Ucrânia: estamos nos preparando ao primeiro Natal em guerra, diz arcebispo Mokrzycki
Giancarlo La Vella - Vatican News
Depois da audiência com o Santo Padre na última quinta-feira (17), o Arcebispo de Lviv dos Latinos na Ucrânia visitou a sede da Rádio Vaticano para compartilhar suas emoções pelo encontro com o Papa e também falar sobre os sofrimentos e dificuldades da população ucraniana, após quase nove meses do início do conflito com a Rússia.
Durante a entrevista que concedeu à emissora pontifícia, o Arcebispo agradeceu ao Papa Francisco pela sua ajuda material e espiritual, mas também recordou a cruel situação em que vive a população civil, que se prepara para passar um Natal em guerra e um inverno rigoroso.
Dom Mieczysław o senhor acaba de se encontrar com o Papa, com quem conversou sobre a situação da população ucraniana, em guerra há quase 9 meses...
“Sim. Este foi meu primeiro encontro com o Papa durante a guerra. Aproveito para agradecer ao Santo Padre pela sua solidariedade espiritual e material com o nosso povo, mas também pelos seus vários pronunciamentos em prol da Ucrânia e contra a guerra. Agradeço-lhe, sobretudo, pela ajuda material, que nunca nos faltou e pelas quatro viagens do seu enviado especial, Cardeal Konrad Krajewski, do arcebispo Richard Gallagher, Secretário para as relações com os Estados, e do Núncio Apostólico. O Santo Padre sempre se preocupa com os nossos Bispos e sacerdotes; ele disse que estamos presentes em suas orações e deplora que a guerra ainda não tenha acabado, apesar de seus prementes apelos pela paz no mundo. Ele expressou também o desejo de visitar Kiev, mas também Moscou”.
Qual a atual situação na Ucrânia e a condição dos civis?
“A situação é muito triste, porque todos estão envolvidos na guerra, que causa tanta destruição e sofrimento. Muitos soldados e civis perderam a esperança, mas também suas vidas e permanecem impotentes ou incapacitados. Muitos estão sem-teto por causa da destruição de suas casas. A situação alimentar é muito crítica nas áreas de conflito e pelos constantes bombardeios. Mas, graças à ajuda de toda a Europa e de outros países, conseguimos levar alimentos aos mais necessitados. Somos muito gratos por esta solidariedade”.
Como a Igreja local ajuda as pessoas, sobretudo nas áreas mais envolvidas pelo conflito?
“A Igreja Católica atua sempre em dois binários: com o anúncio do Evangelho e com atos de caridade. Estou muito impressionado pelo heroico trabalho dos nossos sacerdotes na Ucrânia, comprometidos com coragem e sem poupar esforços com seus fiéis. Eles também contam com a ajuda de muitos voluntários, em centros pastorais e diocesanos, para dar apoio aos refugiados, que fugiram para salvar suas vidas, especialmente as famílias e crianças, além de numerosos idosos e enfermos”.
Esta obra tem particular importância, sobretudo, em vista do próximo inverno...
“Estamos rezando para que este inverno não seja tão rigoroso e, se possível, sem ulteriores crises. Algumas regiões estão completamente sem luz e aquecimento. Mas, graças a várias instituições, como a Caritas, conseguimos fogões e geradores de eletricidade para poder suportar o frio, que está chegando. Por outro lado, já passamos a Páscoa em guerra, que nos impediu de celebrar a Ressurreição do Senhor. Agora, prevemos passar também o Natal em guerra e sem paz!”
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