Pessoas entre os escombros do prédio ao lado da igreja greco-ortodoxa de Santo Porfírio, após o ataque aéreo noturno em Gaza, 20 de outubro de 2023. Pessoas entre os escombros do prédio ao lado da igreja greco-ortodoxa de Santo Porfírio, após o ataque aéreo noturno em Gaza, 20 de outubro de 2023.  (ANSA)

Ataque aéreo atinge complexo da igreja greco-ortodoxa em Gaza

Segundo a AIS, pelo menos 16 cristãos, incluindo 10 da mesma família, morreram durante um ataque em Gaza na noite de quinta-feira, 19 de outubro, que provocou o desabamento total de um prédio localizado no complexo da Igreja greco-ortodoxa de São Porfírio, na Gaza Antiga. A Caritas fala em 17 mortos. O Patriarcado Ortodoxo de Jerusalém condenou “com a maior firmeza o ataque aéreo israelense que atingiu o complexo da sua igreja na Cidade de Gaza”.

Vatican News

Nas palavras do Patriarcado Ortodoxo de Jerusalém, alvejar as igrejas e suas instituições, bem como os abrigos que estas fornecem “para proteger cidadãos inocentes, especialmente crianças e mulheres que perderam as suas casas como resultado dos ataques aéreos israelitas em áreas residenciais nos últimos treze dias”, constitui “um crime de guerra”.

O Patriarcado assegura que continua determinado a cumprir o seu dever religioso e moral, “fornecendo assistência, apoio e refúgio aos necessitados”, isto apesar dos reiterados pedidos israelenses para evacuar os civis destas instituições.

O Patriarcado sublinha ainda “que não abandonará o seu dever religioso e humanitário, enraizado nos seus valores cristãos, de fornecer tudo o que for necessário em tempos de guerra, bem como em tempos de paz”. Segundo a Ajuda à Igreja que Sofre, a Igreja de São Porfírio propriamente dita não foi atingida, apenas um prédio localizado em seu terreno.

16 cristãos mortos, 15 sob os escombros, segundo a AIS

 

Além dos 16 cristãos que morreram no ataque, 15 outros estão presos sob os escombros, informou a Ajuda à Igreja que Sofre em um comunicado de imprensa divulgado na sexta-feira, 20 de outubro. Segundo a organização católica, mais de 400 pessoas, principalmente cristãos, encontraram refúgio nas dependências da igreja desde o início do conflito armado. Entre as vítimas estão vários jovens cristãos que participavam no “Projeto de Criação de Emprego” para jovens cristãos, gerido pelo Patriarcado Latino de Jerusalém.

O complexo ortodoxo está localizado a poucas centenas de metros da Igreja Católica da Sagrada Família, onde estão abrigados outros 500 cristãos. Muitas famílias do complexo greco-ortodoxo tiveram que se mudar para a Sagrada Família, que já está lotada. Segundo fontes da AIS, o complexo católico da Sagrada Família também foi atingido na noite de quinta-feira “por bombas sonoras”.

A população cristã da Faixa de Gaza tem sido repetidamente solicitada a evacuar e deslocar-se para sul. No entanto, os cristãos não quiseram partir devido à falta de segurança e de garantias de que as pessoas que se deslocavam do norte para o sul da Faixa de Gaza não seriam alvo de ataques.

Em declarações à AIS, a Irmã Nabila afirmou que “não iremos embora. As pessoas não têm nada, nem mesmo as coisas mais básicas. Para onde devemos ir? Morrer na rua? Temos idosos, também estão aqui as Missionárias da Caridade, com pessoas com deficiência múltipla e idosos. Para onde devemos ir?"

Em um comunicado o exército israelense afirma que "no início da noite de 20 de outubro, os caças da IDF atacaram o centro de comando e controle pertencente a um terrorista do Hamas, envolvido no lançamento de foguetes e morteiros contra Israel. O centro de comando e controle era usado para realizar ataques contra Israel e continha infraestrutura pertencente à organização terrorista Hamas. Como resultado do ataque das IDF, uma parede de uma igreja na área do centro foi danificada. Estamos cientes dos relatos de vítimas. O incidente está sendo analisado". A IDF pode afirmar inequivocamente que a igreja não era o alvo do ataque". 

Morte de funcionária da Caritas e familiares

 

Em declaração conjunta, Caritas Internationalis Caritas Mona externalizam o choque com a notícia da morte da colega Viola, de 26 anos, juntamente com o marido e a filha recém-nascida no ataque aéreo. "Que eles possam descansar em paz!" Entre as centenas de refugiados no complexo da igreja, estavam 5 funcionários da Caritas, juntamente com suas famílias. 

"Desde 7 de Outubro, Israel impôs um cerco total a mais de 2 milhões de cidadãos de Gaza. A água, os alimentos e a electricidade foram cortados, os medicamentos são escassos e os bombardeamentos arbitrários intensificaram-se. Gaza está sob bloqueio há 16 anos. Metade da população é composta por crianças e quase 2/3 são refugiados", denunciam a a Caritas Internationalis e a Caritas Mona, condenando veementemente "o bombardeamento arbitrário e deliberado de civis e de infra-estruturas civis. Reiteramos o nosso apelo a todas as partes para que cessem fogo, protejam os civis, garantam o acesso humanitário imediato, seguro e sem entraves e respeitem o direito internacional."

O exército israelense reconhece um ataque na área, segundo a AFP

 

Segundo a Agência France Presse, o exército israelense admitiu nesta sexta-feira ter realizado um ataque aéreo na área no dia anterior, visando tingir o centro de comando e controle do Hamas, envolvido no lançamento de foguetes e morteiros contra Israel.

“Após o ataque das IDF (Forças de Defesa de Israel), o muro de uma igreja na área ficou danificado. Estamos cientes de que há informações sobre vítimas e o incidente está sendo verificado”, disse um porta-voz do exército israelense entrevistado pela AFP.

Santo Porfírio

 

Os cristãos na Faixa de Gaza são predominantemente greco-ortodoxos, com a comunidade católica totalizando 150 famílias. A Igrejagreco-ortodoxa de São Porfírio de Gaza é a igreja mais antiga ainda em atividade na cidade, tendo sido consagrada em 1150. Abriga o túmulo de Porfírio de Gaza (347-420), eremita e bispo de Gaza no século V.

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20 outubro 2023, 10:17