Schevchuk: guerra deixa feridas na alma e na consciência de um país

Queridos irmãos e irmãs em Cristo!

Na Ucrânia, está chegando ao fim a 73ª semana de agressão militar, invasão e guerra em vasta escala que a Rússia trouxe à nossa terra pacífica terra. Nossas cidades e vilarejos estão sofrendo novamente, mesmo aquelas distantes da linha de frente. Em particular, esta semana a alma ucraniana tremeu diante das atrocidades e horrores do bombardeio russo nas regiões de Sumy e Kharkiv, e nos últimos dias o epicentro de tais ataques se deslocou para a cidade de Lviv. De dez mísseis, três atingiram ali o seu alvo. Casas foram destruídas no centro da cidade. À medida que os escombros são removidos, o número de vítimas aumenta. Há agora cerca de dez mortos.

Mas este é o momento para um esforço particularmente espiritual para a Ucrânia. Estamos no quinhésimo dia da grande tragédia e para muitas paróquias da nossa Igreja na Ucrânia são quinhentos dias de oração contínua. Há quinhentos dias nossas igrejas e centros pastorais não fecham suas portas dia ou noite, e com uma corrente de orações dia e noite as pessoas permanecem em vigília orante diante da face de Deus, rezando por seu país, dia e noite com oração incessante que sustentam nossas meninas e meninos no frent. Hoje, gostaria de agradecer sinceramente a todos aqueles cavaleiros da oração constante que com suas asas espirituais apoiam o sofredor povo ucraniano. Hoje, no meio da nossa dor, queremos dizer: a Ucrânia resiste! A Ucrânia combate! A Ucrânia reza!

Nestes dias recordamos outro triste aniversário - o aniversário da tragédia que aconteceu há 80 anos em Volynia. As circunstâncias do confronto brutal entre poloneses e ucranianos neste canto da terra ucraniana ferem ainda hoje as famílias polonesas atingidas, assim como os ucranianos. Vivemos um momento especial de oração comum pela unidade e reconciliação em Varsóvia, assim como em Lutsk, em nossa Volyn ucraniana.

Juntos, pedimos ao Senhor Deus para curar nossas feridas do passado: feridas que que causam dor tanto a ucranianos como a poloneses. Hoje vemos como uma guerra deixa feridas profundas na alma, na consciência de nações inteiras, por décadas, ou mesmo por séculos. Vemos que a reconciliação não significa assinar uma declaração, um acordo, porque não é uma reconciliação de pensamentos ou ideias. Estamos falando da reconciliação dos corações, da cura das feridas.

Peçamos ao Senhor Deus que o perdão, o perdão recíproco - dado e recebido - cure as feridas do passado nas relações entre a Ucrânia e a Polônia. E as novas feridas, que esta guerra cruel nos trouxe hoje, serão curadas por todos nós, juntos, com o poder da graça do Espírito Santo, provavelmente por muito tempo após o fim desta guerra.

Deus abençoe a Ucrânia! Deus abençoe nossas meninas e meninos no front! Deus, enxuga as lágrimas das mães, filhos, mulheres que choram! Deus, envie seu Espírito Santo como um bálsamo curador para as feridas da Ucrânia! Deus, abençoe nossa martirizada nação com Sua paz celestial.