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Catedral em Nur-Sultan Catedral em Nur-Sultan 

A Igreja no Cazaquistão

O nascimento do Cazaquistão independente em 1991 representou uma reviravolta também para a pequena Igreja Católica local. A primeira etapa dessa mudança foi o estabelecimento de relações diplomáticas da ex-República Soviética com a Santa Sé, em 17 de outubro de 1992, seguido, em 24 de setembro de 1998, pela assinatura de um acordo entre que garantiu à Igreja Católica a liberdade de realizar atividades sociais, educativas, assistencia, de saúde, ter acesso aos meios de comunicação social, etc.

Vatican News

Nesta terça-feira, 13 de setembro, com a viagem ao Cazaquistão, o Papa Francisco deu nício à 38 Viagem Apostólica de seu Pontificado. É o segundo Pontífice a visitar o país após São João Paulo II em 2001.

O pequeno rebanho de fiéis católicos - menos de 1% dos 19 milhões de habitantes do Cazaquistão, 70% dos que são de fé muçulmana, enquanto 26% são cristãos, predominantemente ortodoxos - é pastoreado por 6 bispos, 78 sacerdotes diocesanos, 26 sacerdotes religiosos. No país não existem Institutos Seculares, mas conta com a atuação de 18 missionários leigos e 50 catequistas.

Em relação às vocações, preparam-se para o sacerdócio 1 seminarista menor e 7 seminaristas maiores.

 

A Igreja no país é responsável por 3 escolas maternas e primárias, com 35 estudantes, uma escola média e secundária, com 150 estudantes e uma escola superior, com 7 estudantes.

Ademais, administra 2 ambulatórios, 2 casas para idosos, inválidos e desfavorescidos, 3 orfanatrófios, 2 consultórios familiares, 1 centro especial de educação e reeducação social, além de 33 outras instituições.

Os fiéis católicos estão distribuídos em 4 dioceses (Arquidiocese de Maria Santíssima em Astana - Nur-Sultan), a Diocese da Santíssima Trindade em Almaty, a Diocese de Karaganda e a Administração Apostólica de Atyrau) para um total de 70 paróquias, e são assistidos por cem sacerdotes.

As origens

 

As origens da Igreja Católica no atual Cazaquistão remontam a século XIII. De fato, em 1253 São Luís, Rei da França, enviou alguns missionários nesta para este território para que de lá pudessem chegar à Mongólia. 25 anos mais tarde, em 1278, o Papa Nicolau III confiou toda a missão na região da Ásia Central aos franciscanos.

Por volta da metade do século XIV, na cidade de Almalyk, os frades construíram um pequeno convento e uma catedral. Naquela época, o Papa João XXII enviou ao Khan de Ciagatai uma carta na qual agradecia por sua benevolência para com os cristãos que viviam em seu reino. No entanto, em 1340 começaram as primeiras perseguições, e dos cristãos da região não se teve mais notícia até metade do século XIX, quando o território cazaque estava sob o domínio do Império Russo.

Século XX

 

O início do século XX testemunhou a chegada dos primeiros católicos, em parte como soldados do exército russo, e em parte como exilados, deportados, prisioneiros de guerra, ou como colonos voluntários e refugiados.

 

Muitos refugiados e prisioneiros de guerra de fé católica chegaram ao Cazaquistão durante a Primeira Guerra Mundial tanto que, em 1917, a paróquia de Pietropavlovsk tinha cerca de 5 mil fiéis, enquanto a de Kustanai somava mais de 6.000. Outros católicos de várias nacionalidades vieram como deportados ao longo das sete décadas do regime soviético.

A Igreja do Cazaquistão após o fim da URSS

 

O fim da União Soviética e o consequente nascimento do Cazaquistão independente em 1991, determinou um ponto de virada também para a pequena Igreja Católica local. A primeira etapa fundamental dessa mudança foi o estabelecimento de relações diplomáticas da ex-República Soviética com a Santa Sé, em 17 de outubro de 1992, seguido, em 24 de setembro de 1998, pela assinatura de um importante acordo entre as duas partes que garante à Igreja Católica a liberdade de realizar suas atividades sociais, educativas, assistência social e de saúde, ter acesso aos meios de comunicação social e garantir seus fiéis a assistência espiritual em estabelecimentos de saúde e prisões. 

Trata-se de dois eventos que marcaram o início de um caminho de colaboração bilateral frutífera, em particular na frente do diálogo inter-religioso. Prova disso foram as três visitas oficiais ao Vaticano do ex-presidente Nursultan Nazarbayev (realizadas em 1998 para a assinatura do referido acordo com a Santa Sé, em 2003 e 2009), mas sobretudo pela Viagem Apostólica de São João Paulo II (22-25 de setembro de 2001), a primeira visita de um Pontífice a um país da Ásia Central.

 

Uma visita realizada significativamente sob o lema "Amari-vos uns aos outros", para enfatizar a harmonia das relações existentes entre seus múltiplos componentes étnicos e religiosos. Esses aspectos foram enfatizados várias vezes pelo Papa polonês que no encontro na Universidade Eurásia de Astana, descreveu o Cazaquistão como uma "terra de encontro, de troca, de novidade; terra que estimula em cada um o interesse por novas descobertas e induz a viver a diferença não como uma ameaça, mas como um enriquecimento”.

