Depois do Natal tem início a restauração da Gruta de Belém
de Belém, Roberto Cetera
Este será o último Natal celebrado na Gruta de Belém, onde a tradição situa o nascimento de Jesus, como a conhecemos há centenas de anos. Imediatamente após o fim das festividades natalinas (o último “Natal” é o dos armênios, que ocorre em 18 de janeiro), um importante trabalho de restauração será iniciado na gruta, cobrindo todo o espaço que envolve o local do nascimento e a manjedoura que fica em frente a ele. Esse trabalho concluirá um projeto maior, chamado “Bethlem Reborn” (Belém Renascida), que começou em 2013 e levou, em quase dez anos, à reforma de toda a Basílica.
Trabalho que também teve um importante significado arqueológico, devido à descoberta de importantes achados da Basílica cristã primitiva e reconstruções subsequentes, incluindo as bizantinas e as cruzadas. Nesse sentido, se recorda a descoberta de uma pia batismal da Basílica helênica e o conhecido mosaico do anjo desaparecido na abóbada, uma redescoberta que teve repercussão mundial. Uma prévia de todo o projeto de renovação do local pode ser vista na exposição, com curadoria do arquiteto Taisir Hasbun, que esteve em exibição na Sala Paulo VI, no Vaticano, nos últimos dias. A Gruta da Natividade tinha ficado fora da conclusão de todo o projeto.
Agora, com base nos acordos assinados entre as igrejas latina, ortodoxa e armênia, a “Bethlem Development Foundation” e o Ministério do Patrimônio Cultural do estado palestino, o trabalho pode finalmente começar, no máximo no início de fevereiro. Como no caso da Basílica superior, o trabalho foi confiado à empresa italiana Piacenti, líder mundial na restauração de igrejas e locais religiosos, que também empregará trabalhadores locais, além de centenas de técnicos, restauradores e arqueólogos da Itália.
“Embora o espaço seja bastante limitado, com apenas 35 metros quadrados, o trabalho será bastante exigente. Em primeiro lugar, o trabalho será feito no teto, que está em grande parte enegrecido, tanto pela fumaça das lâmpadas a óleo que queimam ali, há séculos, quanto pelo incêndio que ocorreu em maio de 2014. O resultado provavelmente será a restauração de um cinza mais claro, que dará mais luz a toda a gruta. Também no teto, teremos que trabalhar na verificação da estabilidade da rocha, que em alguns lugares apresenta rachaduras provavelmente criadas por terremotos nos séculos passados. O piso de mármore também será desmontado, limpo e reparado onde estiver marcado pelo desgaste, nos contornos, e depois remontado”.
O mesmo se aplica às duas escadas de entrada e saída da gruta. Todas as decorações e tecidos serão substituídos por novos materiais à prova de fogo. “A prioridade, continua Piacenti, será restaurar o local não apenas em sua beleza antiga, mas também para garantir que os milhões de peregrinos que o acessam todos os anos possam visitá-lo com segurança. Por exemplo, o projeto prevê que a pequena porta de acesso franciscana na parte inferior do local possa ser equipada como uma saída de emergência adicional. A restauração propriamente dita será feita nos dois altares da manjedoura e da natividade e no esplêndido mosaico acima deles.
Como já ocorreu com a Basílica, também serão realizadas escavações arqueológicas: “o principal objetivo será entender qual era a entrada original da gruta, que provavelmente deve ter sido larga o suficiente para permitir a entrada de animais. Acreditamos que ela deveria estar do lado esquerdo da porta franciscana, mas teremos que escavar seguindo a rocha para confirmar isso”.
Serão feitos todos os esforços para manter o acesso dos peregrinos à gruta durante o período de trabalho, isolando espaços de trabalho individuais e planejando turnos noturnos intensos, mas também limitando o acesso dos visitantes a um intervalo de duas ou três horas pela manhã.
A projeção da obra concluída promete uma visão de maravilha, que entrará nos corações das pessoas de todo o mundo que vêm aqui para buscar as origens da salvação.
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