valor simbólico pois faz memória ao martírio da Serva de Deus em 1941, foi confirmado em resposta do cardeal a uma carta de dom Magnus enviada no final de fevereiro, com a proposta de três datas para a beatificação. A resposta chegou à diocese de Crato em 28 de abril, apresentando a data de 24 de outubro para a beatificação.
“Com alegria e júbilo anunciamos a beatificação da Menina Benigna, martirizada em nossa diocese”, disse o bispo diocesano na coletiva de imprensa, já que ela será a primeira beata nascida no Ceará e a quarta mártir do Brasil. A promulgação do decreto, no qual o Papa Francisco autoriza a beatificação, data de 2 de outubro de 2019. A beatificação, que faz parte do processo para torná-la uma santa para a Igreja Católica, deveria ter acontecido ainda em 2020, mas foi adiada devido à pandemia da Covid-19.
A história da Menina Benigna
Benigna Cardoso nasceu em Santana do Cariri, no Ceará, em 1928. Em 1941, aos 13 anos de idade, ela foi assassinada com golpes de facão dados por Raul Alves, após recusar ter relações sexuais com o criminoso. Após a morte, a Menina Benigna passou a ser venerada como mártir na Região do Cariri e virou símbolo da resistência contra o feminicídio e a violência sexual contra crianças e adolescentes.
O Padre Wesley Barros, coordenador da Comissão Diocesana para a Beatificação, conversou com o Vatican News sobre o anúncio da beatificação da virgem e mártir do Ceará e falou sobre a coroação dos esforços de 12 anos, desde que foi iniciado o processo para reconhecimento do martírio: a nova e definitiva data também "é um elemento de evangelização", já que a história de Benigna é um impulso a mais na ação evangelizadora da Igreja diocesana, confirmou ele.
A preparação para a beatificação
Na ocasião do anúncio da data de beatificação da mártir, também foi apresentado à imprensa o logotipo oficial que será usado nos preparativos e no dia da celebração. O logotipo oficial da Beatificação de Benigna Cardoso da Silva foi idealizado a partir do formato de uma cruz, símbolo que evoca a centralidade da fé cristã, o mistério pascal: paixão, morte e ressurreição de Jesus. Desse mistério vive a Igreja pela fé, participando dos sofrimentos e da vitória do Senhor, testemunhando a esperança do Reino e atualizando no mundo a caridade de Cristo.
Na cruz foram inseridos os elementos que evocam a vida e o ambiente de Benigna, aludindo à realidade humana assumida por Cristo. Mediante a participação no seu mistério pascal o ser humano encontra sua dignidade de filho de Deus e herdeiro do Reino dos Céus; nisso, até a natureza “que aguarda a manifestação dos filhos de Deus” (Rm 8,19) é beneficiada pelo mesmo mistério da redenção. Outros elementos também foram escolhidos, segundo a sua simbologia:
Calcário laminado: é o tipo de rocha predominante em toda a região do município de Santana do Cariri; muito utilizada na edificação das casas de famílias simples do lugar. Faz referência ao lugar geográfico onde viveu a mártir e à própria residência de Benigna. Foi sobre uma mina de calcário laminado que Benigna Cardoso sofreu o martírio banhando-a com o seu sangue, e oferecendo a vida sobre a rocha de sua fé. Foram desenhadas doze pedras no logotipo representando os apóstolos, fundamentos da Igreja, e a fé que eles transmitiram, a qual, acolhida por Benigna, resultou na solidez do seu testemunho de vida.
Palma: símbolo do martírio. É um símbolo bíblico colocado pelo livro do Apocalipse na mão dos que derramaram seu sangue como Cristo. Os que venceram a grande tribulação e cantam no céu a vitória de Jesus, o Cordeiro imolado e ressuscitado (Ap 7,14-17).
Lírios: símbolo de pureza e santidade. Fazem referência à vida ilibada que ela conservou por causa do Reino de Deus, obtendo no mesmo dia em que entregou sua santa alma a Deus o título de “heroína da castidade”, escrito pelo pároco ao lado do seu registro de batismo.
As cores vermelha e branca: o detalhe vermelho com bolinhas brancas indica a veste que, profeticamente, Benigna usava por ocasião do seu martírio. O vermelho lembra o sangue e o branco a santidade de vida. Vestida com os sinais de suas heroicas virtudes, ela ofereceu o seu exemplo, imitando a Cristo na vida e na morte.
Rosto adolescente: o desenho do rosto de Benigna finaliza o logotipo. Está posto no lugar da cruz onde esteve o Senhor e Mestre a quem ela seguiu no mesmo caminho de calvário, atualizando as palavras de São Paulo: “já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). O rosto vazado lembra que o suplício do martírio cede lugar à ressurreição, à vida definitiva. Escolheu-se a representação em silhueta, sem muitos detalhes, como um convite para que todos, especialmente os adolescentes e jovens, sintam-se contemplados na medida em que acolham o Evangelho e vivam os valores do Reino de Deus, buscando viver como Benigna viveu.
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