Pontifício Colégio Pio Brasileiro, em Roma Pontifício Colégio Pio Brasileiro, em Roma

Os desafios da missão: um novo capítulo na história do Pio Brasileiro

“Por aqui passou a história da Igreja do Brasil”, recordou o Padre Valdir Cândido de Morais, que compartilhou a trajetória desde o convite por parte da CNBB até a posse oficial como reitor do Pontifício Colégio Pio Brasileiro, em Roma.

Fagner Lima – Vatican News

O Padre Valdir Cândido de Morais concedeu uma entrevista à Rádio Vaticano - Vatican News, compartilhando sua missão assumida neste ano como reitor do Pontifício Colégio Pio Brasileiro, em Roma. Pertencente ao clero arquidiocesano de Natal (RN), o sacerdote confidenciou que acreditava que sua missão com o Pio Brasileiro estivesse encerrada, após concluir seus estudos no colégio entre 2011 e 2012.

"Nunca passou pela minha cabeça", destacou Morais, que, até sua nomeação pelo Dicastério para o Clero como reitor, era pároco da Catedral de Natal (RN), dedicada a Nossa Senhora da Apresentação. "Porque o meu projeto em si era terminar a minha missão na Catedral e talvez ir fazer uma outra missão em outra paróquia", sublinhou o sacerdote, que diz ter recebido o convite com grande surpresa. Após um longo processo de discernimento e diálogo, especialmente com o seu arcebispo Dom João Santos Cardoso, aceitou sua nova missão.

“Eu me coloquei nas mãos de Deus. Como fui ordenado para a missão procurei entender que se Deus estava me chamando sem nenhum pensamento ou pretensão da minha parte, só poderia ser de fato Ele que teria se colocado ali.”

Padre Valdir Cândido, reitor do Colégio Pio Brasileiro
Padre Valdir Cândido, reitor do Colégio Pio Brasileiro

90 anos de história

O Pontifício Colégio Pio Brasileiro é responsável por receber a comunidade de clérigos brasileiros que vêm à capital italiana para fins de estudo. Atualmente, residem no colégio 105 sacerdotes de diferentes partes do Brasil, incluindo três presbíteros da Arquidiocese de Cabo Verde, território português.

Cerca de 75 dioceses brasileiras possuem padres estudantes em universidades de Roma e hospedados na instituição. Esses sacerdotes são definidos pelo reitor como o futuro do clero brasileiro: “Os padres que aqui passam, também são vistos e a diocese espera deles como futuro do clero do Brasil, na vida da formação dos novos padres e na parte intelectual da Igreja”.

Inaugurado em 3 de abril de 1934 sob a direção dos jesuítas, sua história teve início cinco anos antes, no Natal de 1927. Nessa data, o episcopado brasileiro enviou ao clero e aos fiéis do Brasil uma Carta Pastoral Coletiva, apresentando as razões e justificativas para a construção de um colégio próprio em Roma. Até a inauguração, os sacerdotes brasileiros residiam no Pontifício Colégio Pio Latino. Para viabilizar o projeto, foi lançada uma Campanha Nacional, responsável por arrecadar fundos para sua concretização que permitiu iniciar as obras em 1929.

Um “pedaço do Brasil”

Em seus 90 anos de história, o Colégio Pio Brasileiro recebeu a visita papal por duas ocasiões: Papa Paulo VI, em 1964, e Papa João Paulo II, em 1982, o qual em seu discurso de agradecimento, relembrou a acolhida única recebida no Brasil, que havia visitado recentemente em 1980, e destacou a importância da instituição, afirmando: "É um pedacinho do Brasil em Roma”.

“Por aqui passou a história da Igreja do Brasil”

Padre Valdir relembrou a trajetória do Colégio Pio Brasileiro, que, desde 2014, está sob responsabilidade de uma equipe de presbíteros diocesanos escolhidos pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Ao longo dessa história, muitos sacerdotes, hoje bispos e cardeais, fizeram parte da comunidade acadêmica como ex-alunos. Dentre eles, destacam-se os cardeais Dom Odilo Pedro Scherer, Dom João Braz de Aviz, Dom Raymundo Damasceno de Assis e Dom Sérgio da Rocha, os quais ainda mantêm estreitos laços com a instituição, hospedando-se ali sempre que visitam Roma em compromissos oficiais.

Uma nova missão desafiadora

O reitor sublinhou os desafios da missão recebida pela CNBB, “é uma função que dá muita honra por estar representando a Igreja no Brasil junto a Santa Sé, mas ao mesmo tempo muita reponsabilidade”. Ele partilhou algumas atribuições da função, que, além da representação oficial junto ao Vaticano e da comunicação direta com o episcopado brasileiro, consistem em estar inserido e zelar por três aspectos principais da vida comunitária no colégio: social, acadêmica e espiritual.

Morais concluiu, afirmando que, após quatro meses desde sua posse oficial em Roma, compreendeu melhor sua missão pelos próximos três anos, conforme o mandato assumido, reforçando seu compromisso com a Igreja e o Evangelho: “Sempre me colocando nas mãos de Deus e reconhecendo a confiança que a Igreja no Brasil depositou sobre a minha missão, sobre a minha pessoa e buscando à luz do Evangelho verificar o que o Senhor quer de mim, como posso contribuir um pouco mais.”

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10 dezembro 2024, 10:54