Sínodo: Encerrado encontro da Fase Continental do México e América Central
Padre Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1
Numa conferência de imprensa, foi feito o balanço de um encontro em que a presença do Espírito Santo foi decisiva, "pois sem ele estes encontros eclesiais não seriam possíveis, ele ilumina-nos, inspira-nos, fortalece-nos", como salientou Dom Miguel Cabrejos. O presidente do Conselho Episcopal da América Latina e Caribe (Celam) sublinhou que tem sido uma experiência sinodal, seguindo a metodologia da Assembleia Eclesial, com a presença de todo o povo de Deus. Uma experiência valiosa, sem precedentes e eclesial que "é uma contribuição do Celam para a Igreja universal" e que será repetida nas outras três regiões em que o Celam está dividido, a fim de elaborar posteriormente a síntese que será enviada à Secretaria do Sínodo.
Uma experiência de sinodalidade vivida por São Romero, que "soube ouvir o Evangelho e no Evangelho ouvir os pobres, ouvir os trabalhadores, ouvir os camponeses, ouvir a Igreja e ouvir a realidade, os sinais dos tempos", disse Mons. Rafael Urrutia. O Chanceler do Arcebispado de São Salvador vê em São Romero alguém que soube ouvir e discernir, uma imagem do Bom Pastor ao ponto de dar a sua vida pelas ovelhas.
Uma experiência espiritual de sinodalidade, nas palavras da Irmã Maria Dolores Palencia, destacando o pedido feito a São Romero no início do encontro "que tenhamos este espírito de abertura, liberdade e escuta". Seguindo o método da conversa espiritual, "que nos quer conduzir a um profundo discernimento e nos ajuda a escutarmo-nos uns aos outros sem debater, sem responder, sem nos querer convencer, e a permitir que esta escuta entre no nosso coração e nos faça mover algo no nosso coração através das palavras de todos".
A facilitadora do encontro chamou a atenção para "distinguir o que o Espírito está a fazer entre nós, e permite-nos fazer um caminho juntos, permite-nos descobrir o caminho que o Espírito quer hoje para a Igreja", e ver este momento como "uma experiência de receber e acolher o que o Espírito está a mover".
Um espaço de pequenas comunidades onde cada uma pôde abrir o seu coração com grande liberdade e sinceridade, afirmou a Irmã Laura Yax. A religiosa destacou a escuta profunda e sem preconceitos que teve lugar durante o encontro, onde foram partilhadas experiências pastorais em diferentes esferas eclesiais, com base na experiência da missão da Igreja na região. Isto ajudou a alargar a tenda, porque na diversidade há riqueza, o que a levou a sentir-se irmã do outro, a querer ouvir o que o Espírito quer dizer neste momento. Uma experiência de sinodalidade, de escuta e de abertura.
Uma experiência que transformou a vida dos participantes, como testemunhou Maurício Lopez, que insistiu na questão que marca o percurso do processo sinodal: "Como é que a Igreja, fiel à sua identidade, ao anúncio do Evangelho, é sinodal ou pode ser mais sinodal?” Um momento de ação de graças pela "Teologia do Povo de Deus no coração do Concílio Vaticano II, na Constituição Lumen Gentium que continua a traçar um rumo", através de marcos, destacando o papel do Sínodo para a Amazónia, da Assembleia Eclesial e do atual processo sinodal, onde se destaca a ampla consulta realizada e recolhida no Documento para a Etapa Continental, que seguindo o método de conversa espiritual está a levar a Igreja em todo o mundo a dar contribuições para elaboração do Instrumentum Laboris. Um caminho em que "São Oscar Romero nos ilumina, nos inspira para aquela paresia que é tão urgente no tempo presente".
A novidade deste processo reside "nesta experiência de escuta e diálogo, que é precisamente o que nos falta, sentarmo-nos, escutarmo-nos mutuamente e deixarmo-nos iluminar pelo Espírito", segundo a Irmã Laura Yax. Uma experiência que mostra a capacidade de cada um expor a sua posição, respeitando-se mutuamente até encontrarmos um ponto comum, sublinhou a religiosa, que apelou a "contagiar toda a Igreja para que entremos nesta dinâmica de diálogo". Um processo marcado pela escuta, discernimento, atuação e decisão, disse Dom Cabrejos, que salientou a necessidade de não voltar atrás nesta forma de atuação no seio da Igreja e na relação entre a Igreja e a sociedade.
Os pontos comuns que surgiram são continuar a procurar os meios para ouvir mais os jovens, para lembrar que as mulheres têm uma contribuição a dar, um capital a oferecer, mas também é preciso dar-lhes espaço, o cuidado das famílias, a centralidade de Jesus Cristo nesse caminho, a importância de uma oração enraizada na realidade e que tenha em conta os sinais dos tempos, a atenção e a escuta das periferias, daqueles que estão longe, abrindo-lhes espaço para os acolher, como relatou a Irmã Maria Dolores Palencia.
Mauricio López acrescentou a necessidade de uma Teologia da Ministerialidade Batismal e a incorporação de mecanismos e estruturas que permitam continuar a viver e a avançar a sinodalidade, com uma maior participação dos leigos e das mulheres nos espaços de decisão. Tudo isto reconhecendo os receios de alargar a tenda e a presença necessária no continente digital, bem como o reconhecimento dos povos indígenas e afrodescendentes e o cuidado da casa comum.
Foi salientado que este é um processo de aprendizagem, pois estamos perante um Sínodo que não é temático, mas uma nova forma de ser Igreja em que se insiste na capacidade de se ouvirem uns aos outros, de se abrirem, de dialogarem e de interiorizarem o que o Espírito nos diz. Uma sinodalidade que não é fácil de praticar, que exige aprender a caminhar em conjunto, mesmo com aqueles que não se compreendem uns aos outros, como salientou Dom Miguel Cabrejos. Isto não é fácil numa estrutura eclesial piramidal e nas tensões presentes face a diferentes realidades, o que, segundo a Irmã Maria Dolores Palencia, torna necessário perguntarmo-nos como vivemos o nosso compromisso batismal, o que leva a uma mudança nos nossos modos de agir e de ser. Tudo isto num processo de discernimento sério que leva a procurar e a encontrar o que Deus me quer dizer, o que o Espírito Santo quer despertar em mim, algo muito complexo nas palavras de Mauricio López.
Um encontro em que a situação na Nicarágua esteve presente, em que o Celam, como o seu presidente salientou, seguiu a posição do Papa, assim como várias conferências episcopais, expressando proximidade, oração e acompanhamento à Igreja na Nicarágua, a todas as pessoas que dela fazem parte. Dom Miguel Cabrejos apelou ao bem comum, superando o bem particular, e a pensar na dignidade da pessoa como filhos e imagem de Deus.
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui