O Patriarca Pizzaballa entra em Gaza e conta a sua visita
Lurdinha Nunes e Simone Tropea - Jerusalém
S.B. CARD. PIERBATTISTA PIZZABALLA - Patriarca Latino de Jerusalém
O primeiro impacto, foi entender onde eu estava. Era muito difícil reconhecer lugares onde eu já tinha um mínimo de familiaridade. Eles se tornaram irreconhecíveis. Lembro-me de ter visto algo semelhante em 2015-14 em Aleppo. Aqueles que estavam comigo também ficaram muito impressionados. Seguimos o restante do caminho em silêncio. Está tudo destruído, é muito difícil encontrar uma única casa intacta. Mesmo aqueles que vivem em casa, aqui e ali, certamente têm um teto sobre suas cabeças, mas ainda vivem em condições decididamente precárias. Tudo isso, porém, é muito triste e enervante.
S.B. CARD. PIERBATTISTA PIZZABALLA - Patriarca Latino de Jerusalém
Fiquei lá quase quatro dias. Eu queria estar com eles e consegui. Conheci todas as famílias, o que foi fácil porque ficam todos no mesmo lugar. Naturalmente visitei também a paróquia ortodoxa. O bispo e o pároco acolheram-me muito bem, foi bom estarmos juntos. Unidos. Tentei ouvir todos eles, um por um. Até mesmo para me fazer presente a cada um deles. Trocas de tiros e explosões são constantemente ouvidas. Às vezes perto, às vezes mais longe. Mas continuamente. A luta continua. E esta situação está criando traumas enormes nas pessoas, com os quais estamos em contato .O pároco da Sagrada Família e provincial dos missionários do Verbo Encarnado, juntamente com três irmãs, permanecerão para ajudar a comunidade de Gaza.
O Patriarca narra nos detalhes a vida da comunidade cristã de Gaza reunida na escola católica que acolhe também famílias muçulmanas com crianças e pessoas com limitações físicas. O aspecto mais significativo da sua visita, mesmo no meio de todo o horror que relata como pastor, é a fé que sustenta os cristãos: o fato de os cristãos não odiarem, mesmo no meio de mil provações físicas , psícológicas e espirituais que tal situação acarreta para qualquer pessoa.
S.B. CARD. PIERBATTISTA PIZZABALLA - Patriarca Latino de Jerusalém
Alguém me mostrou que os rostos estão amarelados, não é que todos estejam necessariamente doentes. No entanto, os alimentos muitas vezes têm uma vida útil longa, portanto faltam vitaminas e vegetais. Não há caminhões refrigerados, portanto não há vegetais frescos. É claro que isso também tem impato na população. Mas nem uma palavra de ressentimento e de rancor. Também isso é um sinal de que a Comunidade está conseguindo viver da melhor maneira possivel este período.
Posso dizer que fiquei impressionado, em primeiro lugar, com o desejo de todos de que a guerra acabe. E devo dizer que isto me impressionou, ouvindo os jovens, até mesmo os mais velhos, mas não de uma forma coordenada. Na verdade, falando espontaneamente. Com eles? E ouvi deles Nós, cristãos, não temos a violência no sangue, não conseguimos compreender mas não vivemos no ódio. Isso me agradou muito.
O que mais eu posso dizer? Quero enviar uma mensagem clara aos que podem tomar decisão. Chega de guerra, devem ser abertas as vias para ajuda, a fim de evitar uma crise humanitária iminente. Espero que esse pesadelo acabe rapidamente.
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