Papa recorda os novos beatos franceses, testemunhas da fé até o martírio
Vatican News
Os novos beatos franceses Enrico Planchat, sacerdote professo da Congregação de São Vicente de Paulo, Ladislau Radigue e três companheiros sacerdotes Polycarpe Tuffier, Marcellin Rouchouze e Frézal Tardieu, da Congregação dos Sagrados Corações de Jesus e Maria foram beatificados, em Paris, no sábado, 22 de abril, pelo prefeito do Dicastério das Causas dos Santos, cardeal Marcello Semeraro.
Após a oração do Regina Coeli, o Papa Francisco recordou a beatificação dos novos beatos e os definiu com as seguintes palavras:
Semeraro: escreveram um capítulo do 'Evangelho do sofrimento'
Um “exemplo” e um “modelo”. “Como o cireneu, também os nossos mártires carregaram a cruz de Jesus, como Jesus foram 'crucificados'”, vivendo “na primeira pessoa as palavras: 'Cristo teve que sofrer estes sofrimentos para entrar na sua glória!'”. Celebrando em Paris, na basílica de Saint-Sulpice, lotada de fiéis, a beatificação de Enrico Planchat, sacerdote professo da Congregação dos Religiosos de São Vicente de Paulo, de Ladislau Radigue e três companheiros, Polycarpe Tuffier, Marcellin Rouchouze e Frézal Tardieu da Congregação dos Sagrados Corações, mártires da Comuna, mortos por ódio à fé em 1871 na capital francesa, o cardeal Marcello Semeraro, prefeito do Dicastério das Causas dos Santos, assim os recordou: cinco homens de Deus que com o seu testemunho escreveram um capítulo daquele "Evangelho do sofrimento" descrito por São João Paulo II na carta apostólica Salvifici dolores.
A perseguição anticristã
O martírio desses cinco sacerdotes ocorreu em 28 de maio de 1871. Estamos em plena Semana sangrenta, no auge da violenta e sangrenta batalha nas ruas de Paris durante a Comuna, ou seja, o estado autônomo independente inspirado nos ideais socialistas libertários proclamado em reação ao retorno da República favorecido por um grupo de deputados republicanos após a derrota francesa na Guerra Franco-Prussiana e o fim do império de Napoleão. Além das questões sócio-políticas, a Comuna tinha óbvias implicações antirreligiosas: a religião cristã era, de fato, vista como um obstáculo a ser eliminado a fim de superar o Antigo Regime. Seguiram-se uma saques sistemáticos de locais de culto e um ataque deliberado e feroz contra os religiosos. Na Casa Mãe da Congregação dos Sagrados Corações de Jesus e Maria foram profanadas as Espécies Eucarísticas e objetos sagrados.
Por ódio à fé
O odium fidei foi a motivação predominante que levou a multidão enfurecida a matar brutalmente os cinco sacerdotes mártires em cujos cadáveres, escarnecidos após a morte, foram infligidos ferimentos causados por tiros de fuzil e armas brancas. Os cinco sacerdotes também estavam cientes dos riscos que corriam: apesar de terem tido a oportunidade de fugir de Paris, preferiram permanecer e realizar o seu serviço ministerial, e durante o encarceramento continuaram rezando e confessando os presos. Particularmente significativo - destacou o cardeal Semeraro - é que o martírio dos cinco beatos aconteceu numa sexta-feira, "dia em que a piedade cristã recorda semanalmente a morte do Salvador", nas festividades pascais. O padre Planchat foi preso na Quinta-feira Santa de 1871, os outros quatro sacerdotes foram presos uma semana depois, na quarta-feira durante a oitava da Páscoa.
"Não estou triste", "O Senhor é bom"
Os testemunhos recolhidos para o processo de beatificação são tocantes. “Eles nos contam como nossos mártires enfrentaram a morte”, comentou o prefeito do Dicastério das Causas dos Santos, citando algumas passagens. “Não estou triste, garanto a vocês, rezo por todos” escreveu o beato Palnchat ao seu irmão Eugène. “Tenho experimentado como o Senhor é bom e quanta ajuda dá àqueles que põe à prova para a glória do seu nome”, lê-se na carta do beato Ladislau Radigue ao seu superior.
O bem vence
Há cento e cinquenta e dois anos do martírio, o testemunho dos cinco novos beatos permanece atual, destacou o cardeal:
A história destes mártires torna-se assim uma advertência também para hoje; na perspectiva cristã, porém, permanece uma história de esperança, pois (e aqui cito Bento XVI, cuja memória ainda está viva entre nós) «o bem vence e, se às vezes pode parecer derrotado pela opressão e pela astúcia, na realidade continua agindo em silêncio e discrição, dando frutos a longo prazo.
Nós no Evangelho
Unidos e participando dos sofrimentos de Cristo, os cinco novos beatos, acrescentou Semeraro, referem-se à dimensão do martírio, mas também chamam cada um de nós a “entrar na história evangélica”. Na passagem dos discípulos de Emaús, centro da liturgia hodierna, o cardeal destacou “incógnitas interessantes”: onde acontece o encontro com o Senhor? Quem caminha com Cléofas? São vazios que cada um de nós pode preencher com o próprio nome ou condição existencial: “onde e em qualquer situação que nos encontremos, podemos entrar na história e nos unir a Cléofas; duvidar, queixar-nos e por fim, junto com ele, reconhecer o Senhor e nos alegrar com a sua presença”. Esta é a atualidade, cheia de esperança, dos testemunhos dos cinco novos beatos:
Os acontecimentos em que foram envolvidos e se tornaram vítimas (e evidentemente não só eles, mas muitas outras dezenas de pessoas, massacradas pela violenta loucura dos revolucionários) formam uma história intrincada e complexa onde se misturam instâncias de vários tipos, se sobrepõem velhas e novas condições, ideologias sociais e sentimentos irreligiosos, apelos à verdade, mas também rios de mentiras a ponto de formar uma mistura que envenena o homem.
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