Na Síria, o testemunho do padre Jallouf: "guerra e sofrimento, mas Deus nunca nos traiu"
Paolo Ondarza – Vatican News
É uma testemunha silenciosa do Evangelho dos cristãos das três aldeias de Knaye, Yocoubieh e Gidaideh, no Vale Orontes, a 43 quilômetros de Antioquia, na região de Idlib, nas mãos dos jihadistas de Hayat Tahrir al-Sham. Há 12 anos havia 10.000, hoje existem apenas 600, pouco mais de 200 famílias. Ali o padre Hanna Jallouf continua sendo o único religioso, juntamente com um coirmão, a levar conforto espiritual, material e médico. "Todos eles fugiram", diz aos microfones de Rádio Vaticano - Vatican News. "Há doze anos estamos em guerra, sob o domínio dos jihadistas, longe do governo, não temos recursos econômicos ou forças para nos proteger".
O sequestro em 2014
Os olhos do padre Jallouf revelam o sofrimento do povo sírio, traem os medos de um destino sombrio, mas também irradiam a luz de uma certa esperança, fundada em Cristo. "O Senhor sempre esteve conosco, Ele nunca nos traiu. Nem mesmo quando fui sequestrado", diz ele, lembrando o sequestro por milicianos em 2014. "Eles queriam me forçar a me converter, mas o Senhor me deu a força e a coragem para testemunhar a fé cristã".
Viver a fé com as restrições
Sem dinheiro, sem defesa, os cristãos destas terras vivem a vida diária altamente condicionada. "Nosso testemunho é a vida, as pessoas com quem vivemos sabem que somos reais, sinceros e de bom comportamento". Nós conduzimos o barco para frente, mas há muitas dificuldades". Por exemplo, explica o frade, "somos forçados a viver e dar testemunho de nossa fé somente dentro das igrejas". Lá fora, todos os nossos símbolos religiosos foram cancelados, não podemos tocar os sinos, não podemos usar o hábito franciscano, as mulheres têm que se cobrir. O contexto é muito difícil".
Mas apesar destas restrições", continua padre Jallouf com um sorriso, "nossa fé cresce". Quanto mais eles apertam, mais nós nos expandimos. Também no Natal poderemos realizar nossas celebrações eucarísticas, novenas ou montar o presépio dentro da igreja, mas fora ou dentro das casas é proibido até mesmo ter uma "árvore de Natal".
Natal
A esperança dos franciscanos é que em breve chegue um dia de paz para viver o Natal em plenitude. Para fortalecê-lo neste sentimento veio como um presente inesperado o encontro nos últimos dias com o Papa Francisco por ocasião da entrega do reconhecimento "Flor da Gratidão" promovido pelo Dicastério para o Serviço da Caridade, símbolo do amor que sustenta o mundo e homenagem a Madre Teresa de Calcutá. "Este reconhecimento é uma alegria depois de tanto sofrimento para meu povo e minha gente. Receber a flor representada para mim e para nosso povo é um vislumbre de esperança e alegria. Quando o cardeal Mario Zenari, nosso núncio, me chamou, ele disse: "O Santo Padre quer premiá-lo. Eu respondi: "Não sou digno". "Venha e veja", ele me disse. Então pensei: vamos fazer como São Paulo fez quando entrou em Damasco e lhe disseram: "Entre e ali você saberá o que tem que fazer". Foram necessários três dias e três noites só para chegar a Aleppo".
O incentivo do Papa
O franciscano também teve a oportunidade de falar pessoalmente com o Papa: "Ele expressou sua proximidade para com nosso povo junto com o desejo de que esta guerra termine e em breve se consiga a paz, verdadeira e segura, a justiça e o alívio para nosso povo".
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