Schevchuk: a solidariedade cristã com quem mais sofre evidencia a nossa fé no Salvador

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Queridos irmãos e irmãs em Cristo!

Hoje é segunda-feira 15 de agosto de 2022 e a Ucrânia já está travando uma guerra em grande escala, pesada e sangrenta pelo 173º dia, lançada por um agressor injusto contra nosso povo, nosso Estado e nossa pátria com sua invasão.

Mais uma vez ontem, e durante a noite passada, a terra ucraniana estremeceu, chorou e gemeu. As batalhas mais pesadas estão sendo travadas na região de Donetsk e na região de Luhansk. Hoje, a cidade de Bakhmut está se tornando o epicentro, a concentração das tropas russas e a linha de sua ofensiva ativa, que o exército ucraniano está segurando heroicamente. Nossa Kharkiv foi fortemente bombardeada ontem à noite. Os bairros residenciais foram atingidos por foguetes russos que voaram do território da Rússia, de Belgorod. Da mesma forma, nossa Mykolayiv foi bombardeada no sul. É interessante que o inimigo esteja atacando as instituições de ensino, aqueles centros que se preparam para o início do ano letivo em 1º de setembro.

Mas a Ucrânia está de pé. A Ucrânia está lutando. A Ucrânia está rezando.

Além disso, a Ucrânia surpreende o mundo não apenas com coragem na frente, mas também com humanidade em relação a quem precisa de simpatia humana e precisa de ajuda. Porque a Ucrânia luta pela dignidade do homem e pelo seu direito à vida. Nos dias anteriores, vocês e eu ponderamos sobre os princípios da construção de um Estado justo. Mas, na verdade, hoje é a Ucrânia que obriga o mundo inteiro a repensar tudo o que conhecemos e entendemos hoje, como os próprios fundamentos da sociedade civil. E por isso, por gratidão a Deus, dizemos ao mundo inteiro: "A Ucrânia está de pé! A Ucrânia está lutando! A Ucrânia está rezando!"

O resultado de tal luta e de tal amadurecimento da humanidade na consciência da dignidade da pessoa humana durante a primeira metade do século XX, em particular após o fim da Segunda Guerra Mundial, foi a conscientização, e também a formulação, do conceito moderno de direitos humanos. A declaração dos direitos humanos hoje é uma das formas mais efetivas de garantir as exigências indiscutíveis da dignidade humana e seu respeito.

No plano internacional, em 10 de dezembro de 1948, a ONU proclamou solenemente a Declaração dos Direitos Humanos. O Papa João Paulo II chamou esta declaração de "um verdadeiro marco no caminho do progresso moral da humanidade". Porque como podemos falar sobre quaisquer direitos ou leis, como é possível implementar a vontade de Volodymyr Monomakh que disse que “tudo deve ser feito para que os poderosos não destruam uma pessoa”, sem afirmar os direitos dessa pessoa hoje?

Portanto, hoje a Igreja ensina que os direitos humanos não vêm de alguma fonte externa. Não é este ou aquele governante, legislador ou qualquer autoridade humana que dá a uma pessoa seus direitos. Não, os direitos humanos derivam da dignidade humana, como imagem e semelhança de Deus. Portanto, a doutrina cristã da dignidade humana afirma que os direitos humanos são universais, invioláveis ​​e inalienáveis. Os direitos humanos são universais, justamente porque pertencem a todas as pessoas, estão presentes em todas as pessoas, independente de origem, raça, etnia, independente da cidadania deste ou daquele Estado, de convicção religiosa ou política. Eles são universais, independentemente do tempo, lugar e origem da pessoa. Eles são invioláveis ​​porque ninguém tem o direito de violá-los. Todas as pessoas possuem tais direitos invioláveis ​​pelo próprio fato de pertencer à raça humana.

Toda pessoa, seja ela emigrante, refugiada em um país estrangeiro, ou prisioneira de guerra, ou civil durante as hostilidades, tem direitos humanos invioláveis ​​que ninguém tem o direito de tirar dela. E também são inalienáveis, porque ninguém pode legalmente privar outra pessoa desses direitos, não importa quem ela seja. Caso contrário, seria violência contra essa pessoa. Como é importante para nós hoje perceber que cada pessoa, cada vida humana requer respeito e serviço. Se tal consciência realmente prevalecesse hoje através da pregação e testemunho cristão, não haveria conflitos nem guerras no mundo inteiro.

Hoje gostaria de me dirigir especialmente aos feridos. Infelizmente, esta guerra cruel e sangrenta trouxe sofrimento e dor indescritíveis ao povo ucraniano. Milhares de militares feridos, civis, crianças, mulheres gemem dia e noite de dor em seus corpos.

Hoje, queridos militares, queridos irmãos e irmãs, queridos filhos, quero dirigir-me a vocês com palavras de oração e apoio. Nossa Igreja quer estar perto de você. Saiba que em seu leito de hospital, neste leito de dor, você não está sozinho, o Senhor Deus está com você. E sua Igreja, seus padres também estão próximos.

Quero agradecer a todos aqueles que hoje estão preocupados com os ucranianos feridos como se fossem seus. A todos aqueles que hoje aceitam crianças ucranianas para tratamento em várias instituições médicas na Europa e no mundo, que ajudam com próteses aqueles que perderam membros. A todos aqueles que enviam cargas humanitárias para a Ucrânia com medicamentos e outros meios que podem ser usados ​​hoje para salvar vidas humanas e aliviar o sofrimento das pessoas. Visitando nossos feridos, muitas vezes vi um irmão, irmã, mãe ou filha ao lado deles, que vigiam incansavelmente a cama de seu pai, mãe, irmão ou irmã dia e noite. Quero agradecer especialmente a vocês, queridos irmãos e irmãs, que se solidarizam e cuidam de seus parentes, que compartilham suas dores e tristezas com eles.

Hoje é a solidariedade cristã com aqueles que mais sofrem que evidencia a nossa fé no Salvador, Cristo Ressuscitado. Que a medicina moderna e todos os meios da arte médica se abram generosamente para aqueles que foram feridos em solo ucraniano e precisam de assistência médica qualificada e urgente.

Ó Deus, abençoe a Ucrânia! Ó Deus, ouve o clamor, o clamor, a dor de nossos filhos e filhas. Enxugue as lágrimas dos tristes. Toque as feridas dos filhos e filhas feridos da Ucrânia com Sua mão curadora. E traga-lhes uma cura duradoura. Ó Deus, conceda a paz à Ucrânia!

Que a bênção do Senhor esteja sobre vocês através de Sua graça e amor pela humanidade,  agora e para todo e sempre, amém!

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Svyatoslav+
Pai e Primaz da Igreja Greco-Católica Ucraniana
15.08.2022