Refugiados camaroneses em Manga Village, na fronteira com a Nigéria Refugiados camaroneses em Manga Village, na fronteira com a Nigéria 

Camarões: pedido resgate para libertação de sacerdotes, religiosa e leigos

Desde 2016, as regiões noroeste e sudoeste de Camarões são dominadas por um conflito sangrento entre os separatistas de língua inglesa e os militares do Estado de maioria francófona. A violência já custou mais de 6.000 vidas e deslocou cerca de um milhão de pessoas.

O sequestro de cinco sacerdotes, uma religiosa e três leigos no ataque à Igreja de Santa Maria, no povoado de Nchang é para fins de extorsão, afirmou o arcebispo de Bamenda, na República dos Camarões, Dom Andrew Nkea Fuanya, confirmando que os sequestradores pediram um resgate. O prelado acrescentou que existem grupos que veem a Igreja como um "alvo fácil para ganhar dinheiro".

Na noite de sexta-feira, 16 de setembro, de fato, um grupo armado atacou e incendiou a Igreja de Santa Maria, sequestrando cinco sacerdotes, uma religiosa e três leigos (um catequista, uma cozinheira e uma jovem ).

Depois de saber do incêndio criminoso e do sequestro, o bispo de Mamfe, Som Aloysius Fondong Abangalo, foi à igreja para recolher e levar a cruz e as hóstias consagradas guardadas no Tabernáculo.

A Província Eclesiástica de Bamenda inclui a Arquidiocese de Bamenda e as Dioceses de Kumbo, Kumba, Mamfe e Buea. "O que aconteceu - disse o bispo em um vídeo divulgado após sua visita à igreja queimada - é uma abominação. Em termos simples, dissemos a Deus que não o queremos em nossa terra . Dom Abangalo convidou todo o povo de Deus da Diocese de Mamfe a rezar um Terço de reparação por todo o mês de outubro", por este ato de abominação que se cometeu em nossa terra".

Em um comunicado conjunto, os bispos da Província Eclesiástica de Bamenda também rezaram “pelo perdão dos culpados, como fez Cristo, que rezou na Cruz: Pai, perdoa-lhes, eles não sabem o que estão fazendo”.

 

Os perpetradores e instigadores deste crime - disseram ainda os prelados -  em qualquer país em que se encontrem, devem arrepender-se e abandonar os "maus caminhos" que os colocaram na condição de quem "luta contra Deus e não contra os homens". E ninguém luta contra Deus e vence."

Esses ataques contra as comunidades eclesiais, além de "ato atroz", representam um "novo jogo de luta" que atinge "os missionários que deram a vida para trabalhar pelo povo". Tais ataques – observam com amargura os bispos – afetam tanto a Igreja Católica como as Igrejas Presbiteriana e Batista, “e estranhamente, alguns dos que atacam ferozmente as Igrejas são pessoas filiadas a essas Igrejas ou que se beneficiaram de sua generosidade”.

Desde 2016, as regiões noroeste e sudoeste de Camarões são dominadas por um conflito sangrento entre os separatistas de língua inglesa e os militares do Estado de maioria francófona. A violência já custou mais de 6.000 vidas e deslocou cerca de um milhão de pessoas.

No início de setembro Dom Nkea, que até maio foi administrador apostólico da Diocese de Mamfe (onde se localiza o povoado de Nchang) e é presidente da Conferência Episcopal de Camarões, pediu uma intervenção da comunidade internacional que "parece ter esquecido a crise anglófona".

"Procuramos encorajar sacerdotes, religiosos e religiosas a continuar a atuar nas duas regiões anglófanas - havia referido em uma entrtevista à redação francesa do Vatican News -  mas nós bispos recebemos a cada dia mensagens com ameaças pelos nossos esforços de diálogo: se falamos com o governo, os secessionistas nos acusam de ser pró-governo; se falamos com os secessionistas, o governo nos acusa de estar com os secessionistas. É uma situação delicada, mas os bispos devem continuar fazendo seu trabalho de mediação entre as partes”.

*Com informações da Agência Fides

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20 setembro 2022, 11:45