A este mesmo desejo de promover os valores de convivência e diálogo entre povos e as fés contra qualquer tentativa de instrumentalizar a religião para fins políticos inspirou o "Congresso dos Líderes das Religiões Mundiais e Tradicionais", iniciativa lançada em 2003 em Astana (agora Nur-Sultan) pelo ex-presidente Nazarbayev, após os atentados de 11 de setembro nos Estados Unidos, na esteira do "espírito de Assis", a cidade onde São João Paulo II inaugurou em 1986 o primeiro encontro inter-religioso pela paz.

Desde então, o encontro é realizado a cada três anos na capital cazaque (a última edição, a sexta, foi realizada em 2018 com o tema "Líderes religiosos por um mundo seguro") com a participação de uma delegação vaticana, que contribuiu para consolidar as cordiais relações de colaboração entre o Cazaquistão e a Santa Sé na promoção do diálogo inter-religioso. Uma contribuição reconhecida em 6 de fevereiro de 2013 quando uma delegação cazaque, liderado pelo presidente do Senado em visita ao Vaticano por ocasião do décimo aniversário da instituição do "Congresso Inter-religioso", conddecorou os cardeais Jean-Louis Tauran e Giovanni Lajolo, além de monsenhor Khaled Akasheh, oficial do então Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso.

 

Essa cordialidade de relações foi confirmada em 2017 por ocasião da Exposição Internacional de Astana (9 de junho a 10 de setembro) dedicada ao tema "Energia Futura", em que a Santa Sé participou com um pavilhão "Energia para o bem comum: cuidar da nossa casa comum".

No Dia Nacional da Santa Sé na Expo, em 2 de setembro, o Papa Francisco enviou uma mensagem, na qual recordava “o hábito do diálogo e concertação entre as religiões“ consolidade em um país ”tão rico etnicamente, culturalmente e espiritualmente".

De 30 de agosto a 4 de setembro o cardeal Peter K.A. Turkson, então prefeito de Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral, esteve ma capital cazaque para participar de alguns eventos ligados à Expo, incluindo uma conferência inter-religiosa no Palácio da Paz e o Reconciliação. Ao final dos trabalhos, foi emitida uma declaração conjunta, na qual se reiterava que "a energia não é um bem criado pelo homem, mas um recurso confiada a nós por Deus Criador para o bem de toda a família humana. Ela não deve, portanto, ser explorada indiscriminadamente, mas com um discernimento inspirado pela busca do bem comum da humanidade".

As relações entre a Santa Sé e o governo cazaque receberam um ulterior impulso em outubro de 2020, quando o atual Dicastério para o Diálogo Inter-religioso e o Centro cazaque para o Desenvolvimento do Diálogo Inter-religioso e Inter-civil "Nursultan Nazarbayev" (NJSC) assinaram um Memorando de Intenções com o objetivo de abrir “novas oportunidades e formas mais promissoras de implementar projetos comuns, para promover o respeito e o conhecimento entre os representantes das diversas religiões”.

 

A liberdade de culto, promovida pelo ex-presidente Nazarbayev, também foi impulsionada por seu sucessor Kassym-Jomart K. Tokayev, mesmo no contexto de uma nova Lei de 2011 que proíbe todas as atividades religiosas não registradas, para prevenir o eventual nascimento ou atuação de grupos radicais islâmicos violentos. Nesse contexto a Igreja local pôde continuar a exercer livremente suas atividades, como estabelecido pelo acordo de 1998.

Entre estas, aquelas sociais realizadas em especial pela Caritas Cazaquistão, que desde 1997 está na linha de frente da assistência às  faixas mais pobres da população. Atualmente, suas iniciativas incluem, entre outras coisas, serviços sociais em todo o país; a gestão de alguns orfanatos e a assistência aos doentes de AIDS.

Uma pequena minoria

 

Os católicos são menos de 1% dos 19 milhões de habitantes do Cazaquistão, 70% dos que são de fé muçulmana, enquanto 26% são cristãos, predominantemente ortodoxos. Há algum tempo, as comunidades católicas eram formadas por diferentes grupos étnicos, sobretudo por ex-deportados do regime soviético, mas após a independência muitos deles retornaram aos seus respectivos países de origem e ainda hoje, devido à situação econômica, esse fenômeno migratório continua.

Arquidiocese de Maria Santíssima

 

A Arquidiocese de Maria Santíssima em Astana (antigo nome da capital do país) foi ereta em 17 de maio de 2003. No passado - a partir de 7 de julho de 1999 - era a Administração Apostólica de Astana. Antes ainda, a partir de 13 de abril de 1991, foi a Administração Apostólica do Cazaquistão.

A Metropolia abrange uma área de 576.400 quilômetros quadrados, onde vivem 4.042.364 habitantes, dos quais 54.000 católicos, distribuídos em 34 paróquias, 48 igrejas, atendidos por 19 sacerdotes diocesanos, 16 sacerdotes regulares diocesanos. A Arquidiocese tem 1 seminarista nos cursos filosófico e teológico, 19 membros de institutos religiosos masculinos; 68 membros de institutos religiosos femininos; 4 institutos de ensino; 2 instituições de caridade. No ano passado foram ministrados 145 batismos.

O arcebispo é Dom Tomash Bernard Peta, nascido em Inowrocław, Arquidiocese de Gniezno, em 20 de agosto de 1951; ordenado em 5 de junho de 1976; eleito para a Igreja titular de Benda em 15 de fevereiro de 2001; consagrado em 19 março de 2001; promovido em 17 de maio de 2003.

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13 setembro 2022, 07:00