O encontro com o Papa ao final da Audiência Geral para falar sobre o projeto O encontro com o Papa ao final da Audiência Geral para falar sobre o projeto 

Os dois relógios de Amatrice

Representantes da cidade italiana de Amatrice, duramente atingida pelo terremoto de 2016, quando morreram 239 pessoas, encontraram o Papa Francisco ao final da Audiência Geral desta quarta (31). Eles falaram da reconstrução moral e material do local, como o projeto da torre cívica que vai ganhar dois relógios: um pra marcar o passar o tempo e o outro o tempo de reconstrução. Confira a reportagem de Gianpaolo Mattei, do L'Osservatore Romano.
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Giampaolo Mattei

Serão dois os relógios na nova torre cívica, que se tornou um símbolo ainda maior de esperança para Amatrice após o devastador terremoto de 24 de agosto de 2016 que matou 239 pessoas dos seus 2.500 habitantes.

"Um relógio marcará o passar do tempo e o outro o tempo da reconstrução": foi com projetos de esperança e a dor da memória que o prefeito da cidade italiana de Amatrice, Giorgio Cortellesi, se apresentou ao Papa Francisco na Audiência Geral de quarta-feira (31). Ao seu lado estava o bispo Domenico Pompili, que está particularmente próximo das vítimas do terremoto.

Um encontro que acontece após a visita do Pontífice no domingo (28) a L'Aquila, em meio às fendas e esperanças após o terremoto de 6 de abril de 2009.

Amatrice e L'Aquila estão próximas, não apenas geograficamente, mas no compromisso de uma reconstrução que não deixa ninguém para trás.

"Recordamos a visita do Papa em 4 de outubro, alguns dias após o terremoto", diz o prefeito de Amatrice. Mas a verdadeira questão, aponta ele, "é a reconstrução moral antes da reconstrução material. Seis anos se passaram e nosso povo se sente desenraizado. Forçados a viver em contêineres ou barracas, com toda a ajuda e apoio necessários, estão agora lutando para voltar a uma vida normal". No entanto, esse é o passo decisivo, até mesmo urgente, que deve ser dado para tentar reviver, o mais rápido possível, uma experiência diária de "normalidade".

"Temos um grande desafio pela frente: construir o futuro, harmonizando tradição, memória, identidade e modernização", relança o prefeito. "Devemos revitalizar uma comunidade que deve escolher uma terra onde seja possível viver bem, começar uma família, investir. Para isso, precisamos de serviços eficientes, infra-estrutura de qualidade e sérias oportunidades produtivas". Em resumo, "não uma cidade dormitório, mas uma cidade habitável".

Com relação à reconstrução material da cidade, o prefeito fala de locais de construção ativos e outros que ainda não foram abertos. E depois há, é claro, a torre cívica. Os trabalhos de consolidação e restauração começaram na segunda-feira, 1º de agosto. Espera-se que seja concluída em cerca de 8 meses. Localizada no cruzamento entre as duas principais vias da cidade - Via Roma e Corso Umberto - sempre foi um elemento central do sistema urbano histórico de Amatrice. Só parcialmente danificada pelo terremoto com o colapso do campanário, e tornando-se um símbolo do terremoto de 24 de agosto de 2016, representa agora, com o seu canteiro de obras, um sinal concreto de reinício.

Para o Papa, que nunca deixou de mostrar "proximidade e oração", explica Cortellesi, "viemos para falar de esperança" para Amatrice, claro, mas também para o povo de Accumoli e de Arquata del Tronto, duramente atingidas pelo terremoto e agora lutando com a mesma dinâmica de reconstrução moral e material.

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Representantes de Amatrice com o Papa
01 setembro 2022, 12:23