2024.11.22 PS104 Suore in Ruanda #SistersProject

A missão de Irmã Pia gera luz às crianças cegas de Ruanda

"Gratidão, curiosidade, abertura e alegria que vem das pequenas coisas". Assim a Irmã Pia Gumińska descreve o amor divino que se revela nos pequenos que cuida no Centro Escolar e Educativo para Crianças Cegas de Ruanda.

Tomasz Zielenkiewicz

Com uma população de 14 milhões de habitantes, Ruanda é recordado por causa do aconteceu no início da década de 80. Naquele período, a Abençoada Virgem Maria apareceu às jovens de Kibeho. A Igreja Católica reconheceu oficialmente todas as aparições e peregrinos têm vindo de todo o mundo. Nas proximidades, encontra-se uma escola e um centro educativo para os cegos administrados pelas Irmãs Franciscanas Polonesas Servas da Cruz.

A fundação foi em 2008. Em 2009, foi inaugurada uma escola básica - a primeira para cegos em todo Ruanda. Há também duas escolas secundárias, uma delas especializada com diferentes módulos educativos. Atualmente, o centro é frequentado por 185 crianças. A equipe que trabalha no espaço é formada por duas religiosas da Polônia, uma do Quênia, três de Ruanda, além de vários funcionários leigos.

As crianças com problemas de visão no parquinho
As crianças com problemas de visão no parquinho

A Irmã Pia Gumińska explica que contemplava a ideia de servir como missionária há anos. «Disse a Jesus que, se houvesse a necessidade, eu iria. Houve uma oferta das superiores, por isso quis conhecer esta jovem Igreja e vim para cá, com total abertura», salienta. As religiosas em Kibeho querem incutir nas crianças a ideia de Madre Rosa Czacka, fundadora da Congregação das Irmãs Franciscanas Servas da Cruz, agora Beata: «queremos mostrar-lhes que conseguem ser independentes e que podem demonstrar aos outros que a deficiência não impede o desenvolvimento e o sucesso. Queremos dar-lhes esperança através da nossa atividade».

No entanto, muitas das crianças das quais as religioas cuidam foram abandonadas pelas famílias. É por isso que muitas vezes chegam ao centro mais velhas, com 12 ou 13 anos. Os alunos da escola não são preguiçosos. Levantam-se cedo, começam o estudo individual às 6 da manhã, vão para a escola às 8 e ficam lá até às 17h. Depois da escola, têm atividades desportivas e, em seguida, novamente o tempo de estudo individual. O grupo inclui alguns alunos que se distinguem. Um deles é Jean de Dieu Niyonzima, que ficou em quinto lugar no país nos exames nacionais do final do ensino básico. Ele disse à imprensa local que gostaria de estudar jornalismo e línguas.

As religiosas estão muito orgulhosas de cada resultado dos seus protegidos. «As crianças são extremamente criativas. Conseguem compor uma canção para o Dia dos Professores, por exemplo. Cantam a várias vozes e em diferentes tonalidades, e também temos um coro da escola. Atuam em todas as celebrações do colégio e dirigem os cânticos na Missa de Domingo», diz a Irmã Pia. Dois professores dão aulas de dança, frequentadas por crianças mais novas e mais velhas com deficiência visual.

A escola é o lar de um grupo de crianças albinas também. Elas sentem-se seguras aqui, apesar do seu destino poder ser trágico na África. «Um dia, uma mulher trouxe duas crianças albinas para a escola, dizendo que só a terceira, deixada em casa, era ruandesa», conta a religiosa. «É por isso que é necessário dedicar-lhes um amor especial», sublinha.

Conhecendo a Beata Rosa Czazka, padroeira dos cegos
Conhecendo a Beata Rosa Czazka, padroeira dos cegos

As religiosas insistem que a Providência está olhando por elas. «Deus, cuida muito bem de nós, enviando-nos financiadores; a maior parte das nossas atividades é possível graças a donativos, principalmente da Polônia e de organizações de outros países», acrescenta a Irmã Pia:

“Por vezes, basta pensarmos numa nova ideia e, de repente, há pessoas que nos ajudam a materializá-la.”

A Madre Rosa Czacka é uma patrona especial nas tarefas quotidianas das religiosas. «Ela aceitou a cegueira como vontade de Deus, por isso damos o nosso melhor para oferecer fé às crianças. Isto é fácil, na medida em que a sociedade ruandesa é uma sociedade de crentes em Deus. A gratidão e a alegria são visíveis nos rostos das crianças». «Até as mais pequenas prendas que recebem as levam às lágrimas. Quando há uma festa de aniversário, a alegria é imensa e ficam gratas por alguém se lembrar de uma ocasião como esta», diz a Irmã Pia.

Palavras como alegria, gratidão e vontade de aprender são frequentemente ouvidas aqui em Kibeho. As crianças recuperam a convicção de que podem alcançar algo na vida. Ficam orgulhosas quando conseguem mostrar em casa que sabem ler. Criam chapéus e cachecóis durante os laboratórios de tricô, e tudo isto constitui uma excelente motivação para as religiosas. «O fato de estarmos aqui é obra de Deus, sentimo-lo. Somos poucas, e o centro é grande, por isso esperamos por novas vocações», frisa a Ir. Pia. «Aqui, as pessoas desfrutam do que têm e têm pouco», sublinha ela. Embora este seja apenas o primeiro ano do seu serviço no centro, a religiosa já adquiriu a marca distintiva do sorriso dos seus assistidos.

A chegada do embaixador da Polônia ao Ruanda será um apoio significativo para as religiosas. Estão sendo feitos preparativos para abrir a embaixada. Em fevereiro de 2024, o centro recebeu o presidente da Polônia, Andrzej Duda, e a esposa, Agata Kornhauser-Duda.

Crianças com problemas de visão durante aula na instituição
Crianças com problemas de visão durante aula na instituição

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26 novembro 2024, 08:00