Divina Liturgia abre Sínodo dos Bispos da Igreja Greco-Católica Ucraniana em Roma
Vatican News
45 dos 55 bispos da Ucrânia, da Europa Central e Ocidental, da América do Norte e do Sul e da Austrália participam em Roma no Sínodo da Igreja Greco-Católica, aberto no domingo, 3, com uma Divina Liturgia presidida pelo arcebispo-mor de Kiev Sviatoslav Schevchuk na Igreja Santa Sofia. Sua Beatitude Sviatoslav definiu o Sínodo deste ano, o segundo durante a guerra na Ucrânia, como “Sínodo da esperança”.
Momento de manifestação do Espírito Santo
O primeiro sinal de esperança é que as atividades sinodais representem um momento de manifestação do Espírito Santo: "Sempre que a Igreja ou o povo passaram por momentos difíceis na sua história (comparáveis ao que hoje definiríamos como momentos de crise), a Igreja convocou Sínodos e até Concílios. O atual encontro dos Apóstolos, dos nossos Bispos, representa um momento especial em que o Espírito Santo desce sobre a Igreja e sobre o povo... Reunidos neste Sínodo, nós, bispos, rezamos diante de Deus e pedimos ao Senhor: Deus, revela-nos a Tua vontade e concede-nos a coragem, a força necessária para cumpri-la incondicionalmente com confiança em Ti”.
O arcebispo greco-católico expressou com tristeza o fato de que muitas pessoas no mundo de hoje poderiam viver uma vida mais feliz e pacífica se a Ucrânia, o seu povo, o seu Estado e a nossa Igreja não existissem. Ele lembrou um ditado argentino: “Eu sou uma pedra no sapato” e observou que a Igreja Greco-Católica Ucraniana é de fato, hoje, uma “pedra no sapato para aqueles que gostariam de se concentrar em seus assuntos mundanos, negligenciando o chamado de Deus para o Reino Celestial tal como é."
“Participamos na celebração do Reino de Deus, e hoje a Ucrânia, a nossa Igreja e todos aqueles que defendem a verdade, o direito à vida e à existência, só podem colocar a sua esperança em Deus”, disse o chefe da Igreja Greco-Católica Ucraniana. “Nesta Igreja de Hagia Sophia, hoje nos voltamos para Deus com esta oração: "Deus, conceda-nos a Tua sabedoria divina!… Que nosso ilustre Patriarca Josyf Slipyj, o fundador deste santuário, esteja conosco e conceda hoje à sua Igreja a força do Teu Espírito e Tua palavra, para que não tenhamos medo de sermos um povo não só chamado, mas também escolhido. Um povo que Deus escolheu para uma missão especial no mundo moderno”.
À Urbe e à Orbe
O segundo sinal de esperança do Sínodo deste ano é que, reunidos em Roma, os bispos da Igreja Greco-Católica Ucraniana têm a oportunidade de se colocar num pedestal especial para fazer ouvir a sua voz de forma poderosa "Urbi et Orbi" dirigida à cidade de Roma, ao Santo Padre e ao mundo inteiro.
“No contexto atual, onde velhos impérios estão despertando e o agressor russo está travando uma guerra neocolonial na Ucrânia, é crucial que o mundo ouça a verdadeira história da Ucrânia, bem como a da Rússia e da Europa Oriental, e não a versão escrita pelos imperialistas colonizadores, mas a história contada e escrita com o sangue de povos privados da sua liberdade que, hoje, lutam pelo direito à existência, à liberdade, ao seu Estado ucraniano intacto e independente", - sublinhou Sua Beatitude Sviatoslav.
Receber do Papa um gesto de esperança
O terceiro sinal significativo de esperança é representado pela oportunidade que os bispos ucranianos têm de encontrar pessoalmente o Santo Padre e receber dele um gesto de esperança. "Sabemos que o Santo Padre é um grande mestre da escuta e dos gestos. Ele deseja ouvir o Sínodo dos bispos ucranianos. Convidou-nos expressamente para um encontro uma hora antes para dar a possibilidade não só ao Chefe da nossa Igreja, mas também a cada bispo da nossa Igreja para falar em nome do seu rebanho. E, como mestre da escuta, está pronto a ouvir-nos. E como mestre dos gestos, que às vezes podem ser mais eloquentes do que palavras escritas ou lidas, creio que nos dará um gesto de esperança", - disse o arcebispo-mor de Kiev.
Guerra ateia, um assassinato de Deus
Durante a sua saudação aos Padres Sinodais, o designado cardeal Claudio Gugerotti, prefeito do Dicastério para as Igrejas Orientais, estendeu as saudações do Papa Francisco aos bispos ucranianos reunidos em Roma, sublinhando firmemente que o carinho e o interesse do Papa pela Ucrânia permanecem constantes e inalterados ao longo do tempo.
“Olhando para cada um de vocês, vejo em seus olhos as imagens daqueles que morreram, que foram mortos, que sofreram e continuam a sofrer tanto espiritual como fisicamente”, disse o arcebispo, classificando a guerra na Ucrânia como “ateia” e “um assassinato de Deus”, porque “onde se mata a vida de um inocente, mata-se também a presença de Deus”.
Incansáveis trabalhadores das obras de misericórdia
O prefeito do Dicastério para as Igrejas Católicas Orientais assegurou que a Igreja de Roma e o Papa estão extremamente agradecidos à Igreja Greco-Católica Ucraniana por toda a ajuda e sacrifício que tem demonstrado pelo povo ucraniano: “Vocês são incansáveis trabalhadores de obras de misericórdia. A sua tarefa é enxugar as lágrimas e consolar os que sofrem. Esta é a tarefa do povo de Deus e de quem segue a Deus e O imita”.
Na noite de 3 de setembro, os bispos reuniram-se para rezar ao Espírito Santo e prestaram o juramento sinodal. O Sínodo dos Bispos da Igreja Greco-Católica Ucraniana deste ano decorrerá até 13 de setembro de 2023.
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