Quênia. Mulheres consagradas na África: "Um papel valioso para a Igreja"
Vatican News
"A Associação de Mulheres Consagradas da África Central e Ocidental (ACWECA), em meio ao processo do Sínodo sobre a sinodalidade, deseja reiterar a importância do papel das religiosas e a atenção que as congregações devem dedicar cada vez mais a esta questão. No passado recente, Francisco nomeou mulheres, consagradas e leigas, para papéis-chave na Cúria Romana. As mulheres são chamadas a desempenhar papéis decisivos na Igreja e se isso é possível é porque são altamente instruídas e especializadas. Estamos falando de economistas, docentes, sociólogas, pessoas que dedicaram suas vidas ao estudo."
É o que diz a irmã Agnes Lucy Lando, das Irmãs de Maria de Kakamega, uma congregação radicada no centro-leste da África que tem sua casa mãe no Quênia, em uma entrevista à agência missionária Fides.
Um Sínodo muito diferente de todos os outros
A Irmã Agnes Lucy Lando, professora associada de Comunicação e Estudos da Mídia e presidente do Comitê de Revisão Ética da Universidade Daystar, falou em um recente webinar que reuniu mulheres consagradas da África para examinar as responsabilidades tradicionais das religiosas na Igreja, compartilhar seus sonhos e aprofundar sua participação em meio ao processo sinodal.
"Creio que este é um momento muito significativo para toda a Igreja - diz ela - e quero enfatizar o quanto estou contente de fazer parte dela como mulher consagrada. Partilho uma profunda alegria, admiração e louvor pela Igreja. Este Sínodo é muito diferente de todos os outros celebrados anteriormente, por pelo menos três razões."
Todos convidados, ninguém excluído
"Primeiro, é um tempo muito longo, dois anos, não poucos meses. Em segundo lugar, não é reservado apenas aos bispos, mas envolve todo o Povo de Deus, as paróquias, os leigos. Por fim, todos são convidados e ninguém é excluído. Viajo com frequência e encontro muitos jovens, idosos, leigos, sacerdotes, bispos, todos falando sobre o Sínodo da Sinodalidade e querendo oferecer sua própria contribuição."
A religiosa destaca a instrução como um elemento significativo para as mulheres consagradas se qualificarem para participar mais das atividades da Igreja: "Pense em Paulo falando no Areópago: se ele não tivesse sido instruído, ele teria perdido grandes oportunidades de evangelização".
Mulheres qualificadas a serviço da Igreja
"Trata-se de estar a serviço da Igreja. Por vezes, na África, há uma concepção errada sobre a educação das irmãs. Costuma-se dizer: ‘se as enviarmos para estudar, depois deixarão a congregação para outros serviços’. Nada poderia ser mais absurdo."
"Contudo, mesmo que elas saiam, o instituto certamente as tornou mulheres melhores e favoreceu sua qualificação; talvez elas estejam melhor preparadas para levar a Boa Nova para onde viverem. As mulheres africanas consagradas podem desempenhar um papel valioso em várias disciplinas, porque entendem melhor a cultura, os problemas locais, os recursos. E elas ajudam a construir uma Igreja na qual as culturas se unem para o bem da Igreja universal."
Deixar o púlpito e ir ao encontro da humanidade
A irmã Agnes Lucy Lando ressalta ainda: "Creio que precisamos repensar a questão do carisma de nossas congregações à luz do que está acontecendo em nossas sociedades. Há um grande avanço tecnológico, estamos testemunhando mudanças epocais, precisamos ter tempo para discernir e dialogar mais para entender quem somos e quais são as novas áreas em que vamos trabalhar e levar o Evangelho nos próximos anos, encontrando novas formas de evangelização. Este Sínodo é uma excelente oportunidade".
"Meses atrás estive em Roma e encontrei o Papa Francisco junto com um dirigente da Universidade de Daystar onde leciono. Quando ele nos viu, o Papa desceu do pequeno palco onde estava sentado e veio nos cumprimentar e nos encorajar. Este é o estilo da Igreja: deixar o púlpito e vir ao encontro da humanidade".
(com Fides)
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