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Oceanos: "este século pode testemunhar destruição sem precedentes"

Dom Ivo Scapolo, Núncio Apostólico lidera delegação da Santa Sé na Conferência de Lisboa.

Ecclesia

A delegação da Santa Sé na Conferência dos Oceanos, a decorrer em Lisboa, alertou para o risco de uma “destruição sem precedentes”, caso a comunidade internacional adie compromissos na defesa dos mares.

“Se as atuais tendências continuarem, este século pode testemunhar uma destruição sem precedentes dos recursos marinhos, com consequências terríveis para todos”, advertiu D. Ivo Scapolo, núncio apostólico em Portugal, que lidera a comitiva do Vaticano.

O responsável diplomático sublinhou que a Santa Sé atribui “grande importância” à implementação do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14, relativo à proteção da vida marinha.

“Enfrentar esta crise ecológica exige que todos os esforços empreendidos adotem uma abordagem integrada, colocando a pessoa humana no centro, favorecendo a proteção do meio ambiente e pautando-se pelo diálogo, cooperação e colaboração”, indicou, numa intervenção proferida esta quarta-feira e enviada à Agência ECCLESIA.

A delegação da Santa Sé manifestou preocupações com fenómenos como o “rápido aumento do nível do mar, agravamento da erosão costeira, aquecimento e acidificação dos oceanos, poluição marinha alarmante, incluindo plásticos, sobre-exploração dos estoques de peixes, declínio da biodiversidade marinha e perda de corais vivos”.

As consequências destes fenómenos ultrapassam a dimensão ambiental e têm efeitos nefastos na vida de milhões de pessoas, que dependem dos recursos e ecossistemas marinhos para sobreviver”.

Segundo a Santa Sé, esta degradação tem sido causada “principalmente pelo comportamento humano irresponsável”, levando à acidificação, destruição de recifes de coral e perda de biodiversidade, problemas agravados pelas mudanças climáticas.

A intervenção evocou os mais pobres que vivem em países menos desenvolvidos e pequenos Estados insulares em desenvolvimento, destacando que “o aumento do nível do mar representa uma ameaça existencial para as populações costeiras”.

D. Ivo Scapolo deixou votos de que esta conferência promova “um pacto renovado entre a humanidade e o meio ambiente”, para desenvolver políticas de longo prazo que assegurem “a solidariedade intergeracional”.

A II Conferência dos Oceanos da ONU decorre até sexta-feira em Lisboa, coorganizada por Portugal e Quénia, e pretende impulsionar esforços globais de proteção dos oceanos.

Em setembro de 2019, o Papa Francisco dedicou a sua intenção mensal de oração à proteção dos oceanos.

“Os oceanos contêm não só a maior parte da água do planeta, mas também a maior parte da vasta variedade dos seres vivos, muitos deles ameaçados por diversas causas. A criação é um projeto do amor de Deus para toda a humanidade”, referiu.

Francisco sublinhava que esta solidariedade com as questões ecológicas “nasce” da própria fé cristã.

“Vamos rezar para que os políticos, os cientistas e os economistas trabalhem juntos pela proteção dos mares e dos oceanos”, pediu.

Fonte: Ecclesia

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30 junho 2022, 11:01