Envolvimento dos jovens na Amazônia seria exemplo para o mundo
Cristiane Murray - Cidade do Vaticano
A Diocese de Macapá é a única diocese católica de todo o Amapá, mas já em 1752 havia lá uma circunscrição religiosa: a Paróquia de São José de Macapá. Hoje vivem neste estado, de área equivalente à metade da Itália, pouco menos de 700 mil pessoas, menos de cinco por km2.
73% da área estadual é coberta pela Floresta Amazônica e cerca de 72% do território do estado são destinados a unidades de conservação, terras indígenas e comunidades quilombolas, descendentes de escravos africanos, que começaram a chegar na área no século XVIII.
O Amapá abriga o Parque Nacional das Montanhas do Tumucumaque, o maior do país e um dos maiores do mundo, com cerca de 3,9 milhões de hectares. Localizado ao noroeste do território estadual, é de extrema relevância por abrigar um elevado número de espécies endêmicas e diferentes grupos tradicionais como indígenas, ribeirinhos e castanheiros.
Quem é o bispo
Existem no Amapá quarenta e nove aldeias distribuídas em cinco terras indígenas demarcadas. O bispo de toda esta diocese é Dom Pedro José Conti, italiano de Brescia mas amazônico desde 1983, quando chegou ao Pará como missionário, e acabou ficando.
Ele foi contatado pela reportagem Voz da Amazônia, e a mídia da Santa Sé abre este espaço para contar a sua realidade e relevar a esperança do bispo: “envolvendo os jovens, a Amazônia pode ser um exemplo para o mundo inteiro”:
A exploração desenfreada
“O Amapá tem uma experiência de mais de 50 anos com a exploração de minérios, especialmente o manganês. A nossa preocupação é que as firmas cheguem aqui, tirem da Amazônia o que lhes interessa e o que sobra para a população é a poluição, a destruição, e muitas vezes, o desemprego. Por isso, são necessários planos mais organizados e sobretudo garantias de que não se repita o costume: vêm, pegam, e não fica nada para o povo daqui. Precisaria pensar melhor e envolver a população, que sabe como conviver com a floresta, por exemplo, os povos indígenas que convivem há séculos com a mata, com o peixe, as plantas, o que a mata produz..."
O ensinamento que os nativos podem oferecer
"Portanto, por que não aprender com os povos locais, da Amazônia, a respeitar a natureza, aproveitar o que ela oferece, tanta abundância, tanta fartura, mas sem destruí-la, mas ao contrário, na preservação ou até na reposição de tantas árvores, plantas nativas, que estão sendo cortadas na exploração das madeireiras...”.
Enfim, o envolvimento dos jovens: o futuro da Amazônia
“O envolvimento dos jovens seria um exemplo para o mundo inteiro. O Papa Francisco sugeriu até ‘o desafio da Amazônia’, quando veio à JMJ (em 2013) porque a população que estuda, que está na universidade, deveria tomar conta de sua região, de sua realidade, e por que não, da riqueza também aqui?... Claro, lembrando que estamos num sistema complexo, que não é fácil organizar, administrar... mas sem dúvida, ouvindo a população, deixando espaço e pensando no futuro, na preservação ambiental, no respeito ao clima, à água, ao ar da Amazônia, pela saúde do mundo inteiro e do planeta todo, é necessário e fundamental que os jovens colaborem com os projetos futuros da Amazônia”.
Conheça o projeto
O Projeto Voz da Amazônia foi realizado pela Equipe de Comunicação da Rede Eclesial Pan-Amazônica, Repam, em colaboração com a Verbo Filmes, produtora católica ligada à Congregação dos Missionários do Verbo Divino, e o Instituto Humanitas UNICAP, dos jesuítas. A equipe é formada pela Irmã Osnilda Lima, assessora de imprensa da REPAM-Brasil, o documentarista da Verbo Filmes, Gaspar Guimarães e Paulo Airton Maia, fotógrafo do Instituto Humanitas da Unicap.
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