Cardeal Sako: o Oriente Médio não acabou
Cidade do Vaticano
A entrevista com o cardeal Louis Raphael Sako, patriarca de Babilônia dos Caldeus e presidente da Assembleia dos Bispos Católicos no Iraque, abre-se com uma esperança, para ele uma certeza: “O Oriente Médio não acabou. E não acabará”. O cardeal participa em Turim, na Itália de uma Conferência Internacional sobre o futuro das minorias em países em guerra e devastados como Síria e Iraque, na ocasião foi feita uma coleta de fundos para ajudar os cristãos iraquianos que fugiram das Planícies de Nínive depois das violências do Isis.
Os cristãos devem permanecer
O cardeal Sako antes de qualquer comentário político e social, dá como premissa uma condição imprescindível para um Oriente Médio pacificado: os cristãos devem ficar. “Mesmo sendo uma minoria, um pequeno rebanho. Eles têm um papel e uma dignidade” argumenta o patriarca. Os cristãos têm uma missão: “Quando Jesus fala de sal, da luz, os descreve: os cristãos são este sal e esta luz. E devemos ter consciência disso”. Então a pergunta seria sobre o papel da Igreja nesse momento. O que pode fazer concretamente? O patriarca garante: “Tanto na Síria, quanto no Iraque deve difundir a ‘teologia’ do retorno, da reconstrução. É preciso aprender da Bíblia. Olhemos os Salmos, a Ezequiel, profeta do retorno. É nossa tarefa como pastores, encorajar as pessoas a voltarem para recomeçar suas vidas”.
As potências internacionais culpadas das tragédias do Oriente Médio
Como as potências internacionais podem ajudar na pacificação do Oriente Médio? O cardeal Sako faz uma pausa e suspira. Depois responde: “Tudo o que acontece no Oriente Médio é culpa da política errada do Ocidente. As nações ocidentais buscam apenas seus próprios interesses. Não pensam em como respeitar estes povos, ou como ajudá-los a viver com dignidade, liberdade e respeito. No Iraque, por exemplo, após 15 anos da queda do regime, onde está a democracia, onde estão os direitos humanos?”. Se há vontade de inverter a tendência deve-se começar a formar as consciências dos cidadãos e dos políticos locais. Esta é a tese do patriarca que pede a real separação entre estado e religião, ou seja o fim da teocracia. “Porque hoje não funciona mais”.
Sinais de esperança
A conversa com o cardeal Sako, como não podia deixar de ser, se conclui com palavras de esperança. “O futuro será melhor, tenho certeza disso. Há sinais visíveis: os nossos irmãos muçulmanos querem a paz, a estabilidade. Não querem mais a guerra. Eles rejeitam esta cultura. Talvez agora não tenham poder para interrompê-la, mas são a força sadia do futuro”.
